São Paulo, domingo, 31 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTOMOBILISMO

Barrichello põe fim a relação conturbada com italianos, migra para BAR e vê outro brasileiro em seu posto

Massa herda carro brasileiro na Ferrari

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BUDAPESTE

A Ferrari trocará de brasileiro no ano que vem. Felipe Massa, 24, correrá o próximo Mundial de F-1 na vaga de Rubens Barrichello, 33, que assinou contrato com a BAR por duas temporadas.
Na escuderia italiana desde 2000, Barrichello acertou seu desligamento em Hockenheim, na Alemanha, na semana passada.
Os papéis foram assinados na Hungria, anteontem, e o anúncio oficializando a mudança de pilotos deve ser feito já nesta semana.
O acerto com Massa foi menos burocrático. Desde 2001, quando ainda corria na F-3000 européia, ele tem contrato com Maranello.
"Por ora não podemos fazer comentários", disse ontem um porta-voz da BAR, atitude idêntica à tomada por Sauber e Ferrari -atual e futuro times de Massa.
Os pilotos também negaram. Mas, cada um à sua maneira, deixaram pistas de que o anúncio oficial está prestes a acontecer.
"A verdade é que não tenho nada mais a dizer. Tenho contrato assinado com a Ferrari. Tem muita história rodando por aí e esses rumores só afetam minha situação dentro da Ferrari que no momento é boa", afirmou Barrichello. "No momento certo, se tiver algo para falar, será falado."
Bem mais empolgado, Massa, em princípio, disse que é "preciso esperar para ver se é verdade que o Rubinho saiu da equipe".
Depois, deixou claro seu futuro: "Tenho uma possibilidade grande de correr pela Ferrari. Seria a realização de um sonho. A única coisa que posso dizer é que em agosto vai sair alguma coisa".
A ruptura do contrato entre Barrichello e a Ferrari já era esperada desde o GP de Mônaco, em maio, quando o brasileiro passou a criticar abertamente seu companheiro e a direção do time. Renovado em janeiro do ano passado, o compromisso tinha validade até 31 de dezembro de 2006.
Em tese, a decisão é positiva para os dois lados. Barrichello aproveitará uma chance que se abriu num time médio para correr, possivelmente, seus últimos anos na categoria. Na BAR, atual vice-campeã mundial de Construtores, ocupará a vaga de Jenson Button, de saída para a Williams.
"Acho que será muito bom para Rubens", disse Bernie Ecclestone, homem forte da F-1, no paddock de Budapeste, ontem.
Na nova equipe, Barrichello, ao menos, já entra com um trunfo: será amigo do chefe. Tudo porque o brasileiro Gil de Ferran, ex-piloto, é o diretor esportivo do time.
Para a Ferrari, o rompimento permite começar a preparar o sucessor do heptacampeão Michael Schumacher, que deve se aposentar ao fim do ano que vem, quando acaba seu contrato.
Há quatro anos, Massa ocupa o primeiro lugar nessa linha de sucessão. Nascido em São Paulo e criado em Botucatu, no interior do Estado, ele chamou a atenção do então diretor esportivo da Ferrari, Jean Todt, em 2001, ao dominar e vencer a F-3000 européia.
Naquele ano, assinou um contrato com a Ferrari. A partir de então, passou a ser preparado.
Foi Todt que possibilitou sua estréia na F-1, em 2002, via Sauber -que o acolheu em troca por descontos na compra de motores. Foi Todt que, em 2003, transformou Massa em piloto de testes da Ferrari -o objetivo, então, era dar quilometragem ao brasileiro e desenvolvê-lo como acertador de carros. Em 2004, Todt o recolocou na Sauber. Agora, promovido a diretor geral do time, foi Todt que articulou sua efetivação como substituto de Barrichello.
Massa, cujo empresário oficial é Nicolas Todt, filho do ferrarista, conta ainda com apoio de Schumacher. "Ele é um ótimo piloto. Gostaria de vê-lo num carro competitivo", disse o heptacampeão à imprensa de seu país.
Começa assim, com apoio de todos os lados, a história do segundo brasileiro a disputar um Mundial pela mais mítica das marcas do automobilismo.
Um início, portanto, já diferente daquele de seu antecessor, cujo primeiro contrato, assinado em setembro de 1999, fez renascer as esperanças do Brasil por um novo campeão após os três títulos de Ayrton Senna na F-1.
É uma outra era, outro cenário, são pilotos diferentes. A partir de março de 2006, Massa passa a lutar para que um dia seu fim, na Ferrari, também seja diferente.


NA TV - GP da Hungria, Globo, ao vivo, às 9h


Texto Anterior: Futebol - Rodrigo Bueno: O Mundial de Clubes, no papel
Próximo Texto: Memória: Transferência encerra seis anos de frustrações
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.