São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2004

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ATENAS TEEN

Alessandra Picagevicz, 20, será a primeira brasileira na marcha atlética nos Jogos; ela estreou neste ano em competições com adultos, em provas de 20 km em vez dos 10 km dos juvenis

Jogo de cintura

RODOLFO LUCENA
EDITOR DE INFORMÁTICA

2004 está virando a vida de Alessandra. Ela começou o ano em cidade nova, sem a família, morando sozinha, trocando de time, mudando de treinador. Saiu do mundo da garotada, agora enfrenta adultos correndo o dobro da distância que já dominava. E será a primeira brasileira a participar dos Jogos na sua modalidade.
Alessandra Picagevicz, 20, é uma marchadora, disputa aquela prova que parece uma corrida com rebolado ou uma caminhada rápida, mas cheia de veneno. Mesmo assim, quando treina nas ruas de Blumenau (SC), não ouve piadinhas: a cidade sabe o que a garota está fazendo.
Não é para menos: há mais de 15 anos a região tem um representante em seleções brasileiras. Talvez por isso, já no primeiro grau, os professores de educação física ensinam os fundamentos da marcha -estar sempre com um pé no chão é um deles- e ficam de olho em quem se destaca.
E foi assim que Alessandra despertou para a marcha. Com 14 anos, começou a competir pela Fundação Municipal de Esportes de Timbó, município próximo a Blumenau. No ano seguinte, veio a primeira vitória nacional, derrotando competidoras mais velhas e mais experientes.
Parece que ela gosta de desafiar os mais fortes. Apesar dos seis títulos sul-americanos nas categorias menor e juvenil e de um ouro no Pan juvenil, diz que a medalha mais gostosa veio neste ano, no Sul-Americano no Chile. É o primeiro ano em que a menina compete entre os adultos, correndo agora 20 km, não mais os 10 km dos juvenis. Conquistou o segundo lugar e fez pela primeira vez o índice para Atenas.
Quem faz o índice B, como Alessandra, precisa confirmar a performance em outra prova para carimbar o passaporte para os Jogos. No Campeonato Catarinense, em Itajaí, levou o ouro e baixou sua marca em seis segundos: estava em Atenas.
"Acho que vai ser tudo demais, o fato de ser em Atenas, na Grécia, onde começou. Todos os momentos vão ser mágicos."
Antes dessa magia, ela tem ainda muito treino pela frente. Seis dias por semana, duas vezes por dia, horas de musculação e treinos em pista e nas ruas. Cortou até os estudos -é aluna de educação física em Blumenau-, que vão ficar para depois dos Jogos. No descanso, nada de balada. Vai para Timbó, ficar com a família, com o namorado, ele também marchador de passaporte carimbado para Atenas.


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