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São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

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BEISEBOL

Cabeça e tronco de um dos melhores jogadores da história dos EUA, Ted Williams, estão congelados, revela revista

Filhos retalham e congelam corpo de mito das rebatidas

DA REPORTAGEM LOCAL

O americano Ted Williams, um dos melhores rebatedores da história do beisebol, está desde julho de 2002, quando morreu aos 83 anos, congelado em duas partes (cabeça e tronco) em contêineres com nitrogênio líquido nos EUA.
Em sua penúltima edição (18 de agosto), a "Sports Illustrated", mais respeitada revista esportiva do país, publicou a informação e os bastidores do caso, que agora está sob investigação do Estado.
Último jogador da principal liga americana a conseguir aproveitamento de 40% nas rebatidas em uma temporada, em 1941 -Albert Pujols lidera neste ano com 36,5%-, e integrante do Hall da Fama desde 1966, Williams sofreu a partir de 1994 derrames que prejudicaram a visão e a mobilidade.
O testamento, de 1996, dizia que seu desejo era ser cremado e ter as cinzas espalhadas "pelas águas profundas" de uma praia de Hernando, no Estado da Flórida, onde morava e, depois de parar de jogar, praticava um hobby pelo qual se apaixonou: a pesca.
Ted atuou de 1939 a 1960, sempre pelo Boston Red Sox, um dos clubes mais tradicionais do país.
Em novembro de 2000, durante internação em um hospital, ele teria assinado um papel, em comum acordo com os filhos do terceiro casamento, John Henry e Claudia, no qual os três expressavam o desejo de serem mantidos após a morte em suspensão criogênica (técnica de congelamento que visa impedir a deterioração física), com a esperança de um dia, com o avanço da ciência, serem ressuscitados.
Bobby Jo Ferrell, filha do primeiro casamento de Williams, contestou a veracidade da assinatura no papel sujo de graxa no qual o ex-jogador assinava "Ted Williams". Bobby Jo afirmou que seu pai registrava "Theodore Williams", mas autoridades julgaram a firma autêntica.
A primogênita do ex-astro do beisebol disse suspeitar que John Henry e Claudia querem apenas ter ganhos financeiros ao tentar preservar o corpo do pai -comercializando o seu DNA.
Pairam ainda dúvidas sobre o real estado de Williams no interior da empresa Alcor Life Extension Foundation, no Arizona.
Diferentemente do que a mídia divulgou -o corpo estaria congelado intacto, de cabeça para baixo-, a "Sports Illustrated" publicou, com base em informações de um funcionário que deixou em julho a Alcor, Larry Johnson, que a cabeça foi separada e perfurada nas laterais, a fim de que o cérebro pudesse ser monitorado. A separação seria contrária à idéia de John Henry -preservação em "corpo inteiro".
Johnson, que trabalhava como chefe de operações da Alcor, diz ter provas fotográficas. Afirma ainda que a cabeça de Williams, por falhas no processo criogênico, sofreu ao menos dez rachaduras.
O caso, bizarro em sua essência, ganhou contornos sádicos após Johnson revelar que executivos da Alcor falaram recentemente em "jogar o corpo [de Williams] fora" ou "enviá-lo em uma encomenda para a casa de John Henry", em alusão ao fato de o filho do ex-atleta dever US$ 111 mil à empresa -pagou até agora US$ 25 mil do custo da operação.
Com a repercussão do caso, a Procuradoria Geral do Arizona decidiu investigar as condições em que opera a Alcor e as em que estão o corpo de Williams.
Contatada pela Folha, a Alcor, fundada em 1972, apenas disse que "nenhum paciente foi tratado com negligência" e que já tomou medidas para acionar Johnson judicialmente por "violar a política de privacidade" da empresa.


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