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MEIA-ENTRADA QUASE INTEIRA
Desconto da meia-entrada desaparece com a prática dos preços promocionais
Metade de araque
Flávio Florido/Folha Imagem
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O estudante Marcelo Caixeta, 17, que comprou ingresso para o show do INXS por R$ 45; o preço promocional é R$ 55 |
GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL
O show da banda inglesa Charlatans, no
Olympia, há duas semanas, deixou
claro que a estratégia de algumas das
maiores casas de espetáculos de São Paulo para a cobrança da meia-entrada é
uma grande furada.
O preço do ingresso foi fixado em R$
70. A meia-entrada, portanto, custava R$
35. E quem comprava os ingressos antecipadamente pagava um preço promocional de R$ 40. Mas os estudantes não
tinham direito ao desconto sobre esse
preço, mesmo comprando com antecedência. No fim das contas, o desconto
para estudantes era de apenas R$ 10, e o
resultado foi um Olympia quase vazio
para um dos melhores shows do ano.
Esse esquema para fazer com que os
estudantes não consigam o desconto a
que têm direito não é novo. A estratégia
de cobrar preços promocionais tornou-se frequente desde outubro do ano passado em casas como o Olympia, o Via
Funchal, o Credicard Hall e o DirecTV
Music Hall.
Para o presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Felipe Maia, 24,
essa prática decorre da medida provisória baixada pelo governo em agosto de
2001, que, segundo ele, desorganizou o
direito à meia-entrada ao permitir que
qualquer escola pudesse emitir a carteirinha de estudante.
"Antes dessa medida provisória, conseguíamos fiscalizar melhor as casas.
Mesmo assim, estamos acompanhando
esses casos e temos buscado fazer denúncias ao Procon e à Secretaria de Direito Econômico", diz.
Segundo o advogado do Olympia, do
Credicard Hall e do DirecTV Music Hall
Marcelo Saraiva, 42, as promoções geram benefícios como a satisfação do
cliente e a manutenção do preço médio
dos ingressos.
Saraiva também disse que, no ano passado, as três casas tiveram uma média de
ocupação de 68%, sendo 30% desse público formado por estudantes.
Sabendo disso, é fácil imaginar o quanto esses 30% de jovens ficam satisfeitos
ao saber que não pagam, na prática, a
metade do valor do ingresso.
O estudante André Marques Gilberto,
24, percebeu o esquema pela primeira
vez no show do Charlatans e já viu que
ele se repetirá nas apresentações do Echo
& The Bunnymen e do INXS. "Esse tipo
de prática inviabiliza ao estudante a
compra de ingressos", diz.
Marcelo Caixeta, 17, que comprou ingresso para o INXS, também acha o preço da meia-entrada abusivo. Mas, para
ele, o pior é não conseguir comprar entradas apenas apresentando a carteira de
identidade, como está previsto na medida provisória de agosto.
Outro lado
O advogado Marcelo Saraiva afirmou
que "não existe previsão legal que obrigue as casas de espetáculos a conceder
meia-entrada sobre os preços promocionais aos estudantes e que elas continuarão fazendo promoções e atendendo rigorosamente os termos da legislação pertinente". Procurado ao longo de quatro
dias na semana passada, o Via Funchal
não se pronunciou sobre a questão.
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