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Quase-romance daqueles que nos fazem viajar sem sairmos do lugar
LUÍS AUGUSTO FISCHER
COLUNISTA DA FOLHA
Eu não sei se é o seu caso, mas, às
vezes, tudo de que a gente precisa
é um bom romance para apagar a
realidade aborrecida. Um bom texto em que possamos mergulhar e
que nos mantenha lá embaixo, respirando o ar daquela atmosfera plena que só a ficção nos proporciona.
Um texto que sirva como um escafandro para um mergulho em nossas próprias intimidades.
Por isso é que vai hoje a sugestão
de "Quase Memória", de Carlos
Heitor Cony, um craque na matéria
de nos fazer viajar sem sair do lugar.
Cony diz que esse livro é um quase-romance, com hífen, brincando
com a palavra e sugerindo que há ali
outros temperos.
Enredo: um sujeito, chamado
Carlos Heitor Cony, está saindo de
um restaurante quando é chamado
por um funcionário que lhe entrega
um pacote. Cony recebe o embrulho e sente um desconforto, porque
tudo leva a crer que foi seu próprio
pai quem o enviou e seu pai está
morto há muitos anos. Cony toma o
embrulho, leva-o para o escritório
onde trabalha e ali passa a desfiar
lembranças e mais lembranças,
sempre associadas a algum aspecto
daquele estranho presente.
O que lemos nesse comovente
texto é quase uma só e contínua declaração de amor, porque o personagem começa a comparar sua vida
atual com a passada, confrontando
a idade adulta com a infância e a juventude e, naturalmente, sua personalidade com a de seu velho e saudoso pai.
"Quase Memória"
Autor: Carlos Heitor Cony
Editora: Cia. das Letras
Quanto: R$ 27
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