São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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MÚSICA

Mais maduros, baianos do Catapulta lançam segundo CD

A revanche do forrocore

GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL

O Catapulta está de volta. Cinco anos depois de lançar seu disco homônimo pela Roadrunner (hoje Sum Records), a banda baiana que mistura hardcore com ritmos nordestinos lança agora o álbum "2ª Versão".
Esse hiato de cinco anos foi forçado. "Com a venda da Roadrunner, deixamos de ter o apoio da gravadora na promoção do primeiro disco e perdemos nosso empresário, mas ficamos presos pelo contrato. Só agora pudemos lançar um novo disco, desta vez independente", conta o vocalista Moisés Souto, 30.
No novo álbum, o prato principal do Catapulta continua sendo um forrocore um tanto tosco, com letras em bom "nordestês", que lembram bastante os Raimundos.
"Talvez a gente até pudesse ter variado mais, mas usamos o forrocore para reafirmar o primeiro disco, que tem essas características", diz Souto, para quem a banda se inspira em Raimundos e Chico Science, mas tem luz própria.
"Algumas músicas têm um diferencial em relação ao forrocore. "Minha Mãe me Disse" é um frevo agalopado e "No Talo" é um galopecore", explica Souto, referindo-se ao galope, uma dança acelerada, típica do nordeste.
Para o vocalista, o uso desses ritmos nordestinos é natural. "Nasci no interior da Bahia, ouvindo embolada, forró e cordel. Só conheci o rock aos 23 anos", conta.
Se a mistura de hardocore com forró dá corpo ao álbum, não é dela que saem as melhores faixas. E isso não é nenhuma surpresa, pois, depois dos Raimundos e de Science, essa mistura se desgastou, tornou-se quase um lugar-comum do rock brasileiro dos anos 90.
O melhor de "2ª Versão" são as faixas "Laricando", "Oxalá", "Guilhotina" e "Propina", que captam a banda falando sem duplo sentido. As letras são corrosivas e alicerçadas por um instrumental pesado, que flerta com o hip hop.
"Esse disco trouxe essa onda de protesto porque a gente amadureceu nesses últimos anos. Estou flertando muito com a linguagem do rap, que é mais direta, e algumas das músicas do disco pediam essa clareza", explica Souto. "Mesmo assim, a gente não vai deixar de brincar, porque nem tudo são lágrimas", diz.



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