|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Jovem deixaria tráfico por família
da Reportagem Local
Márcio (nome falso), 21, foi outro que entrou na "profissão"
quase sem perceber. "Quando tinha sete anos, já ajudava meus irmãos. Guardava as armas deles,
esse tipo de coisa. Hoje, um deles
está preso, o outro saiu dessa vida." Como já deu para perceber,
Márcio é um jovem que vive no
submundo: "Até já assaltei, mas é
muito arriscado. Hoje só vendo
maconha para os conhecidos",
diz, enquanto se diverte jogando
sinuca em um botequim.
Ele não parece estar muito
preocupado com a situação. É falador, simpático, e não se importa
em contar suas experiências, mesmo as mais dramáticas, como sua
passagem pela Febem. "Uma vez
a polícia entrou na minha casa e
encontrou umas "paradas" dos
meus irmãos. Como eu ainda era
menor de idade, assumi a culpa."
Apesar da violência a que era
submetido, diz que o período que
passou na instituição (dos 15 aos
18 anos) teve um lado positivo:
"Tive tempo para pensar na vida.
Foi quando larguei o crack, por
exemplo. O problema é que lá é
tudo na base da porrada. É como
querer ensinar um rato a não comer queijo", filosofa. Também
garante que nessa época conheceu muita gente boa, que só estava
na vida de crimes por pura necessidade financeira.
Márcio estudou em um colégio
público até o segundo colegial.
Diz que não volta para a escola
porque "não dá dinheiro", e não
pensa em fazer faculdade. Gasta
boa parte dos R$ 2.000 que ganha
por mês em roupas, video games
e baladas. Pensa em comprar
uma moto ou um carro, mas diz
que não pode porque chamaria a
atenção da polícia.
O que sobra, guarda para quando resolver largar a vida de crimes. "Quando ficar mais velho,
quero ter meu teto, casar com
uma mulher legal e ter filhos. Daí
não vou querer mais essa vida.
Não vou me importar se tiver de
trabalhar o mês inteiro para ganhar R$ 500, porque já vou ter
curtido a balada."
Ele garante que, se pudesse escolher, não entraria para a bandidagem novamente: "É uma vida
muito sofrida. Já perdi muitos
amigos que foram fazer um assalto e não voltaram", reflete. "Mas
pelo menos não falta nada em casa, nem para minha mãe nem para meus sobrinhos."
(GG)
Texto Anterior: Produtor trocou publicidade pela moda Próximo Texto: Cartas: Leitores reclamam dos preços dos CDs e da dificuldade para tirar visto para os Estados Unidos Índice
|