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FUTEBOL
Crise cambial traz ameaça ao Morumbi
PAULO COBOS
da Reportagem Local
A valorização do dólar em relação à moeda brasileira, que desde o
último dia 12 chega a 73%, deve
acabar com a principal reforma do
estádio do Morumbi.
O material mais importante para
a reforma do estádio -os amortecedores que vão sustentar as arquibancadas- é produzido fora do
Brasil, e, portanto, estão 73% mais
caros do que há um mês.
O São Paulo, dono do estádio,
que só instalou seis amortecedores
até o momento, todos eles no início do ano passado, precisa de
mais 60 para completar a reforma.
No início de 99, o custo com a importação dos amortecedores, que
tem valor unitário de US$ 36 mil,
chegaria a R$ 2,6 milhões.
Agora, com a forte valorização
do dólar, o preço do material passou para R$ 4,5 milhões.
A diferença de quase R$ 2 milhões no negócio vai parar a já demorada reforma do estádio.
"Ainda não oficializamos o pedido na empresa italiana fornecedora dos amortecedores. Mas, com o
dólar a esse preço, não faremos negócio. Eles vão precisar baixar o
preço. Caso se recusem, vamos
procurar outro fornecedor", diz
Paulo Amaral, diretor financeiro
do São Paulo.
Mesmo admitindo a falta de dinheiro para a compra do material,
o São Paulo enviou para o Contru
(Departamento de Controle do
Uso de Imóveis) um ofício garantindo o início da instalação dos
amortecedores para março.
Encaminhado ao órgão municipal no dia 20 janeiro, já no meio da
crise cambial, o documento, assinado por José Augusto Bastos Neto, presidente do clube, e Luiz
Cholfe, diretor de obras, promete a
finalização das obras de reforma
em fevereiro do próximo ano.
Os amortecedores seriam instalados em cada setor das arquibancadas, começando pelo laranja,
que teria suas obras realizadas entre março e julho.
Mesmo que tivesse o dinheiro
para a compra do material, o São
Paulo não teria tempo hábil para
trazer os amortecedores da Europa
e executar as obras de instalação
em tão curto período.
O atraso nas reformas causa
preocupação nas autoridades do
município. "Os amortecedores diminuem o desconforto das vibrações das arquibancadas e servem
para evitar a deterioração das estruturas, que podem voltar a sofrer
fadiga, como no caso da primeira
interdição", diz Carlos Alberto
Venturelli, diretor Contru.
Ele afirma que o departamento
que dirige estará atento para problemas nas estruturas do estádio.
"O Contru vai se basear nos laudos feitos a partir da monitoração
periódica que realiza para definir a
capacidade do Morumbi", declara.
Os amortecedores necessários
para a reforma do Morumbi já causaram polêmica no ano passado.
O presidente Bastos Neto afirmou que o clube não teria condições de arrumar o estádio e, ao
mesmo tempo, reforçar o time.
Em 98, porém, o clube vendeu o
meia-atacante Denílson por US$
26 milhões para o Betis, da Espanha, o maior valor já recebido por
um clube brasileiro na venda de
um jogador na história.
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