São Paulo, segunda-feira, 04 de maio de 2009

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Profissão jogador

Conheça a equipe brasileira que vai disputar campeonato mundial de "Counter-Strike" em Moscou, na Rússia

NATHALIA LAVIGNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Raphael Ribeiro, o Cogu, tem uma vida parecida com a de outros garotos que disputavam, no fim do mês passado, a final brasileira do Kode5 -uma das mais importantes ligas mundiais de "Counter-Strike" ("CS"), o famoso jogo de computador.
Como a maioria deles, já virou muitas madrugadas em batalhas entre terroristas e antiterroristas. É conhecido pelo codinome do mundo virtual e "vive" em uma LAN house.
Mas há diferenças: Cogu cumpre expediente em LAN houses fora do país, assim como seus quatro companheiros na equipe MIBR (Made in Brazil), da qual é o capitão.
Depois de vencer o Kode5, em São Paulo, o time vai ter a honra de disputar a final mundial da liga, em Moscou (Rússia), no próximo dia 9.
A MIBR é considerada uma das melhores equipes de "Counter-Strike" do mundo e seus integrantes, que têm entre 18 e 23 anos, viajam quase o ano inteiro. E ainda ganham dinheiro com a brincadeira.
Se vencerem a final do Kode5, por exemplo, eles vão embolsar um prêmio de US$ 25 mil, cerca de R$ 55 mil.
Além das boladas com prêmios, que já chegaram a US$ 52 mil num campeonato vencido em 2006, eles recebem salários que vão de R$ 800 a R$ 1.400.
"Desde 2005, lutei para ter uma oportunidade como essa, não podia jogar fora", justifica Guilherme Spacca, 19 anos, o Spacca, que trancou a faculdade de publicidade e deixou o estágio quando entrou no time.
Cogu, 23, também precisou interromper o curso de administração para se dedicar às estratégias do time.
Antes da etapa brasileira do Kode5, que decidiu quem iria para o mundial, eles passaram duas semanas treinando em Estocolmo, na Suécia, numa LAN house frequentada pelos melhores times da Europa.
Luxo para poucos. Nenhuma das outras 31 equipes brasileiras que disputaram a etapa nacional teve a mesma regalia.
Nem mesmo os paulistas da Firegamers, formada por ex-jogadores da MIBR, que anda ameaçando a soberania da "matriz".
Mas será que eles têm chance de vencer a final mundial?

"O maior time do Brasil"
"Não posso dizer que a gente é favorito desta vez", disse Cogu sobre a etapa local, antes de colocar seu "headphone", dar um grito de guerra e começar a batalha virtual. E vencê-la.
"Eles são o maior time do Brasil", diz Marcelo Belota, 30, enquanto filma os rapazes do MIBR. Dono de uma LAN house em Manaus, o empresário da equipe Rage sabe que não tem vez na disputa de gigantes e não se inibe ao admirar os adversários: "A gente tem que valorizar os caras".
No meio acadêmico, garotos como os da MIBR são chamados de "ciberatletas". "Já é uma carreira. Se eles terão futuro estável, ainda é cedo para dizer", diz o coordenador do curso de jogos digitais da PUC-SP, Rogério Cardoso dos Santos.
Por trás do profissionalismo do time, está outra pessoa que entrou na equipe, mas não exatamente como "ciberatleta".
Paulo Velloso, pai de um ex-jogador da MIBR, entrou na onda bancando uma viagem do grupo para Dallas (Estados Unidos), onde disputaram uma final há seis anos. E acabou virando empresário da equipe.
Como se pode perceber, para esses garotos a brincadeira virou coisa séria.


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