São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 1999

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FUTEBOL
Crise cambial traz ameaça ao Morumbi

PAULO COBOS
da Reportagem Local

A valorização do dólar em relação à moeda brasileira, que desde o último dia 12 chega a 73%, deve acabar com a principal reforma do estádio do Morumbi.
O material mais importante para a reforma do estádio -os amortecedores que vão sustentar as arquibancadas- é produzido fora do Brasil, e, portanto, estão 73% mais caros do que há um mês.
O São Paulo, dono do estádio, que só instalou seis amortecedores até o momento, todos eles no início do ano passado, precisa de mais 60 para completar a reforma.
No início de 99, o custo com a importação dos amortecedores, que tem valor unitário de US$ 36 mil, chegaria a R$ 2,6 milhões.
Agora, com a forte valorização do dólar, o preço do material passou para R$ 4,5 milhões.
A diferença de quase R$ 2 milhões no negócio vai parar a já demorada reforma do estádio.
"Ainda não oficializamos o pedido na empresa italiana fornecedora dos amortecedores. Mas, com o dólar a esse preço, não faremos negócio. Eles vão precisar baixar o preço. Caso se recusem, vamos procurar outro fornecedor", diz Paulo Amaral, diretor financeiro do São Paulo.
Mesmo admitindo a falta de dinheiro para a compra do material, o São Paulo enviou para o Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis) um ofício garantindo o início da instalação dos amortecedores para março.
Encaminhado ao órgão municipal no dia 20 janeiro, já no meio da crise cambial, o documento, assinado por José Augusto Bastos Neto, presidente do clube, e Luiz Cholfe, diretor de obras, promete a finalização das obras de reforma em fevereiro do próximo ano.
Os amortecedores seriam instalados em cada setor das arquibancadas, começando pelo laranja, que teria suas obras realizadas entre março e julho.
Mesmo que tivesse o dinheiro para a compra do material, o São Paulo não teria tempo hábil para trazer os amortecedores da Europa e executar as obras de instalação em tão curto período.
O atraso nas reformas causa preocupação nas autoridades do município. "Os amortecedores diminuem o desconforto das vibrações das arquibancadas e servem para evitar a deterioração das estruturas, que podem voltar a sofrer fadiga, como no caso da primeira interdição", diz Carlos Alberto Venturelli, diretor Contru.
Ele afirma que o departamento que dirige estará atento para problemas nas estruturas do estádio.
"O Contru vai se basear nos laudos feitos a partir da monitoração periódica que realiza para definir a capacidade do Morumbi", declara.
Os amortecedores necessários para a reforma do Morumbi já causaram polêmica no ano passado.
O presidente Bastos Neto afirmou que o clube não teria condições de arrumar o estádio e, ao mesmo tempo, reforçar o time.
Em 98, porém, o clube vendeu o meia-atacante Denílson por US$ 26 milhões para o Betis, da Espanha, o maior valor já recebido por um clube brasileiro na venda de um jogador na história.



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