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ESTÉTICA
Para entrar na moda dos peitos grandes, cada vez mais garotas topam encarar o risco das cirurgias plásticas
Meninas turbinadas
ALESSANDRA KORMANN
DA REPORTAGEM LOCAL
Anestesia, pontos, cicatriz, remédios, inchaço, dor, coceira, muitos
dias sem poder levantar os braços... É preciso ter peito para isso. Apesar
dos riscos que uma cirurgia implica, é cada
vez maior o número de meninas que fazem
plástica nos seios para se enquadrar no padrão de beleza encarnado por "turbinadas"
como a atriz Danielle Winits.
"Eu já tinha peito, mas queria mais", diz
Débora Regina Elia Lacerda, 18, que admirava os seios da atriz Pamela Anderson.
Com 17 anos, ela colocou uma prótese de
250 ml e diz que teve pouca dor. "A tatuagem que eu fiz doeu muito mais."
O número de adolescentes recorrendo à
cirurgia para resolver suas insatisfações
com o próprio corpo tem aumentado significativamente. "A quantidade de meninas
que colocam prótese aumentou mais de
300% nos últimos dez anos", diz o secretário-geral da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Oswaldo Saldanha.
O efeito mais imediato é uma boa levantada na auto-estima. "Depois da cirurgia,
elas dizem que se sentem mais poderosas",
diz o cirurgião plástico João Carlos Sampaio Góes, presidente da Isaps (International Society of Aesthetic Plastic Surgery).
"Eu não tinha nada, e isso me incomodava muito. Desde que eu era pequena, a única coisa que eu queria era ter peito", diz
Andréa Oliveira Alves Goulart, 22, recém-operada. "Um dia, eu chorei porque não
estava conseguindo fazer as coisas sem ajuda, mas passou logo. Adorei o resultado,
estou muito feliz."
"Fica muito melhor, qualquer coisa que
você veste fica bem. Antes, eu usava sutiã
com enchimento", diz Suraya Marcondes
Cabral, 22, que colocou silicone há um ano.
Seu pai, o cirurgião plástico Lecy Marcondes Cabral, do hospital São Luís, acompanhou a operação. "No começo fica inchado, dói um pouco, depois volta ao normal."
A febre dos peitos grandes é tanta que já
chegou ao Orkut, rede de relacionamentos
da internet. A comunidade "Sim, Eu Tenho
Peito!", tinha na quinta-feira passada 5.842
membros; para participar, tem que ter
"peitão". Já as comunidades "Eu Não Tenho Peito" e "Não, Eu Não Tenho Peito!",
reuniam 16 e seis membros, respectivamente. "Vamos lá, meninas, auto-estima e
pensem positivamente... Um dia eles podem crescer!", diz o texto de apresentação.
No entanto, nem todas as meninas que
têm peitos grandes são felizes com eles e
muitas procuram a cirurgia plástica. Mas,
ao contrário do que acontecia há 20 anos,
quando as pacientes pediam peitos pequenos, hoje elas querem apenas tirar um pouco e continuar com peito grande.
"Incomoda muito, não consigo me sentir
bem", afirmou Marília Faria Martins, 16,
um dia antes da cirurgia de redução, feita
com o cirurgião plástico Garabet Karabachian, acompanhada pelo Folhateen.
No dia seguinte, ela disse que estava com
dor, mas, mesmo assim, não estava arrependida. "Só de pensar que vai ficar do jeito que eu quero, o arrependimento passa
rapidinho", disse. Cinco dias depois, ela já
estava sem dor e bem mais animada. "Acho
que vai mudar muita coisa na minha vida.
Agora não vou mais ficar nervosa só de
pensar que preciso escolher uma roupa."
Auto-estima em alta, sensação de mais feminilidade e maior poder de sedução:
parece mais resultado do trabalho de
psicólogos do que de cirurgiões. "Nós
vivemos um tempo em que a identidade do adolescente depende cada vez
mais do julgamento externo. Mas, se
você faz a sua identidade dependente
do olhar do outro, você terá problemas
com seio ou sem seio", acredita o psicólogo Miguel Perosa, professor de psicologia da adolescência da PUC-SP.
O cirurgião plástico Leonard Edward
Bannet, um dos donos da clínica Santé, de
São Paulo, acha isso uma "bobagem". "Os
psicólogos acham melhor pagar para fazer
anos de terapia e não resolver o problema
do que botar na mesa de cirurgia
e resolver na hora", afirma. Pelo
jeito, cada vez mais meninas concordam com ele.
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