São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2011

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JOVENS PEREGRINOS

ARTISTAS PROMISSORES VIAJAM PARA ANGOULÊME, UMA ESPÉCIE DE MECA DOS QUADRINISTAS QUE QUEREM DESENHAR PARA A FRANÇA

DO ENVIADO ESPECIAL A ANGOULÊME (FRANÇA)

A italiana Marina Castelvetro, 22, corre até as amigas com lágrimas nos olhos, segurando um cartãozinho nas mãos. E fica quieta.
"Fala logo!", elas imploram. Então, ela solta: "Consegui um contrato com a Soleil!". Começam os gritinhos.
Marina é um dos jovens sortudos que, ao peregrinar para a feira de Angoulême, consegue voltar para a casa com seu próprio Santo Graal: um trabalho para o concorrido mercado franco-belga.
No caso da garota, o contrato é para desenhar para a editora Soleil, importante por ali. Ela ainda não sabe quanto vai receber, mas não parece preocupada com isso.
"Nunca imaginei que isso aconteceria comigo!", grita.
Marina seguiu o procedimento padrão dos jovens que querem desenhar para editoras do mercado francês.
Ela levou seu portifólio até o evento e encarou filas de até uma hora para falar por dez minutos com um editor.
Arranjar trabalho é a esperança de muitos, mas é também um acontecimento raro.
"O editor disse que desenho bem", conta a italiana Carlotta Bruschi, 22. A conversa ficou só no elogio e tchau. Já Eleonora Tofani, 22, veio com as amigas conhecer a feira e preparar-se para o ano que vem.
A aventura envolveu 20 horas de ônibus de Florença (Itália) até o oeste francês.
"Você precisa vir para Angoulême se realmente quiser desenhar para a França", afirma. "O mercado na Itália é muito, muito ruim."
Xiao Tchang, 23, diz o mesmo da Suíça, onde vive. "Nunca ouvi falar de HQs suíças! Para trabalhar, precisamos ir para outros países. E a indústria está na França."
Foram dez horas de trem para Tchang, e ele voltou apenas com o conselho de prestar mais atenção ao tamanho dos quadrinhos.
"Mostrar desenhos durante o evento é um caminho", palpita o veterano Yoann, 39, que desenha a revista "Spirou", um clássico francês. "Mas é sempre uma luta!"
Para Olivier Perrard, diretor da Dupuis (uma das maiores editoras europeias), não existe preferência por nenhuma nacionalidade na hora de escolher os artistas.
"Optamos pela qualidade. Brasileiros têm tanta chance quanto franceses." (DB)


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