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Estatuto é passo na direção certa, afirma Yuka
DA REPORTAGEM LOCAL
Marcelo Yuka, líder do
F.U.R.T.O., sempre foi ativista
da não-violência. Mesmo antes
de ser vítima de nove tiros em tentativa
de assalto no dia 10 de novembro de
2000, que o deixaram preso a uma cadeira de rodas. Hoje, após 16 cirurgias, ainda há uma bala alojada no pescoço do
músico. A favor do desarmamento mesmo antes da tragédia, Yuka sofre outras
seqüelas, como conta ao Folhateen. (LF)
Folha - Por que votar sim?
Marcelo Yuka - A gente vive em um
país que está na vanguarda da violência
e a gente precisa de ações na vanguarda
da contraviolência. Caso a gente opte pelo desarmamento, teremos uma opção
mais pacífica, porque estamos vendo a
sociedade muitas vezes clamando por
vingança por meio da polícia. Então, na
medida em que a população se arma, a
polícia se arma. É uma incoerência em
relação à contraviolência, porque deixa
a sociedade em um fogo cruzado.
Folha - A tragédia mudou a sua maneira de encarar a violência?
Yuka - A minha, não. Já venho com essa temática há muito tempo. A diferença
é que agora estou mais estereotipado, virei um ícone pacifista. Mas embora eu
tenha esse estereótipo, eu poderia matar, se tivesse uma arma. Várias vezes eu
fui humilhado ou sofri preconceito e faria um ato impensado que não iria ser a
cura para os problemas que eu enfrento.
Folha - O acidente poderia ser evitado
se o estatuto já existisse em 2000?
Yuka - O estatuto e a proibição não são
um milagre pelo fim da violência. São
um passo na direção certa, mas vêm no
bojo de várias medidas. O Brasil está se
armando como uma tentativa de acabar
com a violência e, cada vez que se arma
mais, produz violência. O desarmamento propõe um outro ponto de vista, mas
não é a solução. É um primeiro passo.
Folha - Como você está hoje?
Yuka - Eu tenho menos de 40% de meu
corpo funcionando. Estou em progresso, venho ganhando gradativamente
mais sensibilidade. Mas, mesmo assim,
tenho dificuldade respiratória, problemas cardíacos, no sistema digestivo, de
bexiga, enfim, além dos cuidados que tenho de ter. Tenho 24 horas de dor. De alguma maneira, consigo conviver com
ela, mas há picos de dor que dificultam
até mesmo o meu raciocínio.
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