São Paulo, sexta-feira, 31 de julho de 2009

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"Temporada no limite foi chave", afirma campeão

Após se emocionar no pódio, Cielo conta que nunca teve preparação tão longa

Para nadador, é possível perseguir marcas parecidas mesmo sem usar os maiôs tecnológicos, que serão proibidos no ano que vem

DA ENVIADA A ROMA

Histórico para a natação brasileira, o feito de César Cielo, ontem, em Roma embasbacou a imprensa internacional e emocionou a torcida nas arquibancadas do Foro Itálico. Quando o brasileiro subiu ao pódio, os torcedores deliraram. Seu choro foi acompanhado por muitos aplausos. Após a entrevista coletiva, feita toda em inglês por problemas com a equipe de tradução, jornalistas procuravam informações sobre o nadador e o tabu que ele acabara de quebrar.
Cielo falou sobre a temporada puxada, a pressão por ser brasileiro e a polêmica dos trajes tecnológicos, que serão proibidos pela Fina (Federação Internacional de Natação) em 2010. Assegura que pode ser mais rápido, mesmo sem eles. "Mas, se você acreditar que pode fazer, vamos fazer. Ainda não parei para pensar na nova regra sobre os trajes", afirmou ele. (MARIANA LAJOLO)

 

PERGUNTA - Você teve uma temporada muito desgastante. Qual foi a chave para chegar até esse recorde?
CÉSAR CIELO
- Comecei a treinar na segunda semana de janeiro, nunca tive uma temporada tão longa, nunca senti tanta fadiga. Fui ao meu limite, e essa foi a chave. Trabalhei ao máximo e, quando pude descansar, fui ficando mais rápido e passei a acreditar. Brett [Hawke, seu técnico] sempre me incentivou, isso foi importante para mim. Tinha de acreditar todos os dias, ter muito trabalho, muita dedicação, e acreditar.

PERGUNTA - Você chorou no pódio, tinha feito o mesmo em Pequim. De onde vem essa emoção?
CIELO
- Ser brasileiro não é fácil, a gente não conseguiu muita medalha de ouro. Quando tem a chance, muita gente espera por seu resultado. Tinha 90 quilos nas costas. Fiquei emocionado porque era um sonho para mim.

PERGUNTA - Dá para nadar na casa dos 46s sem o traje [usou um X-Glide, da Arena, todo de borracha]?
CIELO
- Acho que sim. Já sabemos o que é necessário fazer para conseguir isso, como treinar. Não sei se vamos conseguir. Mas, se você acreditar que pode fazer, vamos fazer. Sinceramente, ainda não parei para pensar na nova regra sobre os trajes. Por enquanto, só penso nos 50 m livre.

PERGUNTA - O Brasil é o país do futebol. Você pensa em ser tão famoso quanto Ronaldinho, Kaká?
CIELO
- Se eu tivesse pelo menos a metade do dinheiro deles, estaria satisfeito... Se o Real Madrid me contratar, eu vou. Não quero ser rico e famoso, quero ser feliz e fechar minha carreira satisfeito, sabendo que fiz tudo o que podia.

PERGUNTA - Como você se sente ao ser o primeiro homem a entrar na barreira dos 46s nos 100 m livre?
CIELO
- Eu não fui o primeiro, foi o Alain Bernard [teve seu recorde de 46s94 anulado porque usou maiô que ainda não havia sido aprovado]. Eu sou o segundo. Não pensei em romper barreira, pensei em ir o mais rápido que eu pude.

PERGUNTA - Você viu onde Alain Bernard estava durante a prova
CIELO
- Eu vi nos últimos 25 metros. Ele estava rápido, e eu também, porque ele queria me pegar. Foi meu dia de sorte. Ele é um ótimo competidor, teve um ótimo "fair play".

PERGUNTA - Antes de competir, você se benze e aponta para o céu. Depois da medalha, agradeceu a Deus. Você tem alguma religião?
CIELO
- Eu rezo muito, minha família é católica, nós temos uma fé. E isso me ajuda.


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