São Paulo, segunda, 31 de maio de 1999

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Quando os piores são os melhores

JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas A sorte está lançada: São Paulo x Corinthians, Palmeiras x Santos. Os quatro grandes fazem mais uma semifinal.
A Lusa mais uma vez morreu na praia. Lembra o título daquele filme com Tom Hanks: "Quero Ser Grande". Ontem, teve o resultado na mão várias vezes, mas sucumbiu à competência do Palmeiras, que, mesmo esgotado e desfalcado, é dez vezes mais time.
Se Zagallo tivesse ousado colocar em campo antes o lépido Edu, contra os pesados marcadores palestrinos, talvez a história fosse outra.
De todo modo, o velho Lobo merece respeito, por ter quase chegado lá com um elenco que já era limitado no início do ano e foi minguando mais ainda ao longo do campeonato, por conta de contusões.
Mas foi engraçado ouvir a torcida verde cantar: "A, e, i/ Vai ter que me engolir".

Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos chegam às semifinais em situações diferentes.
O ânimo e as condições físicas do alviverde vão depender de sua performance nos outros torneios que disputa, a Libertadores e a Copa do Brasil. Mas é, em princípio, o mais forte dos quatro finalistas.
O São Paulo, classificado antecipadamente em primeiro do grupo, pode ter dificuldade em retomar o "punch" que o levou à liderança.
O fato de ter perdido ontem para o Rio Branco pode ter o efeito positivo de eliminar o peso que a defesa da invencibilidade implicaria. Mas, por outro lado, a possibilidade (enterrada ontem) de ser campeão invicto poderia vir a ser uma motivação a mais para a equipe na semifinal.
O Santos, que vinha rateando nas últimas rodadas, ganhou um alento considerável com a entrada de Paulo Rink. O "alemão" poderá formar com Viola uma das duplas de ataque mais fortes do futebol brasileiro.
E o Corinthians? Bem, o Corinthians é, por definição, imprevisível. O futebol que jogou contra o Mogi Mirim, no sábado, foi uma das coisas mais feias, sonolentas e sem inspiração que já se viram nos últimos tempos.
Parece até que o time estava querendo ficar mesmo em segundo da chave, para escapar da possibilidade de pegar o Palmeiras na semifinal. Se a Hicks & Muse se baseasse no desempenho do time naquela partida para decidir quem fica e quem sai do clube, hoje estaria todo mundo na rua, com a possível exceção do goleiro Maurício.

Não vi ainda as estatísticas estampadas hoje aqui embaixo da coluna, mas é possível que o "trono" de pior passador continue sendo disputado por Arce, do Palmeiras, e Marcelinho, do Corinthians.
Essa é a prova cabal de que os números são importantes, mas não nos dispensam da tarefa de pensar.
Se Marcelinho e Arce erram mais passes que a média dos jogadores, é justamente porque tentam mais os "passes de risco", aqueles que, quando dão certo, colocam seus companheiros na cara do gol. Suas esplêndidas "assistências" (palavra feia, de sabor vagamente hospitalar) são o fruto da "contribuição milionária de todos os erros".'

E-mail jgcouto@uol.com.br


José Geraldo Couto escreve às segundas e aos sábados




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