São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 2011 |
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JUCA KFOURI A briga dos cartolas
CARTOLAS DA FIFA são apaixonados pelo futebol. Capazes de sacrifícios sem fim, como o de viver em hotéis seis estrelas, viajar de primeira classe pelo mundo afora, almoçar e jantar em restaurantes que exigem sempre paletó e gravata e sofrer com a pouca convivência com suas sempre amadas mulheres, embora, verdade seja reconhecida, algumas, ao perceber o tamanho do sofrimento, que muito frequentemente termina em rumorosos divórcios, acabem por fazer questão de acompanhar o cônjuge. Joseph Blatter e Ricardo Teixeira acharam uma maneira de conviver em paz quando o presidente da Fifa propôs ao da CBF que ele fizesse a Copa do Mundo no Brasil em 2014, mas não o atrapalhasse com candidaturas prematuras à presidência da entidade em Zurique. Não que o suíço temesse perder para o brasileiro, mas, como se sabe, melhor não correr riscos. E como o Brasil, assim como fez a África do Sul e fariam o Qatar e a Rússia, estava disposto a pagar alto para ter a Copa, juntou-se o útil ao agradável. Assim foi feito, num acordão que envolveu todas as federações nacionais da América do Sul, que nem sequer apresentaram candidaturas para não ameaçar o patropi. Nas negociações, ficou implícito que Blatter apoiaria Teixeira pós-Copa brasileira, na eleição seguinte, em 2015. Coisa que começou a desandar já na Copa da África do Sul, porque Blatter sentiu a rejeição ao nome do ex-genro de João Havelange e se assustou com a arrogância do pai de Joana Teixeira Havelange, a secretária-executiva do COL-2014. É que, diante do fato consumado em relação à próxima Copa no Brasil, Teixeira viu-se livre para outras articulações, como, por exemplo, ao se render aos encantos da calorosa candidatura do Qatar, passar, também, a apoiar o presidente da federação de lá na eleição da Fifa de junho próximo. Claro que Blatter acusou o golpe e que irá jogar tão pesado quanto for possível para cobrar rapidez nas obras para 2014. E ainda se deliciará com o ministro do Esporte, Orlando Lero, quer dizer, Rolando Silva, isto é, Orlando Silva, capaz de dizer que comparar o Brasil com a África do Sul é comparar laranjas com bananas, exatamente no momento em que nosso país não aguenta mais ouvir falar em laranjas, e o racismo no futebol europeu se manifesta com bananas. Que inveja do Macaco Simão... blogdojuca@uol.com.br Texto Anterior: Preteridos não se queixam de ter poucos jogos Próximo Texto: Corinthians: Adriano terá apresentação comum em seu 7º clube Índice | Comunicar Erros |
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