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TÊNIS
Sugestão de Ano Novo
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Fazia anos que aquele ex-tenista não entrava em quadra.
Sim, estivera em quadra uma ou
outra vez, batendo bola, mas essas incursões não poderiam ser
consideradas nem jogo-exibição.
O sol naquela segunda-feira já
estava forte antes mesmo das 9h,
horário programado para o início
dos treinos. Ao aquecimento de
dez minutos seguiu-se o cumprimento do ex-treinador, gente boa,
mas econômico nas palavras.
O primeiro treino foi simples.
Claramente uma reaproximação,
uma tentativa daquele experiente
treinador de checar os movimentos que ele mesmo havia ensinado
ao tenista ali do outro lado da rede, naquela mesma quadra, na
mesma cidade, 20 anos antes.
"Quem aprende quando pequeno não esquece nunca", solta o
técnico, denunciando um pouco
de sua empolgação ao ver que o
bate-bola é bom. E assim vai o
primeiro treino, quase duas horas
sob sol forte, silencioso, tímido.
"O problema de quem está começando a aprender a jogar ou
voltando às quadras, como você, é
a ansiedade", ensina. "Você não
pode voltar e pensar que, em dez
minutos, vai bater igual ao Guga.
Vai com calma, faz os movimentos completos, tenha paciência."
O segundo dia não é diferente.
Calor às 9h, poucas palavras ainda, só o treinador, o tenista e um
pegador de bola. Desta vez, porém, os testes são em cima de movimentos básicos e importantes:
"Abaixa a perna na hora de bater", "Vira o corpo, joga o braço lá
atrás", "Atenção no "timming" da
bola; tá batendo antes!", "Não
adianta só dar raquetada, tem de
pensar, usar essa cabeça aí".
A manhã da quarta-feira não
poderia ser pior. O treino, desta
vez às 10h, segue sob um calor
mais forte ainda. O físico daquele
ex-tenista já mostra que os anos
afastado das quadras fizeram
uma boa diferença. A bola parece
mais rápida, os movimentos,
mais lentos, e as pernas, muito
mais pesadas.
A piscina, ao lado da quadra,
nunca foi tão convidativa. A bela
morena que aparece para um banho de sol chama a atenção.
"Olho na bolinha, olho na bolinha", esbraveja o treinador, ele
mesmo de olho na moça.
Nem assim o treino melhora. As
bolas saem longe da linha da
quadra, a raquete pesa, a rede parece mais alta. "Tá com saudade
do ar condicionado?", provoca o
treinador.
A quinta e a sexta-feiras são
mais empolgantes. O calor diminui, a bola fica mais tempo de um
lado para o outro, os movimentos
são mais completos, e os golpes,
mais fortes. O saque está ajustado
("Usa o corpo para dar mais força
ao saque; não é só meter o braço"), o jogo de rede está tinindo
("Você sempre gostou de volear,
né? Aproveita, suba à rede, já que
você tem altura").
Naquela última semana de férias, em outubro deste ano, ainda
que amadoristicamente, fiz assim
meu retorno às quadras. Foram
dias desgastantes, mas felizes. E,
já que nesta época do ano todo
mundo resolve alguma coisa, do
tipo parar de fumar, de beber, ou
começar a cuidar do corpo, fica
aqui sugestão: que tal começar a
jogar tênis neste feliz ano que está
começando?
Um bom programa
Quem fica na capital neste início de ano tem um programa dos bons:
o Challenger de São Paulo, que reúne excelentes tenistas no Parque
Villa-Lobos e começa na segunda -no fim de semana, rola o quali.
Um começo imediato
O circuito profissional começa já nesta segunda, com torneios em
Doha (Qatar), Adelaide (Austrália) e Chennai (Índia). Andy Roddick, Guillermo Coria, Carlos Moyá, Rainner Schuettler, Paradorn
Srichaphan, entre outros, já estarão em quadra.
Um fim quase anunciado
Ievguêni Kafelnikov, russo falastrão e excelente tenista, talvez não
volte a jogar. Desanimado, engordou 8 kg neste fim de ano.
E-mail: reandaku@uol.com.br
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