São Paulo, segunda-feira, 06 de setembro de 2004

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SEXO E SAÚDE

Camisinha: ela está perto de você?

JAIRO BOUER

Você encontra camisinhas à sua disposição quando precisa? Sempre tem dinheiro para comprar preservativos? Essas duas perguntas, que parecem meio óbvias, são pontos importantes para a gente tentar entender por que o jovem usa menos camisinha do que deveria.
Lógico que a falha no uso da camisinha tem outras explicações, além da proximidade do local de venda ou distribuição e do seu custo. Falta de informação e questões emocionais pesam muito. Mas, em um país como o Brasil, em que parte importante da população jovem luta para arrumar emprego e pagar as contas mais básicas, o preço da proteção pode ser um grande obstáculo.
O fato de a maior parte da venda de camisinhas acontecer em farmácias e supermercados também pode inibir o acesso do jovem ao preservativo. Tem gente que ainda morre de vergonha de entrar em um ponto-de-venda desse tipo para comprar camisinha. E mais: muitas vezes, esses locais estão fechados à noite, quando os namoros "esquentam" e a camisinha pode ser uma urgência.
Lógico que as pessoas deveriam ser prevenidas e andar com camisinha na bolsa ou na carteira. Mas você já parou para pensar o quanto a moçada é atrapalhada quando se fala em planejamento? E o quanto se esquece carteira, celular, chave e, é lógico, camisinha, na hora da pressa de sair para a balada?
Talvez o melhor fosse a distribuição mais farta de camisinhas em pontos como clubes, bares, boates e outras casas do ramo. Máquinas que vendem preservativos (como as que vendem refrigerantes e salgadinhos) poderiam ser uma alternativa.
Além disso, será que cada vez mais as camisinhas não deveriam ser distribuídas nas próprias escolas e faculdades, dentro de um projeto mais amplo de discussão de sexualidade e prevenção?
Recentemente, passei algumas semanas na Escola Internacional de Cinema e TV de Cuba, a uma hora de Havana. Lá, camisinhas ficavam disponíveis o tempo todo para que os alunos pudessem utilizar caso fosse necessário. E estamos falando de um país pobre como Cuba, mas muito focado na questão da saúde e da prevenção.
Também mais postos de saúde, com um enfoque em projetos para jovens, poderiam garantir uma cota mensal e gratuita de preservativos para a moçada. Todas essas medidas já acontecem, em pequena escala. Que tal ampliar aquelas que estão dando certo? O que você acha?

Boa nova!
Uma notícia recente foi muito bem-vinda. No próximo ano, vai ser inaugurada uma fábrica nacional de camisinhas em Xapuri, no Acre, que deve contribuir para baixar custos e aumentar a oferta.


Jairo Bouer, 38, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br


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