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MÚSICA
Trabalho e pouco glamour fazem a vida dos grupos cover
Originalmente clones
RICARDO LISBÔA
DA REPORTAGEM LOCAL
Cantar a música ou tentar dançar
igual ao ídolo todo mundo faz.
Mas às vezes essa vontade é tão
grande que começa a exigir um palco sob os pés e quando menos espera, você já está num grupo cover.
Foi assim até com os Raimundos,
que no começo de carreira se apresentavam fazendo versões dos Ramones. E o caso mais clássico de todos é o dos Beatles que até 1962
adaptavam, para melhor, os rocks
de sucesso dos EUA.
Ainda hoje fazer uma banda cover
é o trampolim mais à mão -ou ao
pé, no caso- para quem quer se
aventurar no mundo musical. Daí é
só achar uma galera que concorde
com você, ensaiar e correr atrás de
lugares legais para se apresentar.
Fernando Teixeira, 21, entrou nessa há um ano e oito meses, como baterista da Linkin Park Cover. "Houve um festival de bandas cover em
São Bernardo do Campo, e a gente
tinha um grupo que tocava Iron
Maiden, mas muitas bandas faziam
a mesma coisa. Então pesquisamos
que outro grupo poderia ser legal
para concorrer e chegamos ao Linkin Park", diz.
Ele conta que o melhor para ganhar espaço é procurar fazer um
trabalho "mais inédito", porque
sempre há muita concorrência.
Outra coisa que não se deve esquecer é da aparência. "A gente pega vídeos e DVDs para ver como os
caras do LP estão se vestindo e se
mexendo no palco. A gente tem sorte porque os dois vocalistas são
muito parecidos com os originais",
afirma. Eles chegam a colocar piercings falsos para ficarem mais caracterizados.
Agora, uma aula de caracterização
é dada pelo Destroyer Kiss Cover,
banda que existe há 19 anos fazendo
covers da "banda de rock mais comercial do planeta", como diz o guitarrista Fábio "Stanley", ou Sales,
quando não está em cima do palco.
"O Kiss é legal porque pega as pessoas pelo visual", afirma.
"Stanley" é o único integrante que
está desde o início do grupo pelo
qual já passaram mais de 40 pessoas. Ainda assim, depois de tanto
tempo e determinação, ele não consegue viver só da banda: "O mercado para nós até que é aberto, porque
fazemos um espetáculo teatral, cuspimos fogo, quebramos guitarra e
tudo, mas trabalho em outra coisa
para garantir o dinheiro no fim do
mês. Para viver só de música, que
era o que eu queria, é preciso se dedicar a várias bandas".
Ser integrante de várias bandas ao
mesmo tempo é o que acontece
com a maioria dos músicos cover.
Na Eggbox, que toca de Bee Gees a
Pearl Jam, também é assim, o que
garante o ecletismo.
Em sincronia
O mundo dos covers é tão grande
que existe até os que têm um grupo
que não toca nem canta as músicas.
É o caso do Ngels, cover dos americanos do N'sync, que dublam e dançam conforme a música dos originais. Eduardo "Timberlake", integrante do grupo, afirma que o melhor de tudo é a amizade que surge
entre os vários artistas e vai além:
"Nossa idéia é estimular mais grupos cover -porque é mais fácil para
começar-, para afastar os jovens
das drogas e da violência".
Conselhos
Para a manutenção da banda, seja
de cover ou não, é legal tomar muito
cuidado com os locais de apresentação. O baterista do Linkin Park Cover lembra que uma vez foram contratados para tocar numa espécie de
sítio e quando foram ver não havia
palco montado e o local da bateria
era uma poça de lama.
No começo, ninguém pode se dar
ao luxo de pedir centenas de toalhas
brancas (seja lá pelo motivo que
for), mas não é legal ficar tocando de
graça. Valorize seu trabalho e corra
atrás do sucesso.
Contatos: www.linkinparkcover.cjb.net
www.destroyerkisscover.cjb.net
www.ngels.com.br
www.eggbox.com.br
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