VI UM FILMAÇO outro dia em Los Angeles: "I am Love" ("Io Sono l'Amore"), de Luca Guadagnino.
"Io Sono l'Amore" poderia se chamar, simplesmente, Tilda Swinton. Ela é a alma do filme. Maravilhosamente fotografada, vestida com roupas Jil Sander deslumbrantes. Faz o papel de Emma Rechi, uma russa que vive na altíssima aristocracia industrial de Milão.
O sogro fundou uma tecelagem. Fez fortuna na época do fascismo e se manteve biliardário.
Na primeira cena forte, o velho convoca um almoço de família, numa gigantesca propriedade, para anunciar a aposentadoria.
Deixa o comando para um dos filhos (marido de Tilda) e para um dos netos (filho dela). Mas o neto quer mesmo é abrir um restaurante com um amigo.
Tilda fica louca por esse amigo. Acontece uma tragédia que resvala no melodrama -afinal, o filme é italiano. Não posso contar.
Guadagnino filma em tensão permanente. Muitas vezes, deixa a câmera no cômodo ao lado de onde a ação se passa. Não há nada em quadro. Só a edição de áudio, precisa, transmite à plateia o que acontece.
Emma é a comandante suprema da propriedade dos Rechi. A logística insana que mantém o palácio funcionando tem muito destaque no filme.
No almoço em que o patriarca anuncia a aposentadoria, por exemplo, a câmera fica atrás dos criados, que trafegam servindo comida e bebida. A edição de áudio destaca o ruído do vinho despejado nas taças. O resultado é exasperante.
Diante da câmera de Guadagnino, a inglesa Tilda Swinton flutua. Aos 50 anos, está no auge da beleza. Fala italiano com leve sotaque russo. Quem conhece as línguas diz que está perfeita.
Quando passar no Brasil, não perca esse filme.