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MÚSICA
Mais maduros, baianos do Catapulta lançam segundo CD
A revanche do forrocore
GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL
O Catapulta está de volta.
Cinco anos depois de
lançar seu disco homônimo pela Roadrunner (hoje Sum Records), a banda
baiana que mistura hardcore com ritmos nordestinos lança agora o álbum
"2ª Versão".
Esse hiato de cinco anos
foi forçado. "Com a venda
da Roadrunner, deixamos de ter o apoio da gravadora na promoção do
primeiro disco e perdemos nosso empresário,
mas ficamos presos pelo
contrato. Só agora pudemos lançar um novo disco, desta vez independente", conta o vocalista Moisés Souto, 30.
No novo álbum, o prato
principal do Catapulta
continua sendo um forrocore um tanto tosco, com
letras em bom "nordestês", que lembram bastante os Raimundos.
"Talvez a gente até pudesse ter variado mais,
mas usamos o forrocore
para reafirmar o primeiro
disco, que tem essas características", diz Souto,
para quem a banda se inspira em Raimundos e
Chico Science, mas tem
luz própria.
"Algumas músicas têm
um diferencial em relação
ao forrocore. "Minha Mãe
me Disse" é um frevo agalopado e "No Talo" é um
galopecore", explica Souto, referindo-se ao galope,
uma dança acelerada, típica do nordeste.
Para o vocalista, o uso
desses ritmos nordestinos
é natural. "Nasci no interior da Bahia, ouvindo
embolada, forró e cordel.
Só conheci o rock aos 23
anos", conta.
Se a mistura de hardocore com forró dá corpo
ao álbum, não é dela que
saem as melhores faixas. E
isso não é nenhuma surpresa, pois, depois dos
Raimundos e de Science,
essa mistura se desgastou,
tornou-se quase um lugar-comum do rock brasileiro dos anos 90.
O melhor de "2ª Versão" são as faixas "Laricando", "Oxalá", "Guilhotina" e "Propina", que
captam a banda falando
sem duplo sentido. As letras são corrosivas e alicerçadas por um instrumental pesado, que flerta
com o hip hop.
"Esse disco trouxe essa
onda de protesto porque a
gente amadureceu nesses
últimos anos. Estou flertando muito com a linguagem do rap, que é
mais direta, e algumas das
músicas do disco pediam
essa clareza", explica Souto. "Mesmo assim, a gente
não vai deixar de brincar,
porque nem tudo são lágrimas", diz.
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