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TRABALHO
Jovens usam as férias para trabalhar na promoção de produtos
Útil e agradável
Marcelo Fontes/Folha Imagem
![](../images/t0408200303.jpg) |
Jovens promotores do suco Santal em Campos |
RODRIGO GERHARDT
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Chegou a hora de voltar
para casa. Centenas de
jovens que trabalharam
como promotores de diversos produtos em Campos do Jordão descem a
serra hoje, após o encerramento da temporada de
inverno na cidade. Quem
foi teve a oportunidade de
faturar de R$ 70 a R$ 120
por dia, além dos ganhos
extras, como baladas de
graça e muita paquera.
Durante todo o mês,
Campos do Jordão recebeu jovens de 16 anos ou
mais, que trabalharam em
stands ou blitze (abordagem na rua), distribuindo
panfletos e brindes e contando sobre os novos lançamentos de chicletes, celulares, carros, cafés, sucos e barras de cereais, entre outros produtos.
"Para mim, funciona
quase como um estágio.
Estudo os vários tipos de ação promocional e ainda fico atento às novidades do mercado. A gente sempre fica conhecendo tudo antes",
diz o estudante de publicidade
Eduardo Gonçalvez, 23, que começou como promotor aos 20.
Para o estudante Alison Alves
Moreira, 22, a possibilidade de conhecer muita gente abre novas portas. "Fazemos amizade com as pessoas que abordamos na rua. Elas
vêm nos cumprimentar depois.
Muitos observam a forma como
nos expressamos e acabam nos convidando para outros trabalhos. Sem
falar da mulherada que cai em cima", conta Moreira.
A exigência para o trabalho de
promotor vai além da boa aparência. É preciso saber se comunicar
bem, ter desenvoltura com as pessoas e entender tudo sobre o produto que está representando. "Depois
da seleção da agência, fizemos um
curso de treinamento na empresa e
ainda tivemos de passar por uma
prova. Sei tudo sobre motor", diz a
estudante Renata Antonialli, promotora da Toyota. Sua missão, e a
de mais três garotas, é atrair pessoas
para fazer test-drives.
Na rua, também não pode ter vergonha. São tantas empresas querendo chamar a atenção que muitas vezes o uniforme parece uma fantasia.
"O pessoal faz brincadeiras, às vezes
ouvimos piadinha, mas sempre levamos com bom humor. Ganhamos o apelido de caça-fantasmas",
diz Paulo Antunes, 19.
Big Brother
No entanto nada é tão fácil. Todos
apontam a convivência com colegas
estranhos e a saudade como as
maiores dificuldades. É que muitos
deles, que acabaram de se conhecer,
chegaram a ficar quase dois meses
juntos, dividindo o mesmo quarto.
A operadora de telefonia
celular Vivo contratou cerca
de 50 promotores, que ficaram divididos em duas casas.
"Você acaba fazendo muitos
amigos, mas também inimigos. É preciso muito jogo de
cintura para enfrentar as situações do dia-a-dia. É fila no
banheiro e espera para o café.
Já tomei muito banho gelado
porque as meninas ligam todos os secadores de cabelo de
uma vez e a energia cai. É como um 'Big Brother'", diz
Maurício Walker, 32.
"No início, sempre rolava
um estresse na hora de comer. Ninguém queria dividir
as contas direito. Depois, entramos em um acordo", conta Artur Vicente, 25.
Além da convivência forçada, a saudade da família e as
pressões dos namorados
também são outros fatores
que levam muitos a desistir e
a voltar no meio do caminho.
"Pela carência de estar longe
dos amigos e da família, você
acaba se aproximando mais
de alguém por aqui. E todos são
muito bonitos. O meu namorado
não aceitou esse meu trabalho. Terminei com ele. Manter um relacionamento nessas condições é difícil",
conta a estudante de hotelaria Bianca Melo, 19.
Para que tudo não vire pelo avesso, todos têm de seguir normas rígidas dentro da casa. "Não é permitido trazer nenhum estranho para cá,
nem mesmo familiares. O horário
do café é determinado, e ninguém
pode dormir junto. Todos podem
sair para as baladas à noite, mas
quem se atrasar no dia seguinte volta para casa", diz o supervisor da
equipe, Antônio Luiz Amiki, que
serve de paizão de toda a turma.
Fazer promoção tornou-se uma
boa fonte de renda para quem ainda
está estudando ou ainda não arrumou um trabalho fixo. É na temporada de férias, no verão e no inverno, que a oferta é maior.
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