São Paulo, segunda-feira, 02 de maio de 2005

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TELEVISÃO

Isso, isso, isso... "Chapolim" e "Chavez" completam 35 anos; por que as piadas repetidas, produção capenga e humor inocente permanecem no gosto de muitos adolescentes?

Não contavam com a minha astúcia

DA REPORTAGEM LOCAL

"Sigam-me os bons" e "não contavam com a minha astúcia" são frases muito mais antigas do que os adolescentes que ainda riem com as dezenas de piadas repetidas dos programas "Chavez" (ainda em exibição) e "Chapolim Colorado" ("extinto" por aqui desde setembro de 2003). Muito mais antigas ainda que sua estréia no Brasil, em 1984.
Na verdade, os personagens estrearam na TV mexicana como quadros de um programa humorístico de 1970. Isso, isso, isso... o herói trapalhão e o pequeno órfão têm pelo menos 35 anos de idade!
Os episódios são sempre os mesmos, as piadas circulam pelo mesmo universo entre a inocência e a malícia, e a produção geral (cenários, figurinos, iluminação...) é de péssima qualidade. Mas por que os adolescentes ainda racham o bico com os personagens do ator Roberto Gómez Bolaños?
"É diferente de todo o resto. Os outros tipos de humor são estereotipados. O "Chapolim" é único. Ninguém consegue imitar", diz o estudante de jornalismo Lucas Ungaretti Francoio, 19, fã de Chavez e Chapolim.
A idade do seriado chega a assustar. "Achei que fosse mais recente, dos anos 80. Mas nunca perde a graça; é tão besta que acaba sendo engraçado", conta o estudante Fernando Valença, 17.
Há quem afirme que os personagens só agradam aos meninos. "As meninas não curtem porque não gostam de coisas trash. Elas gostam de coisas fofinhas e bonitinhas", conta Henrique Marques Reginato, 15, que acha que vai gostar para sempre dos personagens. "Tem de voltar a passar."
Contrariando a tese de Henrique está Jéssica Fernanda dos Santos Costa, 13, que também sente muita falta de "Chapolim" na TV. "Gosto de muita coisa fofa, mas não significa que não goste do "Chapolim'", afirma a estudante. "Não há nenhuma pessoa que não o conhece. Alguns pais acabam ensinando os filhos a gostarem. Para quem gosta, é sempre muito engraçado."
O jeito infantil e ingênuo do super-herói mexicano foi o que conquistou a audiência de Gabriella de Oliveira, 14, que, em geral, não gosta de coisas "fofinhas". "Acho as piadas engraçadas. Todo mundo precisa de um pouco de comédia na vida."
Já o estudante André Anjo, 15, compara "Chavez" e "Chapolim" com o principal programa humorístico da MTV. "É simples e mal feito. Pior que "Hermes e Renato". Acho que eles se inspiram nele. É uma podreira." (LEANDRO FORTINO)

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