São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 2001

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FUTEBOL

Exame feito em zagueiro vascaíno após decisão no Maracanã aponta uso de cocaína, anuncia comissão da CBF

Júnior Baiano jogou dopado a final da JH

Antônio Gaudério/Folha Imagem
O vascaino Júnior Baiano, pego em teste antidoping que acusou cocaína, comemora o título da Copa JH, contra o São Caetano


RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

A Comissão Nacional de Controle de Dopagem da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) anunciou ontem que detectou a presença de cocaína e de seu metabólito (produto do metabolismo) benzoilecgonina na urina do zagueiro Júnior Baiano, do Vasco.
Deu positivo o exame de amostra de urina colhida após a final da Copa João Havelange, contra o São Caetano, no Maracanã. O Vasco venceu a partida por 3 a 1, e ele participou de todo o jogo.
O anúncio do doping foi feito pelo presidente da comissão, Tanus Jorge Nagem. De acordo com Josias Ribeiro, também membro da comissão, a droga pode ser detectada no organismo "até 10 dias depois de ser ingerida, caso a dose tenha sido grande".
O jogador esteve os dez dias anteriores à partida treinando em São Januário, afinal, foram interrompidas as férias dos atletas, que começara em 30 de dezembro (data do jogo de São Januário).
Já Nagem disse que a droga é de tiro curto. "Sete ou oito dias após ser consumida, não deixa nenhum traço no organismo", afirmou, na ocasião do doping -também por cocaína- do meia Lopes, do Palmeiras, em outubro do ano passado.
O jogador deverá ser suspenso preventivamente por 29 dias, até que o caso seja julgado pela Justiça desportiva. Se Júnior Baiano for condenado, poderá pegar de 120 a 360 dias de suspensão.
Inicialmente, o Vasco não corre risco de ser punido -a não ser que seja comprovada a participação de integrantes dos médicos do clube no suposto doping.
Até as 19h de ontem, a assessoria de imprensa do Vasco afirmou que não comentaria o assunto por ainda não haver sido oficialmente notificada a respeito.
Ontem, os integrantes da comissão realizaram a contraprova, que também deu positivo. "A substância estava na urina do atleta. A prova disso é a presença do metabólito", disse Nagem.
O presidente da comissão, entretanto, não acredita que o jogador do Vasco tenha feito uso da cocaína como doping. "A cocaína é uma droga social. A droga tem pequeno efeito estimulante."
A Fifa (entidade máxima de futebol) e a CBF recomendam a punição dos atletas flagrados no exame antidoping por uso de cocaína. De acordo com Nagem, essa "preocupação educativa" das entidades ocorre "porque os jogadores de futebol são ídolos dos jovens e servem de exemplo".
Júnior Baiano será indiciado no artigo 35 -ter disputado partida comprovadamente dopado- da portaria do MEC número 531/85, de 10 de julho de 1985, que baixa normas sobre o controle de dopagem nos jogos de futebol.
Em 1996, o atacante Dinei também teve exame positivo para cocaína. No ano passado, o meia Lopes, do Palmeiras, também foi suspenso por usar a mesma droga (leia texto nesta página).
Outro caso de doping no ano passado envolveu o lateral do Flamengo Athirson, cujo exame detectou a presença do estimulante femproporex na urina. Ele acabou absolvido pela Justiça desportiva.
Júnior Baiano não foi localizado ontem pela Folha para comentar o caso. A reportagem também não conseguiu contato com dirigentes do Vasco.


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