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São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2003

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FOLHATEEN EXPLICA

Composição química garante maior absorção e ação sobre o cérebro

Pesquisa detecta nicotina que vicia mais rápido

DA REDAÇÃO

Um estudo realizado nos EUA sugere que algumas marcas de cigarro contêm uma espécie de "supernicotina", com capacidade de ser absorvida muito mais rápido pelos pulmões e de ser conduzida pela corrente sanguínea até o cérebro. Ao agir mais rápido sobre o sistema nervoso central, esse composto viciaria de forma mais imediata.
Pesquisadores da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, liderados pelo químico James Pankow, analisaram 11 marcas de cigarro disponíveis nos EUA para detectar uma forma específica de nicotina.
Os níveis de ácido da nicotina determinam a rapidez com que ela é absorvida. Por ser muito menos ácida do que outras formas do alcalóide, a nicotina "base livre" chega ao cérebro mais rapidamente.
Pankow explica que "quando se fuma, somente a forma "base livre" evapora-se e é facilmente conduzida pelo ar através do sistema respiratório. Sob a forma gasosa, a nicotina infiltra-se rapidamente nos pulmões e daí é conduzida rapidamente ao cérebro".
Estudos já realizados antes mediram os níveis de ácidos na fumaça de cigarros como modo de detectar indiretamente a presença de nicotina "base livre".
Já o novo estudo foi o primeiro a medir diretamente a presença da variante do alcalóide nos cigarros. A importância disso, ressalta Neal Benowitz, especialista no vício em nicotina, "é que há suspeitas de que os cigarros são produzidos de modo a aumentar a presença neles da nicotina "base livre"."
Em sua forma "base livre", a nicotina ocorre naturalmente (não é resultado de manipulação industrial), mas algumas variedades de tabaco podem conter essa forma de modo mais intenso que outras.
O estudo reforça suspeitas de que os fabricantes de cigarros misturam variedades de tabaco para manipular a potência da nicotina e aumentar as vendas. Representantes da indústria se defenderam alegando que misturam tabaco apenas para melhorar o sabor, não para aumentar a potência da nicotina.

Comparações
No estudo, os pesquisadores tomaram por base um "cigarro de laboratório" contendo 1% de nicotina "base livre". Na comparação com marcas disponíveis no mercado, descobriu-se que o popular Marlboro contém 9,6% a mais da "supernicotina". Já o Camel contém 2,7% a mais da substância, enquanto os níveis dela nos Gauloises Blondes variam de 5,7% a 7,5% acima do padrão adotado na pesquisa.


Com agências internacionais


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