São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pelo cheiro de brilhantina, é hoje

ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas

Pelo cheiro da brilhantina, não passa de hoje: se o Corinthians levar outra biaba, agora diante do Flamengo, baixa a crise no Parque, ah, se baixa. E dificilmente o técnico iniciante Oswaldo de Oliveira escapará à pressão anunciada desde sua escolha para substituir Luxemburgo.
Tava na cara, gente -até o Corinthians engrenar de novo, levaria tempo. Ainda mais sem poder contar com três dos quatro esteios do campeão nacional: Gamarra, Rincón e Edílson (o quarto foi Vampeta, pois Marcelinho, no Brasileiro, não passou de ilustre coadjuvante).
Um técnico de renome, como Luxemburgo, Felipão e cia., por certo, atravessa com certa tranquilidade uma fase dessas. Mas um novato e logo no Corinthians? Só mesmo se a diretoria estiver muito segura do valor de seu técnico. Mas, pergunto, será que está?
É bem verdade que, embora derrotada, diante do tricolor, no meio de semana, a equipe melhorou sensivelmente em relação ao vexame de domingo passado, quando levou de meia dúzia do Botafogo.
Mas o diabo é que pega pela proa, hoje, um Flamengo sedento de vitória, sobretudo por ter jogado bem tanto contra o tricolor, na derrota, quanto contra o Botafogo, no vertiginoso empate em 4 a 4.
Fico imaginando Romário, ali, na área... Chiii...
É hora de invocar São Jorge.
O São Paulo está todo prosa com suas quatro vitórias no ano, líder de seu grupo e cousa e lousa e maripousa, mas não está com essa bola toda, não.
Está, sem dúvida, mais organizado e confiante do que no sombrio segundo semestre passado. Mas carece ainda de inteligência e ritmo em seu meio-campo para assumir ares de favorito. Ali, no setor nobre de qualquer equipe, sobra dedicação e falta competência.
Ué, mas e o Jorginho? Jorginho foi um dos quatro maiores laterais-direitos da história moderna de nosso futebol. Está lá na galeria dos imortais, entre Carlos Alberto Torres, Djalma Santos e Leandro.
Como segundo volante, numa formação 4-4-2, revezando-se com o lateral, quebra um galho com classe e discernimento. Mas, como meia-armador, nem que a vaca tussa.
E, se o amigo engatilhou o nome de Souza para me contraditar, vou logo informando que o canhoto de muitas prendas está mesmo é fazendo um papel de meia-ponta, pela esquerda, e só frequenta o meio-campo para ir buscar uma bolinha aqui, outra lá. Quem está fazendo a ligação com o ataque é Marcelinho, mais veloz, um tanto habilidoso e muito dedicado, porém é de imaginação limitada.
Assim, segue esse São Paulo vivendo quase que exclusivamente das arrancadas devastadoras de Sérginho. Como sempre.
Já o Botafogo, pelo que se viu nos dois primeiros jogos, tem nesse setor aquele que seria um dos mais perfeitos jogadores de nossa história caso tivesse um pingo de juízo: esse múltiplo Válber, capaz de atuar em sete posições do time com a mesma desenvoltura e classe.
Mas, como diz o povo, Deus dá, Deus tira.
Quem teria de chiar com as contas da CBF bate palmas e pede bis.


Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, às segundas e às quartas-feiras


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.