São Paulo, domingo, 31 de julho de 2005

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FUTEBOL

O Mundial de Clubes, no papel

RODRIGO BUENO
COLUNISTA DA FOLHA

A Fifa apresenta os últimos detalhes do Mundial de Clubes, a grande novidade do calendário. Além do sorteio das quartas-de-final, a entidade expõe o troféu que deve virar o objeto maior do desejo dos clubes. De posse transitória, ganhará nomes de seus campeões, como a taça da Libertadores (vencedores ficam com réplicas e devolvem o original no sorteio seguinte).
Após a disputa em 2000, a competição sofreu modificações tão acertadas quanto necessárias. O torneio ficou justo, interessante e viável. Só assim pôde ocupar o espaço do Mundial interclubes. O regulamento do torneio anual será esmiuçado agora.
Todos os jogos têm caráter eliminatório e, exceção feita à disputa de 3º lugar (há duelo pelo 5º posto), os empates pedirão prorrogação e, se necessário, pênaltis. Os participantes precisam ratificar presença até 11 de agosto e aproveitar atletas (23) que estejam inscritos na federação nacional até 11 de novembro, um mês antes do torneio. Os seis clubes felizardos não podem se enfrentar três meses antes do Mundial nem seis meses depois dele, exceto em disputa continental. A Fifa adotou a restrição que a Conmebol faz aos mexicanos, limitando um time por confederação (se mexicano vence a Libertadores ou asiático ganha a Oceania, vai o time mais bem colocado da região).
Os clubes precisam levar a campo sua equipe mais forte, algo já visto em regras do Paulista para os grandes não pouparem titulares. A medida visa os europeus. Os times devem chegar à cidade em que estrearão, no mínimo, três dias antes do debut. O Liverpool tem de estar em Yokohama em 12 de dezembro, e o São Paulo deve chegar a Tóquio até o dia 11. No Japão, os times não podem jogar amistosos e só devem ir a eventos de patrocinadores do Mundial.
A Fifa banca viagem ao Japão e deslocamentos internos para membros das delegações (35 pessoas). Os clubes são responsáveis pelo comportamento dos integrantes da delegação, mas o regulamento não trata de problemas com torcedores (irão hooligans ingleses e são-paulinos, agora com fama de violentos).
Os times não podem vender ou autorizar terceiros a negociar ingressos pela internet. Nada de promoções comerciais com entradas. Nas camisas, só um patrocinador, na parte frontal do uniforme (tchau Habib's). É proibida a propaganda de forte bebida alcoólica (regra sob medida para a cerveja Carlsberg, sponsor do Liverpool). O time deve ser fiel ao patrocinador que apareceu no uniforme no título continental ou no último Nacional, medida que visa evitar "camisas de aluguel". Os clubes cedem à Fifa para a promoção do torneio seus nomes, logos e mascotes. E a Dentsu é a promotora do evento (a Traffic vendeu a edição no Brasil, que elevou TV Bandeirantes e Corinthians, ex-parceiros da Traffic).
Todos os participantes receberão diploma, e os três primeiros, medalhas. O time com mais fair play levará US$ 10 mil em equipamentos esportivos. E o vencedor deverá ser o campeão mundial interclubes menos questionado na história. Até que enfim!

O Mundial de Clubes, na prática
Exceção feita a Lugano no São Paulo, a Dwight Yorke no Sydney (ex-atacante do Manchester United, de Trinidad e Tobago) e a um ou outro forasteiro nos campeões de África e Ásia, só o Liverpool levará uma seleção ao Japão. São 17 nacionalidades diferentes no elenco do pentacampeão europeu. Mas o São Paulo, numa final com o time inglês, tem vantagem: um dia a mais de descanso (Tóquio e Yokohama são coladas). Os times africano e asiático estarão embalados (serão campeões pouco antes do Mundial). Apesar de nada apontar desistência do Liverpool, está na regra que o Comitê Organizador será responsável por arranjar substituto para quem abrir mão do evento (os "Reds", que não jogaram o Mundial em 77 e 78, têm jogo do Inglês em 17 de dezembro, que deve ser adiado). E haverá antidoping (há mais de uma história de atleta "estimulado" no Mundial interclubes).

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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