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campanha da Aids
Jovem é chamado para mudar a cena
BELL KRANZ
Editora do Folhateen
Peter Piot (pronuncia-se Piô),
médico belga, doutor em microbiologia, ganhador de vários prêmios, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para a Aids
(Unaids), em suma, um bambambã em HIV, foi na última sexta ao
morro da Mangueira para lançar a
campanha mundial de luta contra
a Aids para este ano.
Ele não subiu o morro, permaneceu no sopé, na vila olímpica da comunidade, onde daria uma entrevista para a imprensa. Em volta das
quadras, uma moçada da Mangueira do Amanhã esquentava os
tamborins para uma canja rápida
oferecida ao ilustre visitante.
Antonio Carlos Costa da Silva,
17, era um dos garotos que integravam a bateria. Sobre o assunto que
seria discutido logo mais, ele soltou um comentário de quem sabe
das coisas: "Tem de andar arrrrrmado" (com camisinha a postos).
Mas, interrogado sobre a reação
das meninas nas preliminares,
quando é preciso parar e sacar do
bolso o preservativo, ele se entregou: "Eu sei as meninas que eu pego", ou seja, das garotas conhecidas não é preciso se "defender".
Por causa desse e de vários outros enganos é que a cada minuto
cinco jovens
(garotos e garotas) são infectados em todo o mundo.
Dos 30 milhões
de pessoas com
Aids, pelo menos um terço
são jovens. Só
no ano passado, mais de 2,5
milhões de garotos e garotas
entre 15 e 24
anos contraíram o HIV. Ou seja, o
jovem é o maior atingido pelo vírus, mas também provou ser capaz
de promover mudanças com atitudes práticas e criativas. Por isso foi
escolhido para ser o alvo da nova
campanha.
"É preciso ouvir os jovens,
aprender com eles, oferecer assistência, criar programas especiais
para eles", disse Peter Piot em relação aos mais velhos. Para os jovens, o Unaids propõe atitude
(confira ao lado a declaração sobre
direitos sexuais ).
No mundo todo, há experiências
de jovens engajados na prevenção
do HIV, seja com apoio emocional
e ajuda prática a pessoas infectadas ou na função de agentes multiplicadores. É o que faz um grupo
de estudantes do Ginásio Público
Mangueirense
e que inspirou
a Unaids a lançar a campanha lá. Eles trabalham com
prevenção por
meio da música e da dança.
Aliás, um
exemplo que
poderia ser seguido pelos
universitários
veteranos carentes de idéias originais para
substituir o trote selvagem.
A reclamação do leitor do Folhateen, publicada na semana passada na coluna de Rosely Sayão, foi
levada para a entrevista. Para
quem não leu, o garoto, como tantos outros, reclamava que seu pênis era pequeno para as camisinhas do mercado brasileiro. Ao
contrário de outros países, o Brasil
não dispõe de camisinhas para
adolescentes porque o nosso controle de qualidade tem uma medida padrão para os preservativos. O
que quer dizer, não se adaptou, ficou de fora.
Pedro Chequer, coordenador nacional de DST (doença sexualmente transmissível) do Ministério da
Saúde, comprometeu-se a se reunir com os fabricantes para discutir a questão. Vamos cobrar.
A jornalista x
Bell Kranz viajou ao Rio a convite
do Ministério da Saúde.
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