São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2010

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Ficção com tutano

CASSANDRA CLARE FALA DOS OSSOS DO OFÍCIO DO ESCRITOR DE FANTASIA

DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

Coloque caçadores de sombras, feiticeiros e anjos dentro de um cálice mágico e misture. Leve ao forno. Mas, antes de servir, não se esqueça da cobertura: incesto, pedofilia e homossexualidade.
O best-seller "Cidade dos Ossos", de uma trilogia sobre as aventuras de uma jovem num mundo cheio de demônios, está no limite entre o clichê e a controvérsia.
O livro chegou a ser removido da lista de escolas dos EUA por conter um romance gay. Para a autora Cassandra Clare, 37, polêmica não ajuda a vender exemplares.
Leia trechos da entrevista exclusiva ao Folhateen.

 

Folha - "Crepúsculo" é construído em cima de um personagem masculino, Edward. É o mesmo para seu livro?
Cassandra Clare -
Quando criei Jace, eu tinha em mente o tipo de personagem pelo qual eu me apaixonaria quando era adolescente. Ele é grande parte da razão pela qual meninas leem o livro.

Que técnicas você usa para criar personagens?
Tenho um caderno com centenas de questões, como "Qual é a comida favorita deles?". Também penso em situações e me pergunto: "O que eles fariam?".

Seu livro fala de incesto e do romance entre garotos...
Surpreendentemente, a relação gay me causou mais problemas do que o incesto. Recebi poucos e-mails sobre o romance entre irmão e irmã, mas o entre homens fez o livro ser retirado das listas de leitura de algumas escolas.

Essas questões delicadas são uma maneira de escapar dos clichês do gênero?
Eu incluí personagens gays porque acredito que a ficção deve refletir o mundo real, e eles existem nele.

Ajudou a promover o livro?
Absolutamente, não. É um mito a ideia de que polêmicas ajudam a vender.

Você diria que "Harry Potter" colocou obstáculos ao gênero da fantasia, já que tudo é comparado à série?
Acho que hoje tudo é comparado a "Crepúsculo", que foi bem mais importante para minha carreira.

O gênero da fantasia foi esgotado por livros como "Harry Potter", "A Bússola Dourada" e "Crepúsculo"?
Não! Não acredito que seja possível exaurir um gênero.

Reinventar mitologias foi um ingrediente para o sucesso?
Acho que as pessoas gostam dos livros porque não falo de uma criatura específica, mas criei um pano de fundo que une diversas delas.


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