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Quando os piores são os melhores
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
A sorte está lançada: São
Paulo x Corinthians, Palmeiras
x Santos. Os quatro grandes fazem mais uma semifinal.
A Lusa mais uma vez morreu
na praia. Lembra o título daquele filme com Tom Hanks:
"Quero Ser Grande". Ontem,
teve o resultado na mão várias
vezes, mas sucumbiu à competência do Palmeiras, que, mesmo esgotado e desfalcado, é dez
vezes mais time.
Se Zagallo tivesse ousado colocar em campo antes o lépido
Edu, contra os pesados marcadores palestrinos, talvez a história fosse outra.
De todo modo, o velho Lobo
merece respeito, por ter quase
chegado lá com um elenco que
já era limitado no início do ano
e foi minguando mais ainda ao
longo do campeonato, por conta de contusões.
Mas foi engraçado ouvir a
torcida verde cantar: "A, e, i/
Vai ter que me engolir".
Palmeiras, Corinthians, São
Paulo e Santos chegam às semifinais em situações diferentes.
O ânimo e as condições físicas
do alviverde vão depender de
sua performance nos outros
torneios que disputa, a Libertadores e a Copa do Brasil. Mas é,
em princípio, o mais forte dos
quatro finalistas.
O São Paulo, classificado antecipadamente em primeiro do
grupo, pode ter dificuldade em
retomar o "punch" que o levou
à liderança.
O fato de ter perdido ontem
para o Rio Branco pode ter o
efeito positivo de eliminar o peso que a defesa da invencibilidade implicaria. Mas, por outro lado, a possibilidade (enterrada ontem) de ser campeão
invicto poderia vir a ser uma
motivação a mais para a equipe na semifinal.
O Santos, que vinha rateando
nas últimas rodadas, ganhou
um alento considerável com a
entrada de Paulo Rink. O "alemão" poderá formar com Viola
uma das duplas de ataque mais
fortes do futebol brasileiro.
E o Corinthians? Bem, o Corinthians é, por definição, imprevisível. O futebol que jogou
contra o Mogi Mirim, no sábado, foi uma das coisas mais
feias, sonolentas e sem inspiração que já se viram nos últimos
tempos.
Parece até que o time estava
querendo ficar mesmo em segundo da chave, para escapar
da possibilidade de pegar o
Palmeiras na semifinal. Se a
Hicks & Muse se baseasse no
desempenho do time naquela
partida para decidir quem fica
e quem sai do clube, hoje estaria todo mundo na rua, com a
possível exceção do goleiro
Maurício.
Não vi ainda as estatísticas
estampadas hoje aqui embaixo
da coluna, mas é possível que o
"trono" de pior passador continue sendo disputado por Arce,
do Palmeiras, e Marcelinho, do
Corinthians.
Essa é a prova cabal de que os
números são importantes, mas
não nos dispensam da tarefa de
pensar.
Se Marcelinho e Arce erram
mais passes que a média dos jogadores, é justamente porque
tentam mais os "passes de risco", aqueles que, quando dão
certo, colocam seus companheiros na cara do gol. Suas esplêndidas "assistências" (palavra feia, de sabor vagamente
hospitalar) são o fruto da "contribuição milionária de todos
os erros".'
E-mail jgcouto@uol.com.br
José Geraldo Couto escreve às segundas e aos sábados
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