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ATENAS TEEN
Alessandra Picagevicz, 20, será a primeira brasileira na marcha atlética nos Jogos; ela estreou neste ano em competições com adultos, em provas de 20 km em vez dos 10 km dos juvenis
Jogo de cintura
RODOLFO LUCENA
EDITOR DE INFORMÁTICA
2004 está virando a vida de Alessandra.
Ela começou o ano em cidade nova,
sem a família, morando sozinha, trocando de time, mudando de treinador. Saiu
do mundo da garotada, agora enfrenta
adultos correndo o dobro da distância que
já dominava. E será a primeira brasileira a
participar dos Jogos na sua modalidade.
Alessandra Picagevicz, 20, é uma marchadora, disputa aquela prova que parece
uma corrida com rebolado ou uma caminhada rápida, mas cheia de veneno. Mesmo assim, quando treina nas ruas de Blumenau (SC), não ouve piadinhas: a cidade
sabe o que a garota está fazendo.
Não é para menos: há mais de 15 anos a
região tem um representante em seleções
brasileiras. Talvez por isso, já no primeiro
grau, os professores de educação física ensinam os fundamentos da marcha -estar
sempre com um pé no chão é um deles- e
ficam de olho em quem se destaca.
E foi assim que Alessandra despertou para a marcha. Com 14 anos, começou a competir pela Fundação Municipal de Esportes
de Timbó, município próximo a Blumenau. No ano seguinte, veio a primeira vitória nacional, derrotando competidoras
mais velhas e mais experientes.
Parece que ela gosta de desafiar os mais
fortes. Apesar dos seis títulos sul-americanos nas categorias menor e juvenil e de um
ouro no Pan juvenil, diz que a medalha
mais gostosa veio neste ano, no Sul-Americano no Chile. É o primeiro ano em que a
menina compete entre os adultos, correndo agora 20 km, não mais os 10 km dos juvenis. Conquistou o segundo lugar e fez pela primeira vez o índice para Atenas.
Quem faz o índice B, como Alessandra,
precisa confirmar a performance em outra
prova para carimbar o passaporte para os
Jogos. No Campeonato Catarinense, em
Itajaí, levou o ouro e baixou sua marca em
seis segundos: estava em Atenas.
"Acho que vai ser tudo demais, o fato de
ser em Atenas, na Grécia, onde começou.
Todos os momentos vão ser mágicos."
Antes dessa magia, ela tem ainda muito
treino pela frente. Seis dias por semana,
duas vezes por dia, horas de musculação e
treinos em pista e nas ruas. Cortou até os
estudos -é aluna de educação física em
Blumenau-, que vão ficar para depois dos
Jogos. No descanso, nada de balada. Vai
para Timbó, ficar com a família, com o namorado, ele também marchador de passaporte carimbado para Atenas.
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