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São Paulo, segunda-feira, 03 de fevereiro de 2003

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FOLHATEEN EXPLICA

Prioridade do governo Lula enfrenta críticas até mesmo de petistas

Os problemas na implantação do programa Fome Zero

GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O Fome Zero, principal programa social do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi lançado na quinta-feira passada em Brasília, sob críticas de organizações da sociedade civil e até mesmo de petistas.
Ambicioso, o programa pretende, nos próximos quatro anos, erradicar a fome no país e ainda oferecer projetos de geração de renda às famílias atendidas.
Em fevereiro, o programa começará a ser testado em dois municípios do Piauí, Guaribas e Acauã, onde atenderá 500 famílias em cada local. Esse piloto deve durar seis meses.
As famílias desses dois municípios vão receber R$ 50 mensais para gastar em alimentação. As compras deverão ser comprovadas por meio de notas fiscais ou recibos de compra. O programa será lançado hoje em Guaribas e amanhã em Acauã. Mas as famílias só começarão a receber o dinheiro a partir do próximo dia 28.
O governo pretende ampliar para até 1,5 milhão o número de famílias atendidas até o fim do ano e gastará com o programa, nesse período, R$ 1,8 milhão.
Além do cartão-alimentação, o governo anunciou como uma das ações do Fome Zero o aumento do valor da merenda escolar para cada aluno da pré-escola (de 4 a 6 anos) de R$ 0,06 para R$ 0,13 por dia. As outras ações do Fome Zero (60 ao todo) ainda não foram anunciadas.
Ou seja: por enquanto o governo anunciou um programa de redução de pobreza, mas ainda não detalhou como fará isso.
As críticas que vêm sendo feitas ao Fome Zero referem-se ao fato de as famílias beneficiadas só poderem usar o dinheiro para comprar alimentos e ainda terem de comprovar as compras.
O senador Eduardo Suplicy (PT), por exemplo, diz que as famílias deveriam ter autonomia para decidir o que fazer com o dinheiro. O atual modelo do programa não permite, por exemplo, que o dinheiro seja usado para comprar remédio.
A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), não critica abertamente o Fome Zero, mas os programas sociais que ela implantou na capital paulista permitem aos beneficiados usar o recurso como quiserem.
Já a coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns, instituição que atua no combate à desnutrição infantil, critica a obrigatoriedade de recibos para comprovar as compras. Ela diz que as equipes que vão fiscalizar notas fiscais deveriam ser usadas para trabalhar em projetos educacionais com as famílias atendidas.


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