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AUTOMOBILISMO
Barrichello põe fim a relação conturbada com italianos, migra para BAR e vê outro brasileiro em seu posto
Massa herda carro brasileiro na Ferrari
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BUDAPESTE
A Ferrari trocará de brasileiro
no ano que vem. Felipe Massa, 24,
correrá o próximo Mundial de F-1
na vaga de Rubens Barrichello, 33,
que assinou contrato com a BAR
por duas temporadas.
Na escuderia italiana desde
2000, Barrichello acertou seu desligamento em Hockenheim, na
Alemanha, na semana passada.
Os papéis foram assinados na
Hungria, anteontem, e o anúncio
oficializando a mudança de pilotos deve ser feito já nesta semana.
O acerto com Massa foi menos
burocrático. Desde 2001, quando
ainda corria na F-3000 européia,
ele tem contrato com Maranello.
"Por ora não podemos fazer comentários", disse ontem um porta-voz da BAR, atitude idêntica à
tomada por Sauber e Ferrari
-atual e futuro times de Massa.
Os pilotos também negaram.
Mas, cada um à sua maneira, deixaram pistas de que o anúncio
oficial está prestes a acontecer.
"A verdade é que não tenho nada mais a dizer. Tenho contrato
assinado com a Ferrari. Tem muita história rodando por aí e esses
rumores só afetam minha situação dentro da Ferrari que no momento é boa", afirmou Barrichello. "No momento certo, se tiver
algo para falar, será falado."
Bem mais empolgado, Massa,
em princípio, disse que é "preciso
esperar para ver se é verdade que
o Rubinho saiu da equipe".
Depois, deixou claro seu futuro:
"Tenho uma possibilidade grande de correr pela Ferrari. Seria a
realização de um sonho. A única
coisa que posso dizer é que em
agosto vai sair alguma coisa".
A ruptura do contrato entre
Barrichello e a Ferrari já era esperada desde o GP de Mônaco, em
maio, quando o brasileiro passou
a criticar abertamente seu companheiro e a direção do time. Renovado em janeiro do ano passado,
o compromisso tinha validade até
31 de dezembro de 2006.
Em tese, a decisão é positiva para os dois lados. Barrichello aproveitará uma chance que se abriu
num time médio para correr, possivelmente, seus últimos anos na
categoria. Na BAR, atual vice-campeã mundial de Construtores, ocupará a vaga de Jenson Button, de saída para a Williams.
"Acho que será muito bom para
Rubens", disse Bernie Ecclestone,
homem forte da F-1, no paddock
de Budapeste, ontem.
Na nova equipe, Barrichello, ao
menos, já entra com um trunfo:
será amigo do chefe. Tudo porque
o brasileiro Gil de Ferran, ex-piloto, é o diretor esportivo do time.
Para a Ferrari, o rompimento
permite começar a preparar o sucessor do heptacampeão Michael
Schumacher, que deve se aposentar ao fim do ano que vem, quando acaba seu contrato.
Há quatro anos, Massa ocupa o
primeiro lugar nessa linha de sucessão. Nascido em São Paulo e
criado em Botucatu, no interior
do Estado, ele chamou a atenção
do então diretor esportivo da Ferrari, Jean Todt, em 2001, ao dominar e vencer a F-3000 européia.
Naquele ano, assinou um contrato com a Ferrari. A partir de
então, passou a ser preparado.
Foi Todt que possibilitou sua estréia na F-1, em 2002, via Sauber
-que o acolheu em troca por
descontos na compra de motores.
Foi Todt que, em 2003, transformou Massa em piloto de testes da
Ferrari -o objetivo, então, era
dar quilometragem ao brasileiro e
desenvolvê-lo como acertador de
carros. Em 2004, Todt o recolocou
na Sauber. Agora, promovido a
diretor geral do time, foi Todt que
articulou sua efetivação como
substituto de Barrichello.
Massa, cujo empresário oficial é
Nicolas Todt, filho do ferrarista,
conta ainda com apoio de Schumacher. "Ele é um ótimo piloto.
Gostaria de vê-lo num carro competitivo", disse o heptacampeão à
imprensa de seu país.
Começa assim, com apoio de
todos os lados, a história do segundo brasileiro a disputar um
Mundial pela mais mítica das
marcas do automobilismo.
Um início, portanto, já diferente
daquele de seu antecessor, cujo
primeiro contrato, assinado em
setembro de 1999, fez renascer as
esperanças do Brasil por um novo
campeão após os três títulos de
Ayrton Senna na F-1.
É uma outra era, outro cenário,
são pilotos diferentes. A partir de
março de 2006, Massa passa a lutar para que um dia seu fim, na
Ferrari, também seja diferente.
NA TV - GP da Hungria, Globo,
ao vivo, às 9h
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