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MÚSICA
Matchbox Twenty supera seus limites em terceiro álbum
Fábrica de hits grudentos
DA REPORTAGEM LOCAL
É muito difícil gostar
de um disco do
Matchbox Twenty. Por
outro lado, é muito fácil entender por que
tantos adolescentes do
mundo todo pensam
que não surgiu nada
melhor do que essa
banda americana do
final dos anos 90 para
cá. Essas duas afirmações parecem contraditórias, mas o paradoxo não é tão grande.
Se você é daqueles
que gostam de revirar
a internet em busca de
lançamentos e não se
contentam em ouvir
aquilo que as rádios e a
TV oferecem, é grande
a probabilidade de não
dar bola para as canções do Matchbox
Twenty. Já, se você curte um rock
correto, que consegue mesclar a
guitarreira clássica dos anos 70 com
uma pitada de grunge e de bandas
alternativas dos anos 90, é muito
provável que as músicas da banda
sejam tudo o que você sempre quis
ouvir.
O terceiro disco do grupo, "More
Than You Think You Are", que acaba de ser lançado no Brasil pela
Warner, mesmo estando um passo
acima dos anteriores, continua emparedado nesse paradoxo. Claro
que ecos do megassucesso "Push"
serão sempre ouvidos. Só que o processo de composição é mais elaborado, a despeito de continuar sendo
rock para as massas -uma tradição louca que põe no mesmo balaio
o pop assumido de um Elton John, a
grandiloquência de um Queen e o
populismo de um Bon Jovi.
O que muda no novo álbum são
duas coisas: a primeira é que a banda amadureceu e começou a compor coletivamente; a segunda é o
tratamento menos óbvio dado à
melodia.
Para Rob Thomas, principal compositor e letrista do grupo, essas
duas mudanças refletem seu amadurecimento. "É engraçado que tenhamos levado quase oito anos para escrever músicas juntos", disse
ao Folhateen, por telefone, dos Estados Unidos. "Quando nos reunimos, todos tínhamos canções. Trabalhamos essas músicas, e, no final,
as 12 melhores foram as que fizemos
juntos. Acho que nosso modo de
trabalhar será assim no futuro, pois
as músicas estão mais elaboradas.
Depois de um tempo, não dá para
fazer "Push" toda vez. Essas novas
canções precisam ser ouvidas algumas vezes até que elas soem como
as dos primeiros discos. Para ser um
bom compositor, não basta só escrever uma melodia que grude."
Embora o novo disco tenha bastante criação coletiva, é Rob Thomas quem comanda a orquestra.
Mesmo quando as músicas são de
seus parceiros, como "Could It Be
You", composta pelo baterista Paul
Doucette, a perspectiva do rock maneirista de Thomas nunca se perde.
É como se a banda e o produtor
Matt Serletic, compondo conjuntamente, quisessem clonar a habilidade estilística de Thomas.
O resultado são canções que transitam entre o sentimental e o grandioso, entre o rock para ouvir em
grandes estádios de futebol e as baladas para dar beijos intermináveis
no carro.
Esses são dois lados de uma moeda que cabe no bolso de todo mundo, e Thomas sabe disso. "Recebemos muitas críticas por fazermos
música para as massas. Apóio essas
críticas com orgulho porque nós somos a massa. Cresci ouvindo coisas
como Fleetwood Mac, Tom Petty e
Elton John, e eles compuseram músicas maravilhosas para as massas.
Temos uma base sólida de fãs, e prefiro que eles gostem do meu trabalho", diz Thomas.
A base sólida de fãs deve apoiar
com sorrisos as músicas de "More
Than You Think You Are", principalmente o hit "Disease", parceria
de Thomas com o stone Mick Jagger, de longe a faixa mais bem resolvida do disco, que traz o inconfundível perfume do rock enraizado na
música negra dos anos 60, até hoje a
base das melhores composições dos
Rolling Stones e genéricos.
(GUILHERME WERNECK)
Para ouvir "Disease", com Matchbox
Twenty, ligue para 0/xx/11/3471-4000 e digite 4 - Música. Custo só o da ligação.
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