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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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MÚSICA

Matchbox Twenty supera seus limites em terceiro álbum

Fábrica de hits grudentos

DA REPORTAGEM LOCAL

É muito difícil gostar de um disco do Matchbox Twenty. Por outro lado, é muito fácil entender por que tantos adolescentes do mundo todo pensam que não surgiu nada melhor do que essa banda americana do final dos anos 90 para cá. Essas duas afirmações parecem contraditórias, mas o paradoxo não é tão grande.
Se você é daqueles que gostam de revirar a internet em busca de lançamentos e não se contentam em ouvir aquilo que as rádios e a TV oferecem, é grande a probabilidade de não dar bola para as canções do Matchbox Twenty. Já, se você curte um rock correto, que consegue mesclar a guitarreira clássica dos anos 70 com uma pitada de grunge e de bandas alternativas dos anos 90, é muito provável que as músicas da banda sejam tudo o que você sempre quis ouvir.
O terceiro disco do grupo, "More Than You Think You Are", que acaba de ser lançado no Brasil pela Warner, mesmo estando um passo acima dos anteriores, continua emparedado nesse paradoxo. Claro que ecos do megassucesso "Push" serão sempre ouvidos. Só que o processo de composição é mais elaborado, a despeito de continuar sendo rock para as massas -uma tradição louca que põe no mesmo balaio o pop assumido de um Elton John, a grandiloquência de um Queen e o populismo de um Bon Jovi.
O que muda no novo álbum são duas coisas: a primeira é que a banda amadureceu e começou a compor coletivamente; a segunda é o tratamento menos óbvio dado à melodia.
Para Rob Thomas, principal compositor e letrista do grupo, essas duas mudanças refletem seu amadurecimento. "É engraçado que tenhamos levado quase oito anos para escrever músicas juntos", disse ao Folhateen, por telefone, dos Estados Unidos. "Quando nos reunimos, todos tínhamos canções. Trabalhamos essas músicas, e, no final, as 12 melhores foram as que fizemos juntos. Acho que nosso modo de trabalhar será assim no futuro, pois as músicas estão mais elaboradas. Depois de um tempo, não dá para fazer "Push" toda vez. Essas novas canções precisam ser ouvidas algumas vezes até que elas soem como as dos primeiros discos. Para ser um bom compositor, não basta só escrever uma melodia que grude."
Embora o novo disco tenha bastante criação coletiva, é Rob Thomas quem comanda a orquestra. Mesmo quando as músicas são de seus parceiros, como "Could It Be You", composta pelo baterista Paul Doucette, a perspectiva do rock maneirista de Thomas nunca se perde. É como se a banda e o produtor Matt Serletic, compondo conjuntamente, quisessem clonar a habilidade estilística de Thomas.
O resultado são canções que transitam entre o sentimental e o grandioso, entre o rock para ouvir em grandes estádios de futebol e as baladas para dar beijos intermináveis no carro.
Esses são dois lados de uma moeda que cabe no bolso de todo mundo, e Thomas sabe disso. "Recebemos muitas críticas por fazermos música para as massas. Apóio essas críticas com orgulho porque nós somos a massa. Cresci ouvindo coisas como Fleetwood Mac, Tom Petty e Elton John, e eles compuseram músicas maravilhosas para as massas. Temos uma base sólida de fãs, e prefiro que eles gostem do meu trabalho", diz Thomas.
A base sólida de fãs deve apoiar com sorrisos as músicas de "More Than You Think You Are", principalmente o hit "Disease", parceria de Thomas com o stone Mick Jagger, de longe a faixa mais bem resolvida do disco, que traz o inconfundível perfume do rock enraizado na música negra dos anos 60, até hoje a base das melhores composições dos Rolling Stones e genéricos. (GUILHERME WERNECK)


Para ouvir "Disease", com Matchbox Twenty, ligue para 0/xx/11/3471-4000 e digite 4 - Música. Custo só o da ligação.


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