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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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Quase-romance daqueles que nos fazem viajar sem sairmos do lugar

LUÍS AUGUSTO FISCHER
COLUNISTA DA FOLHA

Eu não sei se é o seu caso, mas, às vezes, tudo de que a gente precisa é um bom romance para apagar a realidade aborrecida. Um bom texto em que possamos mergulhar e que nos mantenha lá embaixo, respirando o ar daquela atmosfera plena que só a ficção nos proporciona. Um texto que sirva como um escafandro para um mergulho em nossas próprias intimidades.
Por isso é que vai hoje a sugestão de "Quase Memória", de Carlos Heitor Cony, um craque na matéria de nos fazer viajar sem sair do lugar. Cony diz que esse livro é um quase-romance, com hífen, brincando com a palavra e sugerindo que há ali outros temperos.
Enredo: um sujeito, chamado Carlos Heitor Cony, está saindo de um restaurante quando é chamado por um funcionário que lhe entrega um pacote. Cony recebe o embrulho e sente um desconforto, porque tudo leva a crer que foi seu próprio pai quem o enviou e seu pai está morto há muitos anos. Cony toma o embrulho, leva-o para o escritório onde trabalha e ali passa a desfiar lembranças e mais lembranças, sempre associadas a algum aspecto daquele estranho presente.
O que lemos nesse comovente texto é quase uma só e contínua declaração de amor, porque o personagem começa a comparar sua vida atual com a passada, confrontando a idade adulta com a infância e a juventude e, naturalmente, sua personalidade com a de seu velho e saudoso pai.


"Quase Memória"
Autor: Carlos Heitor Cony
Editora: Cia. das Letras
Quanto: R$ 27




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