São Paulo, segunda-feira, 04 de novembro de 2002

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ESTANTE

Um poeta quase surreal fica escondido nos manuais escolares

Nossa formação de leitores de poesia percorre as terras com palmeiras em que canta um sabiá, as saudades de uma infância querida que os anos não trazem mais, passa por um "ora, direis, ouvir estrelas" e chega ao século 20 com as gritarias modernistas e com os grandes como Drummond.
Assim é a nossa formação porque assim é a poesia brasileira. E é legal que a gente conviva com esses poemas, porque eles são a nossa cara.
Mas também vale a pena ler os poetas menos consagrados, os que ficaram pelo caminho ou que ganham lugar secundário nos manuais escolares de literatura. É o caso do genial Joaquim de Sousa Andrade (1833-1902), maranhense que resolveu fazer uma crase em seu nome e assinar Sousândrade. É um poeta bem mais difícil que seus contemporâneos românticos e parnasianos, muito mais exigente e sofisticado e muito bom. Em sua poesia de tema amoroso, nunca é óbvio, e, de vez em quando, parece um poeta surrealista. E em sua obra mais conhecida, "O Guesa", a invenção acompanha cada linha escrita.
O bom é que agorinha mesmo foi relançada uma reunião de sua obra, competentemente organizada e comentada por Augusto e Haroldo de Campos, os notáveis tradutores e poetas concretistas, acostumados à poesia ousada. É um livro grande e talvez assustador para o leitor não acostumado, mas é daqueles que vale a pena ter por perto para aprender e divertir o espírito.

"Re-visão de Sousândrade"

Autor: Augusto e Haroldo de Campos (org.)
Editora: Perspectiva (tel. 0/ xx/11/3885-8388)
Quanto: R$ 60

Eu leio

Alex Dias, bailarino
"O Livro do Desassossego",
Fernando Pessoa

"Questionamentos, visões, inseguranças e pequenas certezas que nos mostram que não estamos sozinhos no mundo."



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