São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

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ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

Maravilhas tecnológicas fazem a festa dos tiozinhos

Só para você ter uma idéia do drama, se ligue na quantidade de coisas que não existiam no Brasil quando eu nasci, em 1963: supermercado, xampu, rodovia dos Imigrantes, TV em cores, calculadora de bolso, PC, CD, walkman, microondas, TV a cabo, videocassete, freio a disco (desse eu não tenho muita certeza), rádios FM e muitos outros.
É por causa disso, por ter conhecido um mundo tão diferente, que fico maravilhado com cada pequena novidade tecnológica que conheço, e que em geral tem a ver com internet (sim, houve um tempo em que internet não existia, lembra?).
Em um só dia da semana passada, por exemplo, fiz duas coisas muito lindas:
1) Baixei um novo programa de troca de músicas on-line, o Grokster, porque meu ex-predileto, o Audio Galaxy, foi fechado pelas grandes gravadoras.
2) Graças ao DJ alemão Chris Liebing, conheci uma maravilha: o Final Scratch, um programa que dispensa aquelas maletas cheias de discos de vinil que todo DJ carrega.
No momento em que escrevo, estou conectado ao Grokster. Eu e mais 1,6 milhão de pessoas do mundo todo. Claro que a chance de encontrar aquela gravação raríssima do Radiohead fazendo um cover dos Beatles é muito alta. Detalhe: o Grokster é só uma entre cerca de dez boas opções de programas semelhantes. E o que disparou tudo isso, o Napster, foi criado há apenas três anos...
O Final Scratch, então, é pura ficção científica. Funciona mais ou menos assim. Os DJs têm uma grande dor de cabeça: carregam centenas de discos de vinil -grandes e pesados- para cima e para baixo. Quando estão se apresentando, têm de procurar, nas maletas (no Brasil, "cases"), a faixa que querem tocar. Às vezes, demora. Ou pior: o DJ pode ter esquecido de levar o disco que tanto queria.
Com o Final Scratch, as músicas estão todas guardadas no computador. Cerca de 800 delas, no caso de Chris Liebing. E o mais impressionante: o DJ continua usando discos de vinil. Só que em vez de um monte, são só dois!
Sei que está complicado, mas fique comigo que você vai entender.
A música vem do computador. Aí, passa por um pequeno processador (que parece um discman) e entra nos dois toca-discos. Os discos de vinil que estão nos toca-discos são especiais. O DJ continua usando-os para fazer as mixagens (passagem de uma música para outra). Mas são sempre os mesmo dois vinis, para todas as músicas! Quando quer trocar de faixa, ele faz a mudança no computador.
Se o DJ roda o vinil de trás para frente, a música toca de trás para frente também, como se ela estivesse vindo do vinil, e não do computador. Se ele pára o vinil, a música pára também... É demais.
Para se ligar nessas duas novidades, os endereços são fáceis: www.grokster.com e www.finalscratch.com.



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