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São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2003

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CURSOS

Carreira de DJ atrai cada vez mais jovens e acirra mercado

Profissão hype

João Wainer/Folha Imagem
Kleber Kendi (à esq.) e a também aluna Helen Jhey durante curso de DJ com o professor Lupa na ANDJ


DA REPORTAGEM LOCAL

A pista de dança bomba, os corpos se entregam à batida. A massa reverencia, com mãos para cima, gritinhos e assobios, aquele que está no comando da diversão: o DJ.
Estar em evidência, conhecer muito sobre música, viajar o mundo e ganhar dinheiro. Quem não quer isso? Pois é em cima da imagem (muitas vezes enganosa, diga-se) de glamour do DJ que muita gente cobiça a profissão.
Para dar conta dessa demanda, há pelo menos quatro cursos em São Paulo que ensinam alguém que nunca teve intimidade com vinis, botões e pick-ups a ser um DJ.
E precisa fazer curso para ser DJ? Precisar, não precisa, mas que é uma mão na roda, isso é.
"É um ótimo caminho para quem tem contato com o universo do DJ, quer ser um, mas não sabe por onde começar", explica Guilherme Lopes Rodrigues, 22, do Drummagick, que dá aulas.
Na saída do seu último dia de curso, já com o diploma na mão, Kleber Kendi, 18, estava otimista, mas pensava no caminho a trilhar. "Ainda não me considero um DJ. Preciso treinar e desenvolver um estilo próprio. Quero ser DJ e, depois, produtor musical", planeja.
Como é de Mogi das Cruzes (SP) e por lá não existe curso de DJ, Kendi teve de vir a São Paulo para um curso na Assessoria Nacional de DJs.
"Estou muito animado. Não vejo a hora de comprar meu equipamento. Agora, haja dinheiro."
Haja mesmo. O equipamento que um DJ usa é bem caro. Dois toca-discos profissionais, um mixer, um fone e um par de caixas de som amplificadas novas não saem por menos de R$ 6.000.
"Hoje em dia, a coisa mais fácil é ser DJ. Basta ter grana", ironiza o DJ Anderson Noise, que reconhece o valor que um curso pode ter. "É melhor começar tendo uns toques do que, como eu, metendo as caras. Há quem pense que a trajetória do DJ é fácil. E não é."
O DJ Iraí Campos, 43, criou o primeiro curso de DJ em 1987 e sua experiência diz que há muita gente que sai dali para outras áreas. "O rapper Xis foi meu aluno, e o Sombra, da rádio 97, também."

Rei das pistas
Não é à toa que a figura do DJ tem sido ultravalorizada na última década. Antigamente, DJ era o carinha que colocava umas músicas numa festa, meio apagadinho, lá no canto. Com a ascensão da música eletrônica e da cultura clubber, o DJ passou a ser o termômetro da ferveção das pistas e o autor de seus hinos. Hoje, muito DJ é astro pop. Tem nome, sobrenome, codinome até. E quem é ligado em música eletrônica sabe os três.
Mas o mercado é bem concorrido e é preciso batalhar. Um DJ em início de carreira ganha de R$ 50 a R$ 300 por um set de duas horas. "A maioria só consegue tocar duas vezes por mês", alerta Fernando Moreno, 34, diretor da agência de DJs Smartbiz. Desde que fundou a agência, há três anos, Moreno percebeu que a oferta de DJs aumentou muito. "Cinco batem na porta da agência por mês procurando trabalho", diz. "Há gente nova e com talento, mas há quem tenha 15 discos, pick-ups e diga ser DJ sem nunca ter tocado."
Tudo isso depois do hype da profissão. "Por causa disso, tem muita gente hoje fazendo lixo. Hype, para mim, é fazer o que se gosta e fazer bem-feito", dispara Noise. (FERNANDA MENA)


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