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Por que a série "Premonição" é tão legal?
CARLOS PRIMATI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Premonição 2" é uma daquelas exceções que justificam
a regra: uma continuação que
supera (e muito) o original.
Deixa a dever no quesito originalidade, é claro, mas o primeiro "Premonição" também estava longe de ser um primor de
criatividade.
A idéia pega o conceito básico
do filme de matança e coloca a
própria Morte no lugar normalmente ocupado por bichos-papões como Jason, Freddy,
Michael Myers e similares. O
primeiro "Premonição" ("Final
Destination", 2000), dirigido
por James Wong, prolífico realizador da série "Arquivo X",
peca ao querer se levar muito a
sério, mesmo contando uma
história absurda, típica de filmes de terror.
Enquanto embarca rumo a
Paris, um estudante tem a visão
de que seu avião explodirá logo
após a decolagem. O garoto dá
um chilique e desembarca juntamente de cinco colegas e uma
professora. O avião explode
poucos minutos depois, matando todos a bordo.
O filme fica interessante
quando os sobreviventes passam a ser perseguidos e mortos
das maneiras mais bizarras. A
própria Morte veio buscá-los
para que cumpram seus destinos, não poupando esforços para levar suas vítimas das maneiras mais grotescas.
O humor negro, nem sempre
tão sutil, sofre na mão pesada
de Wong, que imprime à narrativa aquele ranço almofadinha
de "Arquivo X". Mesmo assim,
o filme fez sucesso, graças ao
elenco jovem e bonito, motivando uma continuação três
anos depois.
Histérico
O segundo filme, "Premonição 2" ("Final Destination 2",
2003), não fica com firulas inúteis e parte logo para o exagero
ao narrar uma variação histericamente divertida sobre o mesmo tema. A trama acontece um
ano depois do desastre aéreo do
filme anterior.
Desta vez, o acidente ocorre
numa estrada, num espetacular
engavetamento envolvendo
carros, motos e caminhões. O
diretor e dublê de cenas de perigo David R. Ellis, surfista nas
horas vagas, esbanja domínio
técnico numa cena de abertura
de tirar o fôlego, nos moldes da
perseguição na auto-estrada de
"Matrix Reloaded" (2003), filme no qual trabalhou como diretor de segunda unidade.
O melhor de "Premonição 2",
como não poderia deixar de ser,
são as cenas de morte; não pelo
grotesco, por mostrar vísceras
e sangue, mas pela engenhosidade maquiavélica de cada situação. Novamente, a Ceifadora vai atrás da turma que driblou seu chamamento, cobrando suas vidas um a um.
As artimanhas da Dona Morte nos fazem pensar em quão
nefastos podem ser seus desígnios e no quanto a vida é frágil.
Mas tal pensamento só dura
uma fração de segundo. Esse
não é o tipo de filme que nos faz
pensar; é mesmo só para curtir.
Enquanto a morte não chega.
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