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folhateen explica
INBC adverte: para quem produz drogas, o crime não compensa
Por que o tráfico de drogas atrapalha a economia?
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi divulgado na semana passada o Relatório Anual da Junta Internacional de Controle de Drogas (INBC, na abreviação em inglês) para 2002, que analisa a relação entre drogas ilícitas e desenvolvimento econômico,
comprometimento político e desestabilização social.
Uma das informações mais surpreendentes
do relatório é: do ponto de vista da produção
de drogas, o crime não compensa. Isso porque a maior parte
dos lucros obtidos
com o tráfico de
drogas ilícitas não
vai para os países em
que ocorre o cultivo,
mas para aqueles em
que as drogas são
vendidas e consumidas. Os produtores ficam
com apenas 1% do lucro. Por outro lado, os
traficantes, no corpo a corpo com consumidores, abocanham 99% dele. A diferença entre o que vai para o bolso de camponeses colombianos e o que cai na conta de traficantes
de esquina em São Paulo, por exemplo, é gigantesca. Em 2001, o cultivo de papoula e de
folhas de coca foi estimado em US$ 1,1 bilhão
enquanto os gastos de consumidores de heroína e de cocaína nos EUA e na Europa somaram US$ 80 bilhões.
Países que produzem drogas também costumam andar mais para trás do que para a
frente, segundo o informe. Bolívia e Peru, por
exemplo, tiveram sua economia encolhida
em 0,2% e 0,1%, respectivamente, nos anos
80, quando houve um crescimento na produção de folhas de coca. Nos anos 90, quando
ocorreu uma queda de 66% nessa produção,
o crescimento econômico desses países foi de
4% e 4,7%, respectivamente.
Em outros países, como Colômbia e Mianmar, a produção de drogas está diretamente
relacionada a situações de guerra civil, o que
inibe investimentos nacionais e estrangeiros
no país. No campo social, o tráfico de drogas
aumenta a violência e a criminalidade -e
basta lembrar que, no Brasil, na semana passada, o Rio foi tomado por uma onda de terror
levantada pelo Comando Vermelho, por
exemplo- e intensifica a corrupção da elite e
do sistema político.
Para combater esse quadro, a Junta propõe a
conscientização das classes médias e ricas de
que, ao consumir drogas, estão alimentando o
tráfico e a violência, e investir no tratamento
de dependentes.
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