São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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ESPORTE

Medalha do Brasil nas Olimpíadas faz futebol feminino virar verdadeira mania nas escolas

Meninas com a bola toda

ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

Você não pensa mais que futebol é coisa só para meninos, não é verdade? A novidade agora é que a medalha de prata conquistada pelas jogadoras brasileiras nas Olimpíadas está ajudando a transformar o esporte em verdadeira mania entre as adolescentes. Pouco mais de um mês depois dos Jogos de Atenas, o futebol vem sendo cada vez mais requisitado por estudantes durante as aulas de educação física das escolas.
"O futebol virou assunto das meninas que jogam e das que não jogam também", diz a professora de educação física do Colégio Visconde de Porto Seguro Mariangela Roschel, 43. Segundo ela, a procura neste ano pelo esporte foi muito maior que nos anos anteriores.
Já o chefe da seção técnica de futebol feminino do Centro Olímpico da prefeitura, Antônio Sérgio Barcellos, contou que a procura pelos cursos de futebol da escola aumentou 40% no último mês, ficando em uma média de 25 interessadas por semana. Disse ainda que cerca de 90% das meninas que treinam no centro querem jogar profissionalmente.
O Folhateen conversou com algumas dessas jovens jogadoras e viu que as meninas estão ficando mesmo boas de bola. Algumas têm vontade de continuar jogando quando acabarem a escola, até mesmo profissionalmente.
Em "início de carreira", a jogadora Juliana Lopes Roberto, 11, começou a treinar pra valer neste ano como lateral do Colégio Magister. A garota diz que é uma goleadora, mas não sabe se quer jogar profissionalmente. "Se o Brasil tiver um bom time no futuro, eu posso até me tornar profissional", conta ela, que escolheu o ofício de veterinária como plano B.
Ana Carolina dos Santos Leal, 12, zagueira do time de Juliana, também não tem certeza se o futebol faz parte de seus planos para o futuro. O certo é que hoje, para ela, o esporte é assunto sério. Ana joga futebol duas vezes por semana durante uma hora e meia na escola. Depois, ainda enfrenta partidas no condomínio e ainda cursa uma escolinha. Para ela, é preciso "treinar sempre e ficar muito de olho no jogo e na bola".

Bola toda
A estudante do 3º ano do Mackenzie Luana Miessa, 17, foi precoce no futebol. Aprendeu a jogar aos 6 e, aos 12, já era profissional. Hoje, joga futsal pela escola e, desde 2002, integra a seleção sub-19 de campo do Uni Sant'anna.
Assim como Luana, a zagueira titular do time do Colégio São Luís, Laís Libanori, 17, também joga desde cedo. Na escola, Laís treina há três anos com o mesmo time. O entrosamento é tão grande que as jogadoras pensam em manter a equipe depois que terminarem a escola. "Somos muito unidas. É uma relação forte, não só de jogo, mas de amizade", explica. Para a menina, o futebol feminino tem características particulares: "Acho que as meninas tem um jeito próprio, são mais sossegadas."
Pivô do mesmo time, Carla Nicolau Mattar, 17, cita o respeito como outra característica do esporte. Para Mariangela Roschel, as diferenças existem, mas as meninas ainda têm que jogar mais para que seja desenvolvida uma "cultura própria".


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