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Profissão jogador
Conheça a equipe brasileira que
vai disputar campeonato mundial de "Counter-Strike" em Moscou, na Rússia
NATHALIA LAVIGNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Raphael Ribeiro, o
Cogu, tem uma vida
parecida com a de
outros garotos que
disputavam, no fim
do mês passado, a final brasileira do Kode5 -uma das mais
importantes ligas mundiais de
"Counter-Strike" ("CS"), o famoso jogo de computador.
Como a maioria deles, já virou muitas madrugadas em batalhas entre terroristas e antiterroristas. É conhecido pelo
codinome do mundo virtual e
"vive" em uma LAN house.
Mas há diferenças: Cogu
cumpre expediente em LAN
houses fora do país, assim como seus quatro companheiros
na equipe MIBR (Made in Brazil), da qual é o capitão.
Depois de vencer o Kode5,
em São Paulo, o time vai ter a
honra de disputar a final mundial da liga, em Moscou (Rússia), no próximo dia 9.
A MIBR é considerada uma
das melhores equipes de
"Counter-Strike" do mundo e
seus integrantes, que têm entre
18 e 23 anos, viajam quase o ano
inteiro. E ainda ganham dinheiro com a brincadeira.
Se vencerem a final do Kode5, por exemplo, eles vão embolsar um prêmio de US$ 25
mil, cerca de R$ 55 mil.
Além das boladas com prêmios, que já chegaram a US$ 52
mil num campeonato vencido
em 2006, eles recebem salários
que vão de R$ 800 a R$ 1.400.
"Desde 2005, lutei para ter
uma oportunidade como essa,
não podia jogar fora", justifica
Guilherme Spacca, 19 anos, o
Spacca, que trancou a faculdade de publicidade e deixou o estágio quando entrou no time.
Cogu, 23, também precisou
interromper o curso de administração para se dedicar às estratégias do time.
Antes da etapa brasileira do
Kode5, que decidiu quem iria
para o mundial, eles passaram
duas semanas treinando em
Estocolmo, na Suécia, numa
LAN house frequentada pelos
melhores times da Europa.
Luxo para poucos. Nenhuma
das outras 31 equipes brasileiras que disputaram a etapa nacional teve a mesma regalia.
Nem mesmo os paulistas da
Firegamers, formada por ex-jogadores da MIBR, que anda
ameaçando a soberania da
"matriz".
Mas será que eles têm chance
de vencer a final mundial?
"O maior time do Brasil"
"Não posso dizer que a gente
é favorito desta vez", disse Cogu sobre a etapa local, antes de
colocar seu "headphone", dar
um grito de guerra e começar a
batalha virtual. E vencê-la.
"Eles são o maior time do
Brasil", diz Marcelo Belota, 30,
enquanto filma os rapazes do
MIBR. Dono de uma LAN house em Manaus, o empresário da
equipe Rage sabe que não tem
vez na disputa de gigantes e não
se inibe ao admirar os adversários: "A gente tem que valorizar
os caras".
No meio acadêmico, garotos
como os da MIBR são chamados de "ciberatletas". "Já é uma
carreira. Se eles terão futuro estável, ainda é cedo para dizer",
diz o coordenador do curso de
jogos digitais da PUC-SP, Rogério Cardoso dos Santos.
Por trás do profissionalismo
do time, está outra pessoa que
entrou na equipe, mas não exatamente como "ciberatleta".
Paulo Velloso, pai de um ex-jogador da MIBR, entrou na
onda bancando uma viagem do
grupo para Dallas (Estados
Unidos), onde disputaram uma
final há seis anos. E acabou virando empresário da equipe.
Como se pode perceber, para
esses garotos a brincadeira virou coisa séria.
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