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São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2003

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TEMPORADA DE TRABALHO

Trabalho provisório sustenta quem busca ser famoso

Enquanto as estrelas não nascem

Arquivo Pessoal
Marcello Morettoni, 16, na frente dos pick-ups.


MARCOS DÁVILA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Marilyn Monroe trabalhou em uma fábrica de aeronaves. Elza Soares foi faxineira. No início da carreira, Madonna teve de revirar o lixo de restaurantes em Nova York, assim como Raul Seixas, na mesma cidade. Não faltam exemplos para ilustrar os tortuosos caminhos que antecedem o estrelato.
Ainda assim, não faltam jovens candidatos dispostos a fazer qualquer coisa por uma luzinha, que seja, da ribalta. Mas, enquanto a fama não chega, é preciso ir se virando como dá para arranjar o dinheiro da sobrevivência.
Antes que a sua carreira como DJ ou a sua banda de reggae, Reobote, decolem, o estudante Marcello Di Profio Morettoni, 16, foi atrás de um bico como vendedor em uma loja de instrumentos musicais e acabou conseguindo seu primeiro emprego com carteira assinada.
"Eu achei ótimo porque consigo um dinheiro para investir nos meus projetos e ainda fico sabendo de todas as novidades dos equipamentos", afirma Morettoni, que atende no setor de áudio. "Eles estavam precisando de alguém que entendesse de "mixer", essas coisas. Acho que minha experiência como DJ contou", diz.
Mas nem todos os artistas aspirantes podem estar perto daquilo de que realmente gostam. A atriz e bailarina Thais Trulio, 17, que atua na companhia de teatro Lúdicos, passou um mês trabalhando numa filial da rede Casa do Pão de Queijo para tirar um extra. Detestou: "Foi bom para ver que não é isso que eu quero para a minha vida. Ainda bem que eu ainda posso contar com a ajuda dos meus pais", conta Trulio, que, neste final de ano, vai investir em apresentações do seu grupo de dança.
Seu amigo Ismael Ulisses, 20, da mesma trupe de teatro, recebeu cerca de R$ 120 depois um mês em cartaz apresentando "O Auto da Compadecida", no teatro Flávio Império, em São Paulo. "É um dinheiro que não sustenta ninguém. Moro com minha mãe, mas não posso ser sustentado por ela", diz Ulisses, que também trabalha como ilustrador para incrementar seu salário de ator. "O final do ano é bom porque há bastante oferta de criação de cartões de Natal nas agências de publicidade", afirma.
Fã de Villa-Lobos e Bach, Rafael Miranda Gomes, 16, divide os estudos do segundo colegial com as partituras. Ele quer se tornar um concertista e estuda piano erudito no Centro de Estudos Musicais Tom Jobim, em São Paulo.
"Já fui vendedor de produtos naturais e monitor de eventos infantis", conta Gomes, que fez recentemente um teste para trabalhar em uma empresa de brinquedos educativos, mas não conseguiu a vaga. "Só quero uma grana para comprar o meu piano", diz. (MD)


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