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São Paulo, segunda-feira, 03 de fevereiro de 2003

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MÚSICA

Trabalho e pouco glamour fazem a vida dos grupos cover

Originalmente clones

RICARDO LISBÔA
DA REPORTAGEM LOCAL

Cantar a música ou tentar dançar igual ao ídolo todo mundo faz. Mas às vezes essa vontade é tão grande que começa a exigir um palco sob os pés e quando menos espera, você já está num grupo cover.
Foi assim até com os Raimundos, que no começo de carreira se apresentavam fazendo versões dos Ramones. E o caso mais clássico de todos é o dos Beatles que até 1962 adaptavam, para melhor, os rocks de sucesso dos EUA.
Ainda hoje fazer uma banda cover é o trampolim mais à mão -ou ao pé, no caso- para quem quer se aventurar no mundo musical. Daí é só achar uma galera que concorde com você, ensaiar e correr atrás de lugares legais para se apresentar.
Fernando Teixeira, 21, entrou nessa há um ano e oito meses, como baterista da Linkin Park Cover. "Houve um festival de bandas cover em São Bernardo do Campo, e a gente tinha um grupo que tocava Iron Maiden, mas muitas bandas faziam a mesma coisa. Então pesquisamos que outro grupo poderia ser legal para concorrer e chegamos ao Linkin Park", diz.
Ele conta que o melhor para ganhar espaço é procurar fazer um trabalho "mais inédito", porque sempre há muita concorrência.
Outra coisa que não se deve esquecer é da aparência. "A gente pega vídeos e DVDs para ver como os caras do LP estão se vestindo e se mexendo no palco. A gente tem sorte porque os dois vocalistas são muito parecidos com os originais", afirma. Eles chegam a colocar piercings falsos para ficarem mais caracterizados.
Agora, uma aula de caracterização é dada pelo Destroyer Kiss Cover, banda que existe há 19 anos fazendo covers da "banda de rock mais comercial do planeta", como diz o guitarrista Fábio "Stanley", ou Sales, quando não está em cima do palco. "O Kiss é legal porque pega as pessoas pelo visual", afirma.
"Stanley" é o único integrante que está desde o início do grupo pelo qual já passaram mais de 40 pessoas. Ainda assim, depois de tanto tempo e determinação, ele não consegue viver só da banda: "O mercado para nós até que é aberto, porque fazemos um espetáculo teatral, cuspimos fogo, quebramos guitarra e tudo, mas trabalho em outra coisa para garantir o dinheiro no fim do mês. Para viver só de música, que era o que eu queria, é preciso se dedicar a várias bandas".
Ser integrante de várias bandas ao mesmo tempo é o que acontece com a maioria dos músicos cover. Na Eggbox, que toca de Bee Gees a Pearl Jam, também é assim, o que garante o ecletismo.

Em sincronia
O mundo dos covers é tão grande que existe até os que têm um grupo que não toca nem canta as músicas. É o caso do Ngels, cover dos americanos do N'sync, que dublam e dançam conforme a música dos originais. Eduardo "Timberlake", integrante do grupo, afirma que o melhor de tudo é a amizade que surge entre os vários artistas e vai além: "Nossa idéia é estimular mais grupos cover -porque é mais fácil para começar-, para afastar os jovens das drogas e da violência".

Conselhos
Para a manutenção da banda, seja de cover ou não, é legal tomar muito cuidado com os locais de apresentação. O baterista do Linkin Park Cover lembra que uma vez foram contratados para tocar numa espécie de sítio e quando foram ver não havia palco montado e o local da bateria era uma poça de lama.
No começo, ninguém pode se dar ao luxo de pedir centenas de toalhas brancas (seja lá pelo motivo que for), mas não é legal ficar tocando de graça. Valorize seu trabalho e corra atrás do sucesso.


Contatos: www.linkinparkcover.cjb.net www.destroyerkisscover.cjb.net www.ngels.com.br www.eggbox.com.br


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