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São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2003

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TÊNIS

Sugestão de Ano Novo

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Fazia anos que aquele ex-tenista não entrava em quadra. Sim, estivera em quadra uma ou outra vez, batendo bola, mas essas incursões não poderiam ser consideradas nem jogo-exibição.
O sol naquela segunda-feira já estava forte antes mesmo das 9h, horário programado para o início dos treinos. Ao aquecimento de dez minutos seguiu-se o cumprimento do ex-treinador, gente boa, mas econômico nas palavras.
O primeiro treino foi simples. Claramente uma reaproximação, uma tentativa daquele experiente treinador de checar os movimentos que ele mesmo havia ensinado ao tenista ali do outro lado da rede, naquela mesma quadra, na mesma cidade, 20 anos antes.
"Quem aprende quando pequeno não esquece nunca", solta o técnico, denunciando um pouco de sua empolgação ao ver que o bate-bola é bom. E assim vai o primeiro treino, quase duas horas sob sol forte, silencioso, tímido.
"O problema de quem está começando a aprender a jogar ou voltando às quadras, como você, é a ansiedade", ensina. "Você não pode voltar e pensar que, em dez minutos, vai bater igual ao Guga. Vai com calma, faz os movimentos completos, tenha paciência."
O segundo dia não é diferente. Calor às 9h, poucas palavras ainda, só o treinador, o tenista e um pegador de bola. Desta vez, porém, os testes são em cima de movimentos básicos e importantes: "Abaixa a perna na hora de bater", "Vira o corpo, joga o braço lá atrás", "Atenção no "timming" da bola; tá batendo antes!", "Não adianta só dar raquetada, tem de pensar, usar essa cabeça aí".
A manhã da quarta-feira não poderia ser pior. O treino, desta vez às 10h, segue sob um calor mais forte ainda. O físico daquele ex-tenista já mostra que os anos afastado das quadras fizeram uma boa diferença. A bola parece mais rápida, os movimentos, mais lentos, e as pernas, muito mais pesadas.
A piscina, ao lado da quadra, nunca foi tão convidativa. A bela morena que aparece para um banho de sol chama a atenção. "Olho na bolinha, olho na bolinha", esbraveja o treinador, ele mesmo de olho na moça.
Nem assim o treino melhora. As bolas saem longe da linha da quadra, a raquete pesa, a rede parece mais alta. "Tá com saudade do ar condicionado?", provoca o treinador.
A quinta e a sexta-feiras são mais empolgantes. O calor diminui, a bola fica mais tempo de um lado para o outro, os movimentos são mais completos, e os golpes, mais fortes. O saque está ajustado ("Usa o corpo para dar mais força ao saque; não é só meter o braço"), o jogo de rede está tinindo ("Você sempre gostou de volear, né? Aproveita, suba à rede, já que você tem altura").
Naquela última semana de férias, em outubro deste ano, ainda que amadoristicamente, fiz assim meu retorno às quadras. Foram dias desgastantes, mas felizes. E, já que nesta época do ano todo mundo resolve alguma coisa, do tipo parar de fumar, de beber, ou começar a cuidar do corpo, fica aqui sugestão: que tal começar a jogar tênis neste feliz ano que está começando?

Um bom programa
Quem fica na capital neste início de ano tem um programa dos bons: o Challenger de São Paulo, que reúne excelentes tenistas no Parque Villa-Lobos e começa na segunda -no fim de semana, rola o quali.

Um começo imediato
O circuito profissional começa já nesta segunda, com torneios em Doha (Qatar), Adelaide (Austrália) e Chennai (Índia). Andy Roddick, Guillermo Coria, Carlos Moyá, Rainner Schuettler, Paradorn Srichaphan, entre outros, já estarão em quadra.

Um fim quase anunciado
Ievguêni Kafelnikov, russo falastrão e excelente tenista, talvez não volte a jogar. Desanimado, engordou 8 kg neste fim de ano.

E-mail: reandaku@uol.com.br


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