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São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

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FUTEBOL

Cinco craques diferentes

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Quem vai ser o substituto de Ronaldinho Gaúcho na estréia das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2006? Alex, Kaká ou Diego? Por ser o mais experiente e o melhor jogador do Campeonato Brasileiro, provavelmente será o Alex.
Os três jogam na mesma posição, mas têm estilos diferentes, como disse o Parreira.
Apesar de haver os três, e mais o Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho, só há espaço para dois no time titular da seleção, que atuarão próximos do Ronaldo, como na Copa de 2002. Eu tentaria arrumar uma terceira vaga, no meio, para o Diego no lugar do Zé Roberto.
Dos cinco meias, Rivaldo é o que faz mais gols. Ele é alto e cabeceia bem. Hoje, isso é uma grande vantagem, já que as partidas estão cada vez mais sendo decididas nas bolas paradas.
Pelo que jogou na Copa e em sua carreira, Rivaldo merece ser o titular da seleção brasileira na estréia. Ainda é muito cedo para se dizer que ele está decadente e que não terá condições de se apresentar bem no próximo Mundial. Ele é reserva no Milan porque o técnico não escala um meia ofensivo e mais dois atacantes.
Parreira vai precisar de muito bom senso -o que ele tem demais- para substituir alguns pentacampeões no momento certo, se isso for necessário.
Rivaldo e Kaká são, dos cinco meias da equipe, os que possuem mais características de atacantes.
Kaká, além de ter uma boa técnica, é o que possui mais velocidade, mobilidade e força física. Tem tudo para dar certo no Campeonato Italiano.
Alex e Ronaldinho Gaúcho são os mais criativos e surpreendentes. Têm um "terceiro olho", antevêem a jogada. Assim como o pré-consciente durante o sono associa idéias e imagens e executa operações intelectuais, sem passar pela consciência, estes dois jogadores, antes de a bola chegar, numa fração de segundos, calculam suas trajetória e velocidade, percebem a posição dos companheiros e adversários e decidem o que fazer, como se tivessem supercomputadores feitos para eles.
Há uma percepção generalizada de que o Ronaldinho Gaúcho, que brilhou no ultimo Mundial, será o craque da Copa de 2006. Felipão já disse isso.
Alex não precisa provar que é um jogador de seleção -expressão da moda. Ele já teve momentos brilhantes, como nas eliminatórias, contra a Argentina, e outros ruins. Isso acontece com todos os jogadores.
Diego é o mais novo dos cinco e ainda não sabemos onde vai chegar. Ele mostrou maturidade e sabedoria em não querer sair agora do Brasil para um time médio da Inglaterra.
Diego dribla, passa e finaliza com grande eficiência. É insinuante e possui muita mobilidade e velocidade. Só precisa sincronizar bem todas essas qualidades. Diego tenta fazer coisas demais e não consegue.
O craque precisa saber esperar o momento certo para brilhar, como costuma fazer o Alex.
Esses cinco meias têm em comum um enorme talento. Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo já possuem o título de craques do mundo registrado em cartório e com firma reconhecida. Os outros três vão chegar lá.

Egos fortes e fracos
O técnico Parreira disse que o maior desafio de sua seleção brasileira será fazer com que os jogadores famosos, ricos e campeões do mundo, "deixem do lado de fora seus egos" e se unam e se motivem para ganharem mais títulos.
Por isso, não é fácil uma equipe ganhar duas Copas seguidas e nem o craque brilhar intensamente em dois Mundiais. O fato de a próxima Copa acontecer na Europa, torna o hexacampeonato ainda mais difícil.
Os grandes atletas precisam de desafios, de fracassos e de críticas para reagirem e mostrarem todo seu futebol.
Após tantos problemas, Ronaldo quis provar, na Copa da Coréia e do Japão, em 2002, que ainda era o melhor jogador do mundo. Fez mais do que isso. Mostrou que não é apenas um grande talento, é um grande atleta.
O jogador precisa ter confiança, ser perfeccionista e ambicioso, mas não pode ser egoísta. Tem de conhecer as suas virtudes, limitações e saber que só brilhará se os outros brilharem.
O ego mapeia a realidade, seleciona e controla os impulsos inconscientes. Esses são individualistas e buscam o prazer. O ego não pode inflar, delirar e nem encolher, deprimir e se anular. Precisa ter o tamanho exato.

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