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ATLETISMO
Paul Tergat pede aos torcedores brasileiros que não voltem a jogar baldes de água, como na São Silvestre-97
Atrás do tri, queniano quer correr 'seco'
da Reportagem Local
O queniano Paul Tergat, 29, afirma não guardar ressentimentos
dos banhos de água que recebeu de
torcedores brasileiros nos trechos
finais da corrida de São Silvestre
do ano passado.
De volta a São Paulo para a disputa da 74ª edição da prova, que
acontece amanhã, Tergat tentará
garantir desta vez o tricampeonato, que deixou escapar em 1997,
quando foi o segundo colocado
-atrás do paranaense Émerson
Iser Bem, 25.
Tergat, que não compete desde
setembro e treina desde outubro
para a corrida paulistana, é o dono
do recorde da São Silvestre, estabelecido em 1995, com 43min12s.
No ano seguinte, o atleta, dono
de quatro títulos mundiais em
cross-country (corrida em terreno
acidentado) e do recorde mundial
em meia maratona (59min17s),
também foi campeão.
Tergat é o principal nome internacional na prova de amanhã.
"O Brasil é um de meus lugares
preferidos. O público sempre me
deu força no percurso. Até gritavam "Paul"', contou o fundista.
A concorrência com um atleta
nacional, entretanto, fez com que a
simpatia tenha virado uma certa
hostilidade, segundo Tergat.
"Quando o Iser Bem se aproximou (em 1997), começaram a jogar baldes de água sobre mim. Não
sei se para refrescar ou atrapalhar", afirmou Tergat.
"Eu me assustei um pouco com
uma pessoa que saiu do meio do
público para jogar a água. Tirou
um pouco da minha concentração
quando estava lado a lado com o
brasileiro e perdi um pouco do ritmo", completou o queniano.
Tergat lembra que preferiu não
falar muito sobre o assunto após a
corrida, no ano passado, pois Iser
Bem tinha os méritos da vitória.
E comenta que, dias depois, na
corrida de San Fernando, no Uruguai, a falta de torcida contra fez as
coisas diferentes -Tergat venceu.
"Não quero reclamar do público
de jeito nenhum. O bom de correr
aqui é a participação, o envolvimento das pessoas na rua", disse o
ex-recordista mundial dos 10.000
m, acostumado a correr nos principais e mais organizados campeonatos do mundo.
Segundo Tergat, correr em São
Paulo é tão bom quanto correr em
sua cidade, Nairóbi, no Quênia.
"Fanáticos pelos atletas locais há
em todo lugar. Eu não trocaria o
Brasil por nada. Se tivesse um
apartamento aqui, viria sempre",
afirmou Tergat.
"Em muitos lugares, só pensam
em negócios. No Brasil, as pessoas
sabem curtir a vida", completou.
A corrida de São Silvestre marca
o início da temporada de 1999 do
fundista queniano.
Ele vê a prova brasileira como
uma preparação para seus principais objetivos, que incluem a tentativa do pentacampeonato no
Mundial de Cross Country e a recuperação de seu recorde mundial
nos 10.000 m.
Ele perdeu a marca mundial para
o etíope Haile Gebreselassie, que
fez 26min22s75, em junho de 98.
"O importante não é vencer o
tempo todo, mas estar preparado
para vencer e também para perder", disse. "Recordes existem para serem quebrados."
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