São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2004

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Festival de rock é bom, mas também é chato

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

O verão está chegando lá na metade de cima do planeta. E verão, para os gringos, é sinônimo de festivais de música para os gostos mais variados. Para eles, o verão tem um significado ainda mais forte do que para os brasileiros. É que, no hemisfério Norte, faz um frio desesperador quase o ano inteiro, e o simples fato de poder sair à rua para se divertir tem um valor muito alto.
Para muita gente, os festivais são uma oportunidade única de conhecer artistas novos e conferir o talento dos já consagrados. Mas, como nada é perfeito, existem muitos fãs de música que não gostam de festivais. Preferem shows em clubes, ambientes mais íntimos.
Fiel à sua tradição democrática, "Escuta Aqui" expõe os prós e contras do assunto. Escolha o seu lado!

1) Festivais são um mostruário sensacional do que de mais importante acontece no cenário de música.
É verdade, mas são tantas atrações ao mesmo tempo que, às vezes, você tem de escolher entre dois ou mais shows simultâneos e sempre acaba perdendo coisas importantes.

2) Além da música em si, os festivais valem pela farra, pela reunião de milhares de pessoas legais com interesses comuns.
Sem dúvida, mas a muvuca fica muitas vezes insuportável -fila para entrar, fila para usar os banheiros imundos, fila para comprar bebida etc.

3) As bandas ficam muito mais animadas ao tocar para platéias gigantescas do que quando se apresentam em clubes pequenos.
É fato, mas muitos grupos mais jovens acabam se apavorando diante das multidões e fazem apresentações fraquíssimas por pura tremedeira.

4) Em um festival, você consegue ver, em um ou dois dias, o equivalente a meses e meses de shows em casas pequenas.
Inegável, mas, em festivais, são tantos grupos espremidos em pouco tempo que os caras têm de tocar quatro ou cinco músicas e cair fora rapidinho para liberar o palco para a próxima atração.

5) Nada se compara à energia de um festival.
Sem dúvida, mas não há energia nesse mundo que consiga fazer o som chegar àquele povo que está lá atrás, a um quilômetro do palco, sem escutar ou enxergar coisa alguma.

6) São tantas as atrações que, além de tudo, os festivais são um jeito relativamente barato de ver um montão de artistas.
Indiscutível, mas só para os gringos. Quem se atrever a viajar aqui do Brasil para a Europa ou para os EUA pode se preparar para morrer numa grana forte de passagem aérea, hospedagem e gastos variados no dia-a-dia. Quando transformadas em real, essas despesas dão vontade de chorar...

7) Festival é bom porque, mesmo que você não esteja a fim da música, vai conseguir se divertir paquerando e/ou fazendo bagunça com os amigos.
É claro que isso acontece. Mas, pensando bem, se fosse só para zoar, era melhor ir para a praia ou ficar na esquina de casa só filmando o movimento...

8) É uma delícia ficar de bobeira em um festival, deitado na grama e relaxando enquanto seu som preferido rola ao fundo.
Verdade, dá para ficar um tempão de bobeira, só olhando para o céu. Mas o clima "relax" acaba na hora de ir embora. Principalmente se o festival for nos EUA, onde o transporte público é, em geral, caidaço, todo mundo vai de carro e os congestionamentos costumam ser dantescos.
E então, já decidiu se festivais são uma delícia ou uma roubada?


Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
E-mail: cby2k@uol.com.br



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