|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TEMPORADA DE TRABALHO
Trabalho provisório sustenta quem busca ser famoso
Enquanto as estrelas não nascem
Arquivo Pessoal
|
Marcello Morettoni, 16, na frente dos pick-ups. |
MARCOS DÁVILA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Marilyn Monroe trabalhou em
uma fábrica de aeronaves. Elza
Soares foi faxineira. No início da
carreira, Madonna teve de revirar o
lixo de restaurantes em Nova York,
assim como Raul Seixas, na mesma
cidade. Não faltam exemplos para
ilustrar os tortuosos caminhos que
antecedem o estrelato.
Ainda assim, não faltam jovens
candidatos dispostos a fazer qualquer coisa por uma luzinha, que
seja, da ribalta. Mas, enquanto a fama não chega, é preciso ir se virando como dá para arranjar o dinheiro da sobrevivência.
Antes que a sua carreira como DJ
ou a sua banda de reggae, Reobote,
decolem, o estudante Marcello Di
Profio Morettoni, 16, foi atrás de
um bico como vendedor em uma
loja de instrumentos musicais e
acabou conseguindo seu primeiro
emprego com carteira assinada.
"Eu achei ótimo porque consigo
um dinheiro para investir nos
meus projetos e ainda fico sabendo
de todas as novidades dos equipamentos", afirma Morettoni, que
atende no setor de áudio. "Eles estavam precisando de alguém que
entendesse de "mixer", essas coisas.
Acho que minha experiência como
DJ contou", diz.
Mas nem todos os artistas aspirantes podem estar perto daquilo
de que realmente gostam. A atriz e
bailarina Thais Trulio, 17, que atua
na companhia de teatro Lúdicos,
passou um mês trabalhando numa
filial da rede Casa do Pão de Queijo
para tirar um extra. Detestou: "Foi
bom para ver que não é isso que eu
quero para a minha vida. Ainda
bem que eu ainda posso contar
com a ajuda dos meus pais", conta
Trulio, que, neste final de ano, vai
investir em apresentações do seu
grupo de dança.
Seu amigo Ismael Ulisses, 20, da
mesma trupe de teatro, recebeu
cerca de R$ 120 depois um mês em
cartaz apresentando "O Auto da
Compadecida", no teatro Flávio
Império, em São Paulo. "É um dinheiro que não sustenta ninguém.
Moro com minha mãe, mas não
posso ser sustentado por ela", diz
Ulisses, que também trabalha como ilustrador para incrementar
seu salário de ator. "O final do ano
é bom porque há bastante oferta de
criação de cartões de Natal nas
agências de publicidade", afirma.
Fã de Villa-Lobos e Bach, Rafael
Miranda Gomes, 16, divide os estudos do segundo colegial com as
partituras. Ele quer se tornar um
concertista e estuda piano erudito
no Centro de Estudos Musicais
Tom Jobim, em São Paulo.
"Já fui vendedor de produtos naturais e monitor de eventos infantis", conta Gomes, que fez recentemente um teste para trabalhar em
uma empresa de brinquedos educativos, mas não conseguiu a vaga.
"Só quero uma grana para comprar o meu piano", diz.
(MD)
Texto Anterior: Cuidado para não entrar pelo cano Próximo Texto: Panorâmica: Folhateen ganha título de ONG Índice
|