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São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2003

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Porta-voz da entidade diz que, em casos como o dela, atleta deve abrir mão de competir sob o risco de suspensão

Iaaf aconselha Maurren a desistir do Pan

ADALBERTO LEISTER FILHO
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se depender da Iaaf, a Associação Internacional das Federações de Atletismo, Maurren Higa Maggi, 27, não participará do Pan de Santo Domingo, que começa amanhã. A atleta tem vaga no salto em distância, que será disputado na próxima terça-feira.
Segundo Nick Davies, porta-voz da entidade, em casos como o da brasileira, "normalmente o atleta não compete enquanto estiver acontecendo a investigação".
Positiva para clostebol, um esteróide anabólico, em exame feito no Troféu Brasil, em São Paulo, no mês passado, Maurren já remeteu à Iaaf suas alegações.
De acordo com o documento, a brasileira sofreu contaminação por um creme cicatrizante, o Novaderm, utilizado após uma sessão de depilação definitiva feita na véspera da coleta da urina. O remédio contém o esteróide clostebol em sua fórmula. O caso foi revelado anteontem pela Folha.
O relatório contou com um parecer do médico Eduardo de Rose, membro da Comissão Médica da Agência Mundial Antidoping.
A Iaaf já está de posse da documentação e irá responder, nos próximos dias, se aceita a alegação da atleta. No caso de a justificativa não ser admitida, Maurren seria suspensa preventivamente, e seu caso se tornaria oficial.
"A maioria dos atletas aceita isso [deixar de disputar provas], mas também pode ser suspensa provisoriamente se se recusar a parar de competir", afirmou Davies, ontem, à Folha.
De acordo com ele, a razão principal para isso é que, no caso de uma condenação, a pena do atleta começaria a contar a partir da última competição de que este tivesse participado, e não da data da coleta do exame positivo.
No caso de Maurren, esse período faria diferença. "Esses dois meses podem parecer pouco, mas é a diferença entre participar do Mundial [de atletismo] de 2005 ou não", contou o porta-voz.
Ontem, a Confederação Brasileira de Atletismo se pronunciou oficialmente, pela primeira vez, sobre o resultado. A CBAt disse que "até o momento não está configurado doping nesse caso" e que oferece à atleta "igual tratamento dispensado aos demais brasileiros anteriormente sob suspeição do uso de substâncias proibidas".
"Liguei hoje para a Iaaf para saber do caso, mas ainda não havia uma resposta", contou Roberto Gesta de Melo, presidente da CBAt, que aguarda uma definição para viajar a Santo Domingo.
Até ser flagrada no teste, Maurren vivia sua melhor temporada. A saltadora obteve quatro das cinco melhores marcas do ano.
Em março, ela ganhou o bronze no salto em distância no Mundial indoor de Birmingham (ING). Foi o primeiro pódio de uma brasileira em um Mundial de atletismo.
No último Pan, realizado em Winnipeg, há quatro anos, Maurren conquistou duas medalhas. Foi ouro no salto em distância e prata nos 100 m com barreiras. Nesta edição dos Jogos, era favorita para ganhar o bicampeonato.


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