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"Temporada no limite foi chave", afirma campeão
Após se emocionar no pódio, Cielo conta que nunca teve preparação tão longa
Para nadador, é possível perseguir marcas parecidas mesmo sem usar os maiôs tecnológicos, que serão proibidos no ano que vem
DA ENVIADA A ROMA
Histórico para a natação brasileira, o feito de César Cielo,
ontem, em Roma embasbacou
a imprensa internacional e
emocionou a torcida nas arquibancadas do Foro Itálico.
Quando o brasileiro subiu ao
pódio, os torcedores deliraram.
Seu choro foi acompanhado
por muitos aplausos.
Após a entrevista coletiva,
feita toda em inglês por problemas com a equipe de tradução,
jornalistas procuravam informações sobre o nadador e o tabu que ele acabara de quebrar.
Cielo falou sobre a temporada puxada, a pressão por ser
brasileiro e a polêmica dos trajes tecnológicos, que serão
proibidos pela Fina (Federação
Internacional de Natação) em
2010. Assegura que pode ser
mais rápido, mesmo sem eles.
"Mas, se você acreditar que
pode fazer, vamos fazer. Ainda
não parei para pensar na nova
regra sobre os trajes", afirmou
ele.
(MARIANA LAJOLO)
PERGUNTA - Você teve uma temporada muito desgastante. Qual foi a
chave para chegar até esse recorde?
CÉSAR CIELO - Comecei a treinar
na segunda semana de janeiro,
nunca tive uma temporada tão
longa, nunca senti tanta fadiga.
Fui ao meu limite, e essa foi a
chave. Trabalhei ao máximo e,
quando pude descansar, fui ficando mais rápido e passei a
acreditar. Brett [Hawke, seu
técnico] sempre me incentivou, isso foi importante para
mim. Tinha de acreditar todos
os dias, ter muito trabalho,
muita dedicação, e acreditar.
PERGUNTA - Você chorou no pódio,
tinha feito o mesmo em Pequim. De
onde vem essa emoção?
CIELO - Ser brasileiro não é fácil, a gente não conseguiu muita medalha de ouro. Quando
tem a chance, muita gente espera por seu resultado. Tinha
90 quilos nas costas. Fiquei
emocionado porque era um sonho para mim.
PERGUNTA - Dá para nadar na casa
dos 46s sem o traje [usou um X-Glide, da Arena, todo de borracha]?
CIELO - Acho que sim. Já sabemos o que é necessário fazer
para conseguir isso, como treinar. Não sei se vamos conseguir. Mas, se você acreditar que
pode fazer, vamos fazer. Sinceramente, ainda não parei para
pensar na nova regra sobre os
trajes. Por enquanto, só penso
nos 50 m livre.
PERGUNTA - O Brasil é o país do futebol. Você pensa em ser tão famoso quanto Ronaldinho, Kaká?
CIELO - Se eu tivesse pelo menos a metade do dinheiro deles,
estaria satisfeito... Se o Real
Madrid me contratar, eu vou.
Não quero ser rico e famoso,
quero ser feliz e fechar minha
carreira satisfeito, sabendo que
fiz tudo o que podia.
PERGUNTA - Como você se sente ao
ser o primeiro homem a entrar na
barreira dos 46s nos 100 m livre?
CIELO - Eu não fui o primeiro,
foi o Alain Bernard [teve seu recorde de 46s94 anulado porque
usou maiô que ainda não havia
sido aprovado]. Eu sou o segundo. Não pensei em romper barreira, pensei em ir o mais rápido que eu pude.
PERGUNTA - Você viu onde Alain
Bernard estava durante a prova
CIELO - Eu vi nos últimos 25
metros. Ele estava rápido, e eu
também, porque ele queria me
pegar. Foi meu dia de sorte. Ele
é um ótimo competidor, teve
um ótimo "fair play".
PERGUNTA - Antes de competir, você se benze e aponta para o céu. Depois da medalha, agradeceu a Deus.
Você tem alguma religião?
CIELO - Eu rezo muito, minha
família é católica, nós temos
uma fé. E isso me ajuda.
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