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Rebeldia indomável
Combustível para o fogo
Associated Press - 17.jul.2001
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Cartaz em alojamento de manifestantes antiglobalização no encontro do G-8 em Gênova: "Bem-vindos, desobedientes" |
Novos livros alimentam as idéias de resistência ao capitalismo globalizado
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GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL
A idéia de rebeldia como alimento para
a manifestação política e cultural ganha um novo fermento no Brasil com o
lançamento de quatro livros que inauguram a coleção "Baderna", da Conrad.
Os livros são "TAZ - Zona Autônoma
Temporária", de Hakim Bey, "Distúrbio
Eletrônico", do Critical Art Ensemble,
"Provos - Amsterdã e o Nascimento da
Contracultura", de Matteo Guarnaccia e
"Guerrilha Psíquica", de Luther Blissett.
A idéia da coleção é fazer barulho e iniciar discussões. "Muitos jovens estão fora da vida partidária, mas praticam ações
políticas. Gostaria que esses livros ajudassem a desenvolver uma discussão e
que atingissem menos o consumidor e
mais o transformador", diz o editor da
coleção, Rogério de Campos, 39.
Segundo Rogério, a coleção foi sugerida pelo grupo de internautas Baderna,
depois de a Conrad ter publicado o livro
"Assalto à Cultura", de Stewart Home.
De acordo com um dos documentos
do grupo, eles resolveram adotar o nome
da lendária bailarina Baderna, que agitou o Rio de Janeiro, para modificar o
uso que vinha sendo feito desse nome.
"Foram tantos os canalhas definindo como baderna algumas das coisas mais bacanas que têm acontecido nestes tempos,
que acabamos tomando afeto pela palavra", diz a "Resolução nš 3" do grupo.
No mesmo documento, eles definem o
objetivo da coleção. "Publicar livros que
forneçam idéias divertidas (e, portanto,
mais eficientes) para:
1 - destruir o Império;
2 - quebrar o modo de produção capitalista;
3 - esmagar os fascistas (assumidos ou
não);
4 - atazanar a social-democracia (assassinos!);
5 - fantasmagorar as noites dos liberais
ex-stalinistas (nada mais stalinista que
um liberal ex-stalinista);
6 - escandalizar a classe média (porque
sempre é hora de diversão);
7 - e fazer rir a macacada (na qual nos
incluímos)."
A escolha dos títulos reflete essas premissas. "TAZ - Zona Autônoma Temporária" é um texto do enigmático Hakim
Bey, do qual não há nenhuma fotografia,
apenas um monte de histórias fantasiosas sobre sua origem e atividades.
O texto pode ser encontrado com frequência na internet, mas só agora foi traduzido para o português. "TAZ" formula
um conceito de rede descentralizada por
meio da qual é possível fazer insurreições
(psicológicas, políticas, de atitude) em
espaços fora do tempo tradicional, que o
acabam subvertendo. O computador e a
internet facilitam a criação dessas "realidades paralelas", mas elas podem ser
criadas também fora do mundo virtual.
O grupo multidisciplinar de cinco artistas/ativistas Critical Art Ensemble usa
o conceito da TAZ para desenvolver as
estratégias de resistência que traçam no
livro "Distúrbio Eletrônico". Por meio
da crítica e do entendimento do que eles
chamam de "poder nômade" (poder que
transcende as fronteiras dos conceitos de
Estado e nação), eles lançam os fundamentos de uma batalha, no ciberespaço,
contra o poder estabelecido.
Outro livro que faz um apanhado de
textos diferentes, claramente escritos por
pessoas diversas, é "Guerrilha Psíquica",
de Luther Blissett.
Luther Blissett ele mesmo é uma ficção
-o primeiro experimento de clonagem
humana bem-sucedido. Em meados dos
anos 90, na Itália, foi lançado um convite
para que todos fossem Luther Blissett. A
idéia pegou, e começou a surgir uma série de Blissetts, às vezes simultaneamente. Muitos se dedicam a plantar notícias
falsas na imprensa e houve até um que
escreveu um romance: "Q".
O quarto livro é mais histórico, mas
não menos importante. "Provos - Amsterdã e o Nascimento da Contracultura"
tira o nascimento da contracultura dos
EUA e o coloca na mão dos anarquistas
do Provos, grupo ativo nos anos 60, que
fazia da provocação e do pacifismo os
seus motes. Entre algumas das idéias deles que ganharam as ruas está a implantação das bicicletas brancas -bicicletas
comunitárias que poderiam ser usadas
por todos para combater a poluição.
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