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São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2003

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AMY LEE Vocalista do Evanescence hipnotiza os fãs com melodrama e pose de inspiração divina

RICARDO LISBÔA
DA REPORTAGEM LOCAL

De olhos azuizinhos e pele branquinha, ela é quase um anjo, ou melhor, uma fada, como gosta de se vestir às vezes. A condição sobrenatural vem dando resultados, Amy Lee, 20, a vocalista do Evanescence, conseguiu hipnotizar mais de 3 milhões de pessoas no mundo inteiro com o lançamento de seu primeiro disco, "Fallen", neste ano.
O quê de assombroso se faz ainda mais forte sabendo-se que 2003 está se mostrando bem ruim para a indústria musical no mundo todo. A fórmula mágica do sucesso veio a partir da união de Amy com seu namorado na época, em 1997, o guitarrista Ben Moody, numa cidadezinha chamada Little Rock, no interior dos EUA, quando decidiram montar o Evanescence para escaparem do tédio. O namoro acabou, mas o trabalho ficou.
O marasmo da vida, Amy transformou em melodrama e o colocou em sua voz, que é uma coisa quase operística, bem ao estilo do death-core escandinavo, tipo Nightwish, mas com a banda tocando como o Linkin Park por trás. Num mundo justo, não seria sucesso, mas fez. Alguns críticos apontaram a razão do êxito na necessidade de as meninas buscarem referências em mulheres que sejam roqueiras sem serem muito bizarras. As mais próximas dessa posição seriam Shirley Manson e Courtney Love, que já são quase quarentonas (ver quadro).
Em algum termo, parece que os projetistas acertaram, as meninas realmente enchem os shows do Evanescence, entre elas um considerável batalhão de garotas lésbicas, que engrossam o coro dos meninos ao pedir que Amy mostre os seios em seus shows. "Estou farta das meninas que mostram os peitos. Eu me respeito. Não sou uma stripper nem vou ser, mesmo que minha banda não ande bem", desestimulou Amy, em entrevista à revista "Entertainment Weekly".
Dizendo-se influenciada pelas obras de Tori Amos e Björk (coisa que pouco se pode notar em suas músicas, como nas superestouradas "Going Under" e "Bring Me to Life"), seus primeiros fãs achavam que a maior inspiração era mesmo divina. Acontece que o Evanescence começou a fazer sucesso entre os jovens cristãos que, hoje, foram deixados meio de lado pela banda. "Somos cristãos, mas não somos uma banda de propaganda cristã. Só queremos fazer músicas que falem da nossa vida", diz Amy, no que se pode considerar uma alfinetada nos colegas do Creed, que fazem questão de se manter em cima do muro.
Seja cristã, seja personagem da mitologia, o que interessa é que Amy Lee está colocando o seu nome num lugar muito importante da música pop. Talvez por falta de competidoras melhores.


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