São Paulo, segunda-feira, 05 de outubro de 2009

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INTERNETS

Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com

Encontrando ídolos

Adoro os textos da Mayra Dias Gomes, vizinha aqui de caderno, especialmente quando ela descreve encontros com ídolos. Algo parecido aconteceu comigo na semana passada. Encontrei o economista Amartya Sen, que é ganhador do Prêmio Nobel de Economia. Entre outras coisas, é um dos maiores pensadores sobre a questão da fome, até porque presenciou a morte de 3 milhões de famintos em Bangladesh, quando criança. Impressiona as pessoas pedindo para tirar fotos com ele -como se fosse um rockstar, com aura diferente.
A razão do encontro foi pensar o impacto da tecnologia para países em desenvolvimento. Afinal, como computadores, celulares e internet podem ajudar a melhorar a vida das pessoas? E o brilhantismo de Amartya se revela em frases simples como: "A importância de usar a tecnologia para o desenvolvimento é que coisas inesperadas acontecem".
É verdade. Grandes mudanças tecnológicas geralmente acontecem de maneira não planejada. Por exemplo, foi a partir do Kazaa, rede de compartilhamento de arquivos, que surgiu o Skype. Os mesmos executivos de gravadoras contrários ao Kazaa hoje provavelmente usam felizes o Skype para conversar com suas matrizes na Europa e nos EUA.
Na África, com a difusão dos celulares, surgiram serviços de transferência de dinheiro por SMS, como o M-Pesa ("pesa" significa dinheiro em swahili). O serviço é usado em países como o Quênia e a Tanzânia, mudando a vida de muita gente.
Para que isso aconteça é preciso que a tecnologia permaneça aberta para a inovação. Fico preocupado quando vejo decisões da Justiça no Brasil condenando softwares (como o K-Lite Nitro) pelos usos que as pessoas fazem dele, como aconteceu no Paraná. Ou quando vejo projetos de lei que tornam ilegal a possibilidade de as pessoas reinventarem as tecnologias que usam.
Assim a inovação não acontece. E o Brasil fica parado como consumidor, e não protagonista do inesperado.

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