UOL


São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

folhateen explica

INBC adverte: para quem produz drogas, o crime não compensa

Por que o tráfico de drogas atrapalha a economia?

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi divulgado na semana passada o Relatório Anual da Junta Internacional de Controle de Drogas (INBC, na abreviação em inglês) para 2002, que analisa a relação entre drogas ilícitas e desenvolvimento econômico, comprometimento político e desestabilização social.
Uma das informações mais surpreendentes do relatório é: do ponto de vista da produção de drogas, o crime não compensa. Isso porque a maior parte dos lucros obtidos com o tráfico de drogas ilícitas não vai para os países em que ocorre o cultivo, mas para aqueles em que as drogas são vendidas e consumidas. Os produtores ficam com apenas 1% do lucro. Por outro lado, os traficantes, no corpo a corpo com consumidores, abocanham 99% dele. A diferença entre o que vai para o bolso de camponeses colombianos e o que cai na conta de traficantes de esquina em São Paulo, por exemplo, é gigantesca. Em 2001, o cultivo de papoula e de folhas de coca foi estimado em US$ 1,1 bilhão enquanto os gastos de consumidores de heroína e de cocaína nos EUA e na Europa somaram US$ 80 bilhões.
Países que produzem drogas também costumam andar mais para trás do que para a frente, segundo o informe. Bolívia e Peru, por exemplo, tiveram sua economia encolhida em 0,2% e 0,1%, respectivamente, nos anos 80, quando houve um crescimento na produção de folhas de coca. Nos anos 90, quando ocorreu uma queda de 66% nessa produção, o crescimento econômico desses países foi de 4% e 4,7%, respectivamente.
Em outros países, como Colômbia e Mianmar, a produção de drogas está diretamente relacionada a situações de guerra civil, o que inibe investimentos nacionais e estrangeiros no país. No campo social, o tráfico de drogas aumenta a violência e a criminalidade -e basta lembrar que, no Brasil, na semana passada, o Rio foi tomado por uma onda de terror levantada pelo Comando Vermelho, por exemplo- e intensifica a corrupção da elite e do sistema político.
Para combater esse quadro, a Junta propõe a conscientização das classes médias e ricas de que, ao consumir drogas, estão alimentando o tráfico e a violência, e investir no tratamento de dependentes.


Texto Anterior: internotas: O tempo voa
Próximo Texto: estante: Quase-romance daqueles que nos fazem viajar sem sairmos do lugar
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.