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Baixar música, bater papo e estudar, tudo ao mesmo tempo, será que isso é bom?
Cabeça a mil
LEANDRO FORTINO
ALESSANDRA KORMANN
DA REPORTAGEM LOCAL
Enviar e receber e-mails, fazer pesquisas
de colégio ou faculdade, participar de
chats, visitar páginas de notícias, humor
e astrologia, baixar músicas, vídeos e games, conversar com amigos em programas de mensagens instantâneas e, ufa,
ainda visitar ou atualizar os próprios
blogs e fotologs. Tudo em uma tarde,
quase ao mesmo tempo e com a TV ou o
som ligado e o telefone celular tocando. E
sobra tempo até para praticar esportes
ou fazer curso de inglês. Fala sério!
É essa a rotina que muitos jovens entre
12 e 19 anos têm logo após chegarem das
aulas. Por volta de 13h, eles vão direto para seus quartos, ligam seus computadores e se conectam à internet.
Muitos podem pensar em vício, mas a
prática não é necessariamente ruim. De
acordo com especialistas no uso de tecnologias na educação ouvidos pelo Folhateen (leia à pág. 8), o computador "liberta" o cérebro para que ele funcione
como deveria, ou seja, em rede. Assim, a
máquina pode aproveitar uma capacidade natural dos jovens de desempenhar
várias tarefas.
Além disso, o ambiente da rede, com
janelas que se abrem simultaneamente,
obedecem à curiosidade de quem está na
frente da tela e clica em links de acordo
com a vontade na hora.
Muita informação ao mesmo tempo?
Não para essa galera. Luiza Fermann
Terpins, 14, estudante da 8ª série, chega
em casa por volta de 13h, almoça, liga seu
computador e sintoniza a TV na MTV.
Então, ela se conecta ao programa de
mensagens MSN e, depois, aciona o programa de troca de downloads Kazaa para
começar a baixar músicas dos Beatles e
de bandas como CPM 22 e Skank.
Parte então para seus deveres de casa.
Para fazer, por exemplo, um trabalho sobre os 40 anos do golpe militar de 1964,
ela usou o site de busca Google. Responsabilidade feita, ela vai atualizar o seu
blog (leia ao lado), visitar sites ou ver como andam os blogs de seus amigos.
Já são 18h e quase todo mundo se prepara para entrar no MSN ou no ICQ, outro programa de mensagens. Várias conversas rolam, e o papo vai até 22h ou 23h,
quando Luiza, enfim, vai dormir, para
recomeçar, no dia seguinte, às 6h.
"Chega a dar preguiça de sair da internet. Fora que às vezes perco até o sono.
Por isso tenho de me policiar, senão eu
viro a madrugada. Quando é dia de semana, minha mãe fica no pé e pede para
eu sair, mas, nas férias, ela me deixa
aproveitar", conta Luiza.
Há quem não consiga se organizar.
Marília Coura Netto, 13, estudante da 7ª
série, fica no computador das 13h às 22h.
Assim como Luiza, ela fica no MSN e no
ICQ, tem dois blogs e fica com a TV ou o
rádio ligado. Mas ela se perde um pouco
no meio de tantas coisas simultâneas.
"Quando baixo músicas, fico sempre
olhando para ver se já terminou. Quando
mando uma mensagem para algum amigo, fico esperando a resposta. Chego a
deixar sete janelas abertas ao mesmo
tempo, acabo me perdendo um pouco e,
muitas vezes, mando mensagens para as
pessoas erradas", conta Marília.
Diferentemente, Caio Camerino, 14
anos, estudante da 8ª série, acha que é
bom fazer muitas coisas ao mesmo tempo, "senão fica monótono". "Tenho
bons reflexos e agilidade na troca de janelas. Só às vezes mando mensagem errada no MSN, mas peço desculpas depois. É normal isso acontecer."
Para a mãe dele, Miriam Albagli de Almeida, o termômetro são as notas na escola. "Se continuarem boas, ele pode
continuar na internet. Além disso, ele
gosta de ler livros e não fica fazendo uma
única coisa no computador. Não é vício."
Uma mesinha ao lado do computador
no quarto do irmão serve de lugar para
estudar e até almoçar, no caso da estudante de fonoaudiologia Mayara da Roz
Barneschi, 17. "Quando estudo no meu
quarto fico desesperada: "Será que tem
alguma mensagem?'", conta.
Mayara afirma que sempre faz um roteirinho para não se perder entre os estudos e a internet. "Depois de estudar, começo a baixar músicas, entro no ICQ e
no MSN, atualizo meu blog, vejo o horóscopo, jogo um pouco de games e vejo
as notícias", entrega Mayara.
Felipe Nuno, 18, que faz curso para se
tornar ator, já se perdeu na rede quando
estava no colégio. "Já cheguei a deixar de
estudar para provas. Resolvi fechar meu
fotolog, porque me viciei. Não conseguia
administrar meu tempo", conta Felipe,
que voltou a ativar seu fotolog recentemente. "Não sei ainda se consegui mesmo me organizar. Estudo muito teatro,
que é o que quero desde criança. A internet me ajuda nas pesquisas sobre o assunto", explica.
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