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ESTANTE
Se o romance ganha por pontos, o conto deve ganhar por nocaute
LUÍS AUGUSTO FISCHER
COLUNISTA DA FOLHA
O conto é um gênero moderno? Por
um lado, ele é velhíssimo. Podemos
remontar aos começos da literatura para falar dele. Há quem estabeleça a altura de 4.000 anos antes de Cristo para os
primeiros contos. Em sentido mais
preciso, porém, conto é coisa recente.
Ele ganha a cara que tem agora com
Edgar Allan Poe (1809-1849). Foi ele
quem detalhou a idéia de um texto breve, que faz tudo convergir para um desfecho poderoso. Bem depois, o argentino Julio Cortázar (1914-1984) popularizou a comparação entre a narração e o
boxe: o romance ganha por pontos,
mas o conto deve ganhar por nocaute.
Para ver tudo isso em ação, o que vale
mesmo a pena é ler grandes contos, como os 12 contos de "Boa Companhia".
Nele, 12 contistas brasileiros contemporâneos oferecem histórias que vão
do delicado ao truculento, do realismo
ao sonho. Os meus prediletos: o de
Moacyr Scliar, uma brutal história em
que meninos ricos e arrogantes matam
até o sonho de um pobre, o sensível relato de Luiz Alfredo Garcia-Roza sobre
o aprendizado da violência urbana, o
conto policial de Heloísa Seixas, com
suspense bem tramado, e a história
fantasiosa de Reinaldo Moraes, espécie
de roteiro para um filme de ação.
"Boa Companhia"
Autor: Vários
Editora: Companhia das
Letras
Contato: 0/xx/11/3707-3500
Quanto: R$ 21
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