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LIVROS
Série narra as aventuras de um 007 adolescente
Pequenas espionagens
IANICK TAKAES DE OLIVEIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A impressão que eu tive
ao ler a série Alex Rider
é a de ter lido um roteiro
de cinema romanceado
sobre superespiões. Com
os clichês e tudo.
Situações absurdas são
norma na história de
um garoto de 14 anos
que, após a morte de
seu tio e mentor, vê seu
mundo de pernas para o
ar, pois descobre que ele
trabalhava como espião
para o MI6 (o serviço
secreto britânico) e
passa a ter de colaborar com o governo,
ocupando o lugar do
tio em uma missão contra um empresário multimilionário que, apesar de
parecer não oferecer perigo nenhum, planeja um
crime terrível contra a Inglaterra.
O tema é recorrente nos
três livros da série. Embora novas condições sejam
estabelecidas na vida do
espião mirim, pouco muda na história, o que a torna um tanto cansativa. Se,
no primeiro livro, ele luta
contra um supervilão, no
segundo e no terceiro
também e, mesmo que os
nomes, as localidades e as
situações mudem, que
novos temperos sejam
adicionados à trama e que
os "scripts" melhorem
um pouco,
fica a impressão
de que é
apenas uma história recontada.
Os livros são pontuados
por crises de adolescência, bugigangas juvenis do
naipe dos aparatos bondianos, e ação frenética
que, fora das telas de cinema, parecem um pouco
deslocadas. Não que atrapalhe com uma linguagem complicada para o
público infanto-juvenil,
mas o autor, Anthony
Horowitz, peca pelo excesso de descrição nos feitos de Alex, fazendo destes uma confusão de
acontecimentos, explosões e tiros perdidos no
meio da trama. Se num
filme isso é legal, em um
livro nem tanto.
Outro problema do livro é que apresenta falhas perceptíveis no
roteiro, abandonando o
verídico e o aceitável, em
favor de certo abuso do
maniqueísmo. Não dá nenhuma cor à história e
acaba produzindo algo
raso (não que eu ache que
se quisesse fazer algo superior a isso, pois a série
parece unicamente querer responder à pergunta:
"Como seria um James
Bond adolescente?").
Mas, se algum mérito tem
o autor, é o de, aparentemente, ter se empenhado
em criar um certo realismo ao pesquisar locais e
instrumentos usados. Por
exemplo, não se contenta
em apenas citar uma praça em Paris ou um avião.
Faz questão de descrever
a tal praça e o tal avião,
dando nomes e detalhes
(embora isso cause uma
quebra de ritmo entediante).
A história teria sido
mais bem aproveitada se tivesse
sido vendida a
Hollywood, pois é
inegavelmente superior a filmes medíocres
como "Pequenos Espiões" e envereda pelo
mesmo caminho. Mas,
como livro para um público jovem, deve servir
de entretenimento, algo
para ler sem grandes pretensões.
A seu favor, diga-se que
apresenta o charme característico das séries, que
é o de querer saber sempre o que vem depois (e
isso o autor conduz bem,
terminando cada livro como um capítulo de novela, ou seja, cortando bem
no meio para criar suspense para o próximo livro). Mas não espere muito mais que a mesmíssima
história já vista nos filmes
do 007 e em outros do gênero em outro plano, pois
realmente não vai além
disso.
Ianick Takaes de Oliveira,
16, é aluno da segunda série
do Colégio Arquidiocesano
"Alex Rider Contra
Stormbreaker"
"Alex Rider Desvenda Point
Blank"
"Alex Rider Mergulha na Ilha do
Esqueleto"
Editora: Publifolha
tel. 0/xx/11/3224-2196
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