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TÊNIS
Quase a metade dos tenistas situados entre os top 100
do ranking se muda para países que têm tributação suave
Paraísos fiscais se tornam "quadra central" para elite
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 2001, quando forem declarar imposto de renda, 44% dos
cem melhores tenistas do mundo
irão entregar a documentação e
pagar os tributos devidos, quando
existirem, em países diferentes de
onde nasceram.
Nunca na história da modalidade, conhecida como o "esporte
branco", a procura por paraísos
fiscais foi tão grande como agora,
quando, só em prêmios, o circuito
distribui quase US$ 70 milhões
por temporada disputada.
Em 1992, por exemplo, menos
de 20% dos jogadores situados
entre os cem melhores do mundo
tinham domicílio fiscal diferente
do país de origem.
Na lista dos paraísos fiscais procurados pelos tenistas aparecem,
com destaque, Mônaco, Andorra
e Bermudas, países onde as alíquotas do imposto de renda se
aproximam de zero ou estão entre
as mais baixas do planeta.
A maioria das novas moradas
da elite do tênis está numa lista
negra da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), que ameaça
com sanções econômicas caso esses países não mudem logo suas
regras tributárias.
Na lista dos jogadores que procuram nova residência para fugir
de altos impostos estão três tenistas situados entre os dez melhores
da última temporada -o russo
Marat Safin, segundo colocado na
Corrida dos Campeões, e os suecos Magnus Norman (quarto) e
Thomas Enqvist (nono).
Essa pequena amostragem,
aliás, revela que os tenistas europeus são os principais fregueses
dos paraísos fiscais.
Dos 44 top 100 que moram fora
de seus países de origem, 36 são
do continente que tem o costume
de cobrar os mais altos impostos
de seus cidadãos.
Dentro da Europa, ninguém
gosta tanto de pagar menos impostos quanto os suecos.
Dos oito melhores jogadores do
país, um dos mais ricos e com melhor qualidade de vida do mundo,
sete têm residência em Mônaco.
Com isso, tenistas como Norman e Enqvist economizam milhares de dólares.
Se ainda tivesse endereço fiscal
na Suécia, Enqvist, por exemplo,
teria que pagar US$ 1,38 milhão
de imposto de renda apenas com
o dinheiro que ganhou em prêmios na temporada 2000 (um total de US$ 2,381 milhão), sem contar o que foi arrecadado com contratos publicitários -que é uma
das maiores fontes de renda.
Em Mônaco, Enqvist vai poder
embolsar praticamente todo esse
valor, já que o principado não cobra imposto de renda.
Além dos suecos, os franceses
são outros que fogem de pagar
impostos na pátria de origem em
grande número.
No total, só entre os que estão
na lista dos cem melhores do
mundo, sete preferiram trocar os
encantos de Paris e outras cidades
por lugares menos exigentes em
relação aos impostos.
Só que, ao contrário dos suecos,
os franceses variam mais na escolha do paraíso fiscal.
Cedric Pioline, Nicolas Escude e
Arnaud Clement, por exemplo,
são alguns que preferiram Genebra, na Suíça, terra de poucos impostos e férreo sigilo bancário.
Em alguns casos, vale até a Inglaterra, que teve seu imposto de
renda reduzido bruscamente durante o governo da ex-primeira
ministra Margaret Thatcher, conhecida como "Dama de Ferro".
Esse é o caso de Fabrice Santoro,
que já ganhou cerca de US$ 4 milhões em sua carreira (US$ 652,1
mil só neste ano) e preferiu cruzar
o Canal da Mancha para trocar a
França e seu imposto de renda
com alíquotas que superam, em
alguns casos, os 50% pela Inglaterra e suas menores taxas.
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