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Trote Cidadão
Veteranos dão lição de cidadania
SILVIA RUIZ
da Reportagem Local
A morte do calouro de medicina
Edison Tsung Chi Hsueh, 22, aconteceu no dia do lançamento oficial
da campanha Trote Cidadão, na
última terça-feira em São Paulo.
"Ninguém sabe o que aconteceu
com ele, mas todo mundo sabe que
nessas festas as pessoas passam
dos limites com a bebida e sempre
alguém acaba mal. Essa forma tradicional de trote tem de ser revista", diz Ângela Lucas, aluna da
FEA (Faculdade de Economia e
Administração da USP).
Ela é uma das veteranas das cerca
de 60 universidades que participam da campanha este ano. O objetivo é substituir as brincadeiras e
a violência do trote tradicional por
trotes que envolvam os calouros
em ações de cidadania.
Na semana passada, várias faculdades deram início a esses trotes,
que incluíram a limpeza de praças
e margens de rios, visita a creches e
orfanatos, o plantio de árvores e
até um encontro com os sem-terra
de um acampamento do MST.
A maior parte das faculdades
manteve a doação de alimentos e
de sangue de anos anteriores, mas
algumas ampliaram as tarefas e
criaram ações inusitadas.
Os calouros de geografia da USP,
por exemplo, passaram a manhã
de quinta-feira com as mãos na
terra, preparando mudas de árvores que serão plantadas em São
Paulo pela ONG São Paulo Verde.
Já a turma de enfermagem da
USP foi conhecer a Fundação Pró-Sangue, onde também fez doações.
Uma das faculdades mais organizadas para o Trote Cidadão em São
Paulo foi a FEA, cujos veteranos,
em parceria com o centro acadêmico, prepararam três opções de
trote para seus bichos: visitar um
orfanato, um acampamento do
MST ou um projeto que alguns
alunos mantêm na favela Paraisópolis, no bairro do Morumbi.
"Eu nunca tinha entrado em uma
favela. É legal conhecer essa realidade. Acho que mais tarde também vou trabalhar no projeto que
existe aqui", disse o calouro de administração Paulo Savioli, 21.
Os calouros tiveram um encontro com jovens da favela que trabalham no projeto Trajetória, uma
microempresa de "silk-screen"
(pintura em camisetas) montada
por alunos da FEA em Paraisópolis.
"Uma simples visita como essa
pode abrir os olhos de muita gente
para uma realidade que eles só
vêem pela TV", diz Rafael Inácio
De Faria e Souza, veterano e um
dos criadores do Trajetória.
O calouro Thiago Mansur, 18,
aprovou o trote. "A gente tem a
obrigação de dar o exemplo. Quem
faz universidade pública tem de retornar alguma coisa para a sociedade."
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