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CURSOS
Carreira de DJ atrai cada vez mais jovens e acirra mercado
Profissão hype
João Wainer/Folha Imagem
![](../images/t0408200302.jpg) |
Kleber Kendi (à esq.) e a também aluna Helen Jhey durante curso de DJ com o professor Lupa na ANDJ |
DA REPORTAGEM LOCAL
A pista de dança bomba,
os corpos se entregam
à batida. A massa reverencia, com mãos para cima,
gritinhos e assobios,
aquele que está no comando da diversão: o DJ.
Estar em evidência, conhecer muito sobre música, viajar o mundo e ganhar dinheiro. Quem não
quer isso? Pois é em cima
da imagem (muitas vezes
enganosa, diga-se) de glamour do DJ que muita
gente cobiça a profissão.
Para dar conta dessa demanda, há pelo menos
quatro cursos em São
Paulo que ensinam alguém que nunca teve intimidade com vinis, botões
e pick-ups a ser um DJ.
E precisa fazer curso para ser DJ? Precisar, não
precisa, mas que é uma
mão na roda, isso é.
"É um ótimo caminho
para quem tem contato
com o universo do DJ,
quer ser um, mas não sabe
por onde começar", explica Guilherme Lopes Rodrigues, 22, do Drummagick, que dá aulas.
Na saída do seu último
dia de curso, já com o diploma na mão, Kleber
Kendi, 18, estava otimista,
mas pensava no caminho
a trilhar. "Ainda não me
considero um DJ. Preciso
treinar e desenvolver um
estilo próprio. Quero ser
DJ e, depois, produtor
musical", planeja.
Como é de Mogi das
Cruzes (SP) e por lá não
existe curso de DJ, Kendi
teve de vir a São Paulo para um curso na Assessoria
Nacional de DJs.
"Estou muito animado.
Não vejo a hora de comprar meu equipamento.
Agora, haja dinheiro."
Haja mesmo. O equipamento que um DJ usa é
bem caro. Dois toca-discos profissionais, um mixer, um fone e um par de
caixas de som amplificadas novas não saem por
menos de R$ 6.000.
"Hoje em dia, a coisa
mais fácil é ser DJ. Basta
ter grana", ironiza o DJ
Anderson Noise, que reconhece o valor que um
curso pode ter. "É melhor
começar tendo uns toques do que, como eu,
metendo as caras. Há
quem pense que a trajetória do DJ é fácil. E não é."
O DJ Iraí Campos, 43,
criou o primeiro curso de
DJ em 1987 e sua experiência diz que há muita
gente que sai dali para outras áreas. "O rapper Xis
foi meu aluno, e o Sombra, da rádio 97, também."
Rei das pistas
Não é à toa que a figura
do DJ tem sido ultravalorizada na última década.
Antigamente, DJ era o carinha que colocava umas
músicas numa festa, meio
apagadinho, lá no canto.
Com a ascensão da música eletrônica e da cultura
clubber, o DJ passou a ser
o termômetro da ferveção
das pistas e o autor de seus
hinos. Hoje, muito DJ é
astro pop. Tem nome, sobrenome, codinome até. E
quem é ligado em música
eletrônica sabe os três.
Mas o mercado é bem
concorrido e é preciso batalhar. Um DJ em início de
carreira ganha de R$ 50 a
R$ 300 por um set de duas
horas. "A maioria só consegue tocar duas vezes por
mês", alerta Fernando
Moreno, 34, diretor da
agência de DJs Smartbiz.
Desde que fundou a agência, há três anos, Moreno
percebeu que a oferta de
DJs aumentou muito.
"Cinco batem na porta da
agência por mês procurando trabalho", diz. "Há
gente nova e com talento,
mas há quem tenha 15 discos, pick-ups e diga ser DJ
sem nunca ter tocado."
Tudo isso depois do
hype da profissão. "Por
causa disso, tem muita
gente hoje fazendo lixo.
Hype, para mim, é fazer o
que se gosta e fazer bem-feito", dispara Noise.
(FERNANDA MENA)
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