São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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GRUPO C/ ONTEM

Gilson Nunes é reconhecido por dirigente em treino do primeiro rival na Copa

Espião do Brasil cria saia justa com turcos

DOS ENVIADOS A ULSAN

A presença de Gilson Nunes, observador da seleção brasileira, no treino da Turquia provocou ontem um incidente "diplomático" e deu início à guerra de nervos entre as duas seleções, que vão se enfrentar na segunda, em Ulsan.
Nunes, um dos espiões de Luiz Felipe Scolari, foi ao treino dos turcos para assistir, de perto, aos principais jogadores adversários.
De acordo com o dirigente turco Can Cobanoglu, a atitude do espião brasileiro pode resultar numa queixa formal por "atentado ao jogo limpo". Logo após entrar no centro de treinamento da Turquia em Ulsan, Nunes, que tem uma credencial oficial da seleção brasileira, foi identificado e interpelado por Cobanoglu.
Inicialmente, ele tentou enganar os turcos. Nunes chegou a dizer que era um jornalista brasileiro, mas não teve sucesso.
"Sei quem você é, mas somente jornalistas credenciados têm autorização para acompanhar o treinamento", disse Cobanoglu.
"Você quer que eu vá embora?", replicou o espião brasileiro, que conseguiu autorização para assistir ao treino. Para tanto respondeu afirmativamente com um aceno de cabeça que permitiria que o técnico da Turquia assistisse ao treino de hoje do Brasil.
Mais tarde, Cobanoglu criticou a atitude da comissão técnica brasileira. "Eles pensam que somos tolos. A poucos dias do jogo, resolvem vir assistir ao treino."
"Se Scolari quiser, ele também poderá vir assistir a nosso treino. Todos estão com medo de nós, mas eles têm razão", acrescentou Cobanoglu. Anteontem, jornalistas estrangeiros, incluindo alguns turcos, foram expulsos de um treino tático da seleção brasileira por ordem de Scolari.
"Defendemos o jogo limpo. O Brasil crê que os jornalistas turcos sejam espiões, mas envia os seus a nossos treinos. Essa atitude é vergonhosa e merece punição da Fifa", declarou Cobanoglu.
A representante da Fifa no local, Lee Dong-ah, declarou que faria um relatório sobre o incidente.
Mais tarde, Nunes afirmou que queria apenas assistir ao treinamento da seleção turca porque gosta de futebol. "Não sou um espião. Só vim para ver futebol, gosto de ver. Não preciso espionar a Turquia porque recebo fitas dos treinos deles todos os dias."
Logo após chegar ao hotel da delegação brasileira, Nunes tentou minimizar a saia justa. ""Não houve nada demais. Fui muito bem tratado lá", afirmou.
Para tentar amenizar a situação, o administrador de seleções, Américo Faria, disse que jornalistas turcos assistiram ao treino tático. Faria fez questão de fotografar um cinegrafista turco . ""Eles tiveram total liberdade, como se fossem da imprensa brasileira. Não vai ser por isso que não vamos ganhar a Copa", disse Faria.
A Turquia pretende surpreender o Brasil com um esquema de jogo que se baseia na força de três de seus principais jogadores: o atacante Hakan Sukur (do Parma), o meia-atacante Hasan Sas (do Galatasaray) e o meia Yildiray Basturk (do Bayer Leverkusen).


Com agências internacionais



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