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ESTANTE
Um poeta quase surreal fica escondido nos manuais escolares
Nossa formação de leitores de
poesia percorre as terras com
palmeiras em que canta um sabiá,
as saudades de uma infância querida que os anos não trazem mais,
passa por um "ora, direis, ouvir estrelas" e chega ao século 20 com as
gritarias modernistas e com os
grandes como Drummond.
Assim é a nossa formação porque
assim é a poesia brasileira. E é legal
que a gente conviva com esses poemas, porque eles são a nossa cara.
Mas também vale a pena ler os
poetas menos consagrados, os que
ficaram pelo caminho ou que ganham lugar secundário nos manuais escolares de literatura. É o caso do genial Joaquim de Sousa Andrade (1833-1902), maranhense que
resolveu fazer uma crase em seu nome e assinar Sousândrade. É um
poeta bem mais difícil que seus contemporâneos românticos e parnasianos, muito mais exigente e sofisticado e muito bom. Em sua poesia
de tema amoroso, nunca é óbvio, e,
de vez em quando, parece um poeta
surrealista. E em sua obra mais conhecida, "O Guesa", a invenção
acompanha cada linha escrita.
O bom é que agorinha mesmo foi
relançada uma reunião de sua obra,
competentemente organizada e comentada por Augusto e Haroldo de
Campos, os notáveis tradutores e
poetas concretistas, acostumados à
poesia ousada. É um livro grande e
talvez assustador para o leitor não
acostumado, mas é daqueles que
vale a pena ter por perto para aprender e divertir o espírito.
"Re-visão de Sousândrade"
Autor: Augusto e Haroldo de
Campos (org.)
Editora: Perspectiva (tel. 0/
xx/11/3885-8388)
Quanto: R$ 60
Eu leio
Alex Dias, bailarino
"O Livro do Desassossego",
Fernando Pessoa
"Questionamentos, visões, inseguranças e pequenas certezas
que nos mostram que não estamos sozinhos no mundo."
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