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São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

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F-1

Fernando Alonso, revelação deste ano, e pentacampeão mundial compartilham coincidências em seus inícios de carreira

Prodígio segue trajetória de Schumacher

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Final de agosto. Um garoto de 23 anos, de um país sem tradição na F-1, vence pela primeira vez na categoria pilotando para uma equipe média. É sua segunda temporada. Sua precocidade é festejada. Seu talento, elogiado. Ele é apontado como futuro campeão.
Foi assim, em 30 de agosto de 1992, na Bélgica, a primeira vitória de Michael Schumacher. E foi assim há uma semana, na Hungria, a primeira de Fernando Alonso.
É óbvio exagero, após uma vitória, empossar o espanhol como sucessor do pentacampeão. Ao seu lado, no pódio em Budapeste, havia fortes rivais, Kimi Raikkonen e Juan Pablo Montoya.
Mas ele tem um trunfo: cumpre, até agora, trajetória idêntica à do ferrarista. Está na mesma equipe que projetou Schumacher e está sendo preparado pelas mesmas pessoas que o "fabricaram".
Antes mesmo de chegar à categoria, involuntariamente Alonso repetiu os passos do campeão.
Fato raro em um esporte caro como o automobilismo, os dois pilotos têm origem humilde.
O pai de Alonso, José Luis Díaz, trabalhava com explosivos nas minas de Oviedo, nas Astúrias. Rolf Schumacher era zelador de um kartódromo em Kerpen.
Ambos começaram a correr cedo, por brincadeira, e tomaram gosto pela coisa. Sem dinheiro, foram socorridos por mecenas.
O alemão, por Willi Weber, que se tornou seu empresário.
Alonso, por Genis Marcó, um catalão, dono de uma fábrica de karts. Em 1999, após 15 anos de kart, foi adotado pelo espanhol Adrian Campos, ex-piloto de F-1.
Na categoria, o mecenas foi o mesmo: o italiano Flavio Briatore.
"Ele é a pessoa mais importante da minha carreira", afirmou Alonso, em entrevista à Folha.
Em 1991, Briatore viu em Schumacher uma potencial estrela. Tirou-o da Jordan após um só GP e o colocou na Benetton. Demorou nove anos até que ele achasse outro que valesse a aventura.
Em 2000, Alonso correu na F-3000. Apesar de ter vencido apenas uma corrida, assinou com Briatore por dez anos, diz o boato.
No ano seguinte, Alonso estava na F-1, correndo pela Minardi. Em 2001, porém, Briatore voltou à Benetton (antes da mudança de nome para Renault), equipe que levou aos céus em meados dos anos 90, com Schumacher.
Alonso foi contratado como piloto de testes e neste ano faz sua segunda temporada na categoria.
Não por coincidência, o discurso dos dois é semelhante. "Me divirto muito pilotando. Não tem nada a ver com o resultado. Às vezes, a classificação não é tão boa, mas sempre me divirto dando o meu máximo, acelerando tudo", disse Alonso, como que parafraseando Schumacher.
Ah... São fanáticos por futebol e formam o ataque do time de pilotos da F-1. Schumacher torce para o Colônia. Alonso, para o Real Madrid. "Quem sabe, um dia, não fico famoso como o Raúl?", perguntou, rindo, à Folha, referindo-se a seu único ídolo no esporte, o atacante de seu time do coração.


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