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ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA
Maravilhas tecnológicas fazem a festa dos tiozinhos
Só para você ter uma idéia do drama, se ligue na quantidade de coisas que não existiam no Brasil quando eu nasci, em 1963: supermercado, xampu, rodovia dos Imigrantes, TV em cores, calculadora de bolso, PC,
CD, walkman, microondas, TV a cabo, videocassete, freio a disco (desse eu não tenho
muita certeza), rádios FM e muitos outros.
É por causa disso, por ter conhecido um
mundo tão diferente, que fico maravilhado
com cada pequena novidade tecnológica
que conheço, e que em geral tem a ver com
internet (sim, houve
um tempo em que
internet não existia,
lembra?).
Em um só dia da
semana passada, por
exemplo, fiz duas
coisas muito lindas:
1) Baixei um novo
programa de troca
de músicas on-line, o Grokster, porque meu
ex-predileto, o Audio Galaxy, foi fechado pelas grandes gravadoras.
2) Graças ao DJ alemão Chris Liebing, conheci uma maravilha: o Final Scratch, um
programa que dispensa aquelas maletas
cheias de discos de vinil que todo DJ carrega.
No momento em que escrevo, estou conectado ao Grokster. Eu e mais 1,6 milhão de pessoas do mundo todo. Claro que a chance de
encontrar aquela gravação raríssima do Radiohead fazendo um cover dos Beatles é muito alta. Detalhe: o Grokster é só uma entre cerca de dez boas opções de programas semelhantes. E o que disparou tudo isso, o Napster,
foi criado há apenas três anos...
O Final Scratch, então, é pura ficção científica. Funciona mais ou menos assim. Os DJs
têm uma grande dor de cabeça: carregam
centenas de discos de vinil -grandes e pesados- para cima e para baixo. Quando estão
se apresentando, têm de procurar, nas maletas (no Brasil, "cases"), a faixa que querem tocar. Às vezes, demora. Ou pior: o DJ pode ter
esquecido de levar o disco que tanto queria.
Com o Final Scratch, as músicas estão todas
guardadas no computador. Cerca de 800 delas, no caso de Chris Liebing. E o mais impressionante: o DJ continua usando discos de vinil. Só que em vez de um monte, são só dois!
Sei que está complicado, mas fique comigo
que você vai entender.
A música vem do computador. Aí, passa
por um pequeno processador (que parece um
discman) e entra nos dois toca-discos. Os discos de vinil que estão nos toca-discos são especiais. O DJ continua usando-os para fazer
as mixagens (passagem de uma música para
outra). Mas são sempre os mesmo dois vinis,
para todas as músicas! Quando quer trocar de
faixa, ele faz a mudança no computador.
Se o DJ roda o vinil de trás para frente, a música toca de trás para frente também, como se
ela estivesse vindo do vinil, e não do computador. Se ele pára o vinil, a música pára também... É demais.
Para se ligar nessas duas novidades, os endereços são fáceis:
www.grokster.com e
www.finalscratch.com.
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